quinta-feira, 31 de julho de 2008

Um alento sobre as campanhas eleitorais

Afonso Vieira

Pois bem, estamos sendo brindados diariamente com a campanha eleitoral, seja pelos panfletos, pelas propagandas políticas ou conversas informais com candidatos, assessores e cabos eleitorais. Seria cômico, não fosse trágico.

A quantidade de propostas - seja pelo montante ou pela inaplicabilidade – absurdas é de saltar aos olhos. O mais triste é constatar que a ampla maioria da população ainda cai no conto do vigário.

Certos candidatos só faltam prometer que construirão uma nova sociedade, haja vista a quantidade de promessas apresentadas; outros parecem que mudaram a competência da união, estados e municípios no repasse e aplicabilidade dos recursos orçamentários.

Um pouco de conhecimento sobre a legislação e do funcionamento da máquina pública, já colocaria uma pedra sobre as asneiras propostas. Em recente reportagem do Correio Braziliense, mostrou-se que em diversas cidades do país, energúmenos utilizam o bolsa-família como moeda eleitoral, prometendo mundos e fundos para a massa de beneficiários do programa, que infelizmente, possuem pouco esclarecimento sobre seu funcionamento. Já em outros casos, a velha demagogia transparece disfarçada de boas intenções, a quantidade de assuntos defendida é ridícula, pois trabalham em tantas frentes que fica patente a inviabilidade de execução de tantos projetos.

Oras, a Lei de Responsabilidade Fiscal é clara quando diz que o aumento de despesas deve vir vinculado à origem dos recursos para o respectivo custeio. As prefeituras dificilmente aceitarão a criação de novos dispêndios, pois seus orçamentos já trabalham apertados visando o cumprimento da legislação.

São hipócritas, mal intencionados ou ignorantes os que prometem mundos e fundos. Seja pelo intento de enganar os desavisados, tendo ciência dos obstáculos para a aprovação de qualquer projeto; seja pelo desconhecimento do funcionamento da máquina pública - que já seria motivo mais do que suficiente para incapacitar sua candidatura.

As bandeiras defendidas devem ter foco concreto, com projeto que tenha viabilidade de execução. Jogar para a platéia é bonito aos olhos dos iletrados, ridículo do ponto de vista moral e praticamente um crime na parte legal.

O Estado deve buscar investimentos, parcerias e inovação visando o desenvolvimento sustentado. Os edis e aspirantes a cargos eletivos devem estudar o orçamento, a economia municipal, respectivos gargalos e somente após isso, se posicionarem e planejarem suas campanhas.

Pelo visto, pela quantidade de ruminantes que aparecem diariamente nas televisões, jornais e em “santinhos”, ainda não será nesta eleição que a renovação necessária ocorrerá. Podemos ao menos tentar mudar o combalido sistema que ai está: corrupto, inepto e populista. O difícil mesmo é encontrar alguma legenda que possua um único representante com o mínimo de qualificação.

Fazer o quê? No país do “relaxa e goza”, do “estupra, mas não mata”, prefiro lamentar.

http://www.campogrande.news.com.br/canais/debates/view.php?id=4022

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Em ano eleitoral . . .


Afonso Vieira

Inaugurou-se, oficialmente após a convenções partidárias, a corrida eleitoral para os cargos de prefeito e vereador. Até ai nada demais, coisas da democracia. Mas, qual democracia?

Chega a me dar asco ao ver as propagandas da Justiça Eleitoral, em um desatino estúpido e suas campanhas para enganar incautos, dizer que é exercício de cidadania; proclamando heróis que não existiram, utilizando-se de hipocrisia e falsas informações para ludibriar a obrigatoriedade do voto.

Que democracia é esta onde sou obrigado a votar? Quem lutou pela liberdade: Dilma, Dirceu, Genoíno, Mariguela, Lamarca? Onde há liberdade, se a Justiça proíbe até mesmo entrevista com candidatos? De que adianta liberdade de imprensa, se boa parte dos veículos de comunicação tendencionam descaradamente seu proselitismo político? Para que votar, se praticamente todos os candidatos não estão preparados para o cargo que pleiteiam - muitas vezes respondendo até mesmo por processos judiciais?

Somos uma democracia realmente caricata; fala-se em liberdade, mas nos obrigam a sair de casa em um domingo - às vezes até mesmo a enfrentar filas - para ter que escolher entre o delinquente e o menos pior; já que sem a efetivação desse ato, nem mesmo prestar concursos, ingressar em uma universidade ou tirar passaporte é possível. Já fui contrário ao voto nulo, não mais o sou.

Temos verdadeiros bandidos nos mais variados cargos e, na tentativa elogiável de moralizar o pleito – proibindo políticos com problemas legais – a própria justiça joga um balde de água fria.

Totalitários que lutavam por uma ditadura socialista posam como heróis e perseguidos, mentem descaradamente com total conivência de boa parte do meio acadêmico e da mídia, resultando no problema não da desinformação, mas da informação incorreta. Propagando mentiras e meias verdades como se realidade fossem.

A Justiça, em clara demonstração de censura, proíbe entrevistas com candidatos. Como é que o eleitor saberá das idéias e propostas dos postulantes, ou ainda, que mal há nisso se todos serão interpelados pelo mesmo veículo de comunicação?

Jornalistas confundem reportagens com colunas de opinião, deixando claro o favorecimento de determinado candidato ou agremiação. Fica explícito o partidarismo de jornais e revistas, muitas vezes, compradas com dinheiro público disfarçado em verba publicitária. Para piorar, soltam o discurso demagógico que são imparciais e isentos, como se isso existisse no meio que os cerca.

Usurpadores votaram pela criação da CSS - agora, muitos deles vão querer votos; o seu, não o meu!

É lamentável constatar que estamos em estado de falência moral, que não há nem a terceira via para os descrentes. Já cheguei a pregar o assassinato eleitoral de toda bancada que ai está, mas com tamanha massa de eleitores ignorantes e analfabetos funcionais, acho pouco provável. Entre o populista e o criminoso, fico com o nulo. E o azar, é nosso!

*Publicado em O JORNAL, edição 383, de 08 de julho de 2008

http://www.portalgrito.com.br/arquivol/arquivol.php?id=82