quinta-feira, 30 de julho de 2009

Falando na vida . . .


Já tem certo tempo que voltei mais o foco dos textos às coisas pessoais, introspecção, observação do meio que me cerca e satisfação pessoal. Às vezes nos preocupamos demais com os problemas mundanos e nos esquecemos de nosso próprio bem estar.

O que nos faz bem? Bom, isso é uma pergunta que parece óbvia e deveria ser de pleno conhecimento de qualquer ser pensante. Particularmente, nada substitui nossa liberdade, somada com a companhia das pessoas que amamos, daquelas que temos afinidade, seja cônjuge ou grandes amigos. Notem, ser livre não nos obriga a ignorar relacionamentos sérios, mas sim, ter maturidade para sustentá-los. Para um “schopenhaueriano” – e dá-lhe neologismo! – como eu, até concordo que é bem mais complexo.

Fico vendo pessoas reclamando de tudo e de todos, resumindo-se em falar mal e criticar até a própria sombra. Creio que são frustrados, que não amadureceram o suficiente para encontrar o próprio equilíbrio, ou melhor, cuidar da própria vida.

Há tempos não freqüento locais que sei que não me farão bem, pelo contrário, evito! Para me levar a um pagode ou sertanejo, só se o motivo for muito bom e realmente valer a pena. Avalio sempre os prós e contras da situação.

Outra coisa que aprendi a evitar, pessoas extremamente materialistas – parece até contraditório para um “porco capitalista”, defensor da economia de mercado, mas não é -, daquelas que só falam em dinheiro e o colocam acima de tudo. Oras, uma coisa é querer ter uma vida saudável, condições financeiras estáveis, outra completamente diferente é pautar até mesmo suas atitudes com amigos e parentes sobre esses interesses. Colegas assim, quanto mais distantes, melhor!

Estamos todos cercados de hipocrisia, de corrupção, de falta de hombridade moral. Os valores da sociedade dançam conforme a música da vez. Nem por isso temos que mudar nossa personalidade, nosso padrão de conduta. Citando Aristóteles, em resumo é isso para praticamente todos nossos atos: “Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito.”

Sou um cético incorrigível, tentando ser extremamente racional, mas também um otimista em muitas coisas, e extremamente pessimista noutras. Seguindo ainda a linha aristotélica, creio que a virtude está sim, no meio termo, parece algo óbvio, meio Ying Yang; ou alguém acha que existiria um Deus sem o diabo? O bem sem o mal? Creio que tudo funcione para ser posto em equilíbrio, numa lei constante da ação e reação.

É curioso, a motivação deste texto foi um “plim”, que do nada me acertou. Lembrei das pessoas que foram e ainda são importantes para mim, até cheguei a teclar com algumas no MSN. Ligo o som, começa a minha preferida do AC DC, You shook me all night long. Pois é, o que nos faz bem, deve ser cultuado.

Enfim, é isso, de tempos em tempos, é bom refletir sobre o próprio Eu. Sobre atitudes, pesos e contrapesos. Pedindo e aceitando desculpas. Somos os primeiros a ganhar, sempre!

sábado, 18 de julho de 2009

A moral de cada um


Afonso Vieira

Muito temos visto, sendo bombardeados diariamente, várias notícias sobre atos ilícitos nos mais variados cantos de nossa pátria. A enxurrada de críticas e a quantidade de indignados pululam em textos, blogs, jornais, revistas e, até mesmo, em conversas de bar. Fico me indagando: temos moral para tanta cobrança?

Sinceramente, pelas andanças que a jornada da vida me proporcionou – cada vez mais -, tendo a desacreditar na índole da maior parte de meus conterrâneos. O relativismo moral rasteiro e barato é o norte da terra brasilis.

Já repararam que, boa parte dos ditos probos sempre prega a chamada “moral de cueca” – termo muito utilizado na caserna. Considerável fatia dos irados não passa de hipócritas, com sua revolta seletiva, que só criticam o que lhes convêm, que somente agem contra este ou aquele quando não envolvem seus apaniguados.

É transparente que em nossa sociedade, está enraizada uma cultura de desprezo com o erário. As compras públicas, via de regra, estão superfaturadas; os “defensores” da ética e da moral, na menor oportunidade, serram filas com dinossauros das falcatruas e maracutaias.

Veículos de comunicação dançam conforme a música, ou melhor, patrocínios governamentais e malas de dinheiro. Editoriais indignados de nada valem, haja vista que nos bastidores, reuniões e conluios são feitos diariamente entre os “proprietários” das notícias, corruptos e corruptores.

Esta semana presenciei o descaramento moral in loco, em uma confraria com amigos, discutia-se as recentes prisões de políticos e empresários locais, acusados dos mais variados crimes; curiosamente, o mais exaltado, foi preso com entorpecentes quatro dias depois. Ainda com relação a este episódio, circula uma mensagem eletrônica de um cidadão indignado e pregando que os demais não comprem nada nos estabelecimentos comerciais dos envolvidos, enumerando os empreendimentos existentes, atitude digna de aplausos, diga-se. O que me surpreendeu é que, segundo informes, já há uma resposta para tal texto, de uma – pasmem – promotora (carece de confirmação a veracidade), isso mesmo uma promotora de justiça se rebaixando a um e-mail, onde defende uma das propriedades, pois não mais é dos envolvidos nas prisões, e sim de seu cônjuge. Oras, isso é assunto para que um membro do judiciário se envolva? Não há assuntos mais importantes para um agente público se preocupar? Ainda mais estando na posição que se encontra.

Vejo nas atitudes mundanas tudo que foi descrito por Maquiavel. O filósofo inglês, Thomas Hobbes, tem provado que estava certo: “homo homini lupus" – não canso de repetir isso.

A grosso modo, somos fracos por natureza, facilmente corruptíveis, nos deslumbramos com o poder. José Sarney e Lula são a cara da população, reflexo do nosso atraso político e cultural.

Às vezes penso que sou uma ilha, com pouquíssimos semelhantes a minha volta. Tenho milhares de defeitos, mas ao menos me policio diariamente para que estes não suplantem minha razão. Enquanto isso, faço da vida um aprendizado constante, observando e me desiludindo com a população de “pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas”, que há mais de quinhentos anos ainda não aprendeu o menor conceito que seja do que vem a ser pudor.

http://www.campogrande.news.com.br/canais/debates/view.php?id=4682

http://www.douradosinforma.com.br/noticia.php?id_noticia=87913

http://bbcnews.com.br/index.php?p=noticias&cat=205&nome=Artigos&id=153462