sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Inteligência emocional, pró atividade e outras considerações


Afonso Vieira

Há algum tempo, em uma viagem a Cuiabá, me deparei com uma linda garota lendo o livro Inteligência Emocional. Rapidamente me lembrei dos idos de 1997, quando adquiri o livro do PhD Daniel Goleman para maior conhecimento do que era “a bola da vez”. A par disso, no inicio das atividades de trabalho no corrente ano, fizemos uma reunião na empresa em que presto serviços e me deparei com o conceito Pró Atividade - uma das “febres” recentes das teorias administrativas.
Ambos os conceitos, a grosso modo, são sinônimos, já que nada mais são que o óbvio ululante do que se espera de um bom administrador ou colaborador – outro termo da moda - ou seja, é chover no molhado.
Via de regra as teorias administrativas tendem a estudar a aplicabilidade de modelos de gestão, de atividades, de modo a maximizar resultados - tanto para a empresa como para seus recursos humanos e parceiros comerciais. Os estudos proporcionam critérios que devem servir para melhora no desempenho e na qualidade do serviço/produto.
Isto exposto, chamo a atenção para a seguinte questão: o que mudou nos modelos de qualidade e eficiência? Tirando a terminologia conceitual, os princípios são os mesmos. Teóricos tendem a criar nomenclaturas novas para o que já existe desde o Big Bang. Está mais do que certo buscar o aprimoramento constante - a mudança contínua é o único valor administrativo absoluto - mas o que é de se estranhar é que surgem livros e termos novos a cada dia, quando vamos estudá-los e aplicá-los, verificamos que não há nada de novo, que são meras adaptações de procedimentos já existentes.
Teóricos administrativos ao menos tergiversam sobre coisas aplicáveis; tente, então, dar uma lida em teorias econômicas, filosóficas e sociológicas - haja paciência e estômago. Diversas teses aparecem, pululam livros e doutrinas - das mais belas até as estapafúrdias - que não resistem ao menor sinal de emprego.
Dentro de um contexto organizacional, hão de ser levadas em consideração todas as variantes possíveis, e todos os meios e recursos envolvidos. Não há nada que supere a praticidade, não existe resultado sem aplicabilidade. Professores e escritores vivem de estudar e ler, atingem um grau de conhecimento altíssimo; porém, muitas vezes se esquecem do mais importante, que é a ação concretizada.
Estamos caminhando constantemente para a melhoria nas condições de trabalho e grandes empresas já possuem setores específicos para gerenciamento da qualidade; isso tudo é elogiável e tende a impulsionar a níveis cada vez mais satisfatórios; mas, às vezes, penso que as fontes de consulta para uma nova rotina deveriam partir primeiramente do empirismo – senão de uma profunda análise que avalie todas as variantes - para posterior passagem ao papel.
Enquanto insistirmos em ser redundantes, deixando de lado o resultado real, prefiro pensar na garota do início do texto.

Publicado em O Jornal, 21.01.2008