domingo, 29 de novembro de 2009

Divagações


Ultimamente ando extremamente ansioso, mais do que o normal, como se isso fosse possível. Talvez seja pelos preparativos para visitar nosso país irmão e de quebra, ouvir uma das maiores bandas do planeta. Mas pode ser também, dentro da inquietude que me é pertinente, dos ofícios que me sugam, da busca incessante pelo novo, ou pela irritação contumaz com os erros grotescos do dia a dia e a falta de caráter ululante de nossos compatriotas.

Leio livros, vejo filmes, patrulho na internet tudo que posso e me atrai. Há tempos perdi a esperança nos políticos, cada dia que passa, este sentimento se estende para pessoas do convívio – resguardando as raríssimas exceções de amizade. Dentro de minha “hiperatividade”, vejo-me instado a sair vagando de bar em bar, talvez minha fase boêmia ainda não tenha acabado, ainda que diminuído consideravelmente.

Sou um libertário, não no sentido político – neste me enquadro mais para minarquista – mas no sentido pleno da palavra. Sou desapegado a dogmas e ideologias, descrente das utopias que geram esperanças aos milhares de necessitados, seja de material ou espiritual. Meu ceticismo me embriaga, torna-me chato e, às vezes, até intolerante.

Ando com dificuldade de encontrar um livro que realmente prenda minha atenção, o último que consegui devorar sem delongas, foi um do Mario Vargas Llosa – sempre ele. Quando preparo minhas aulas, busco fontes alternativas, além dos livros tradicionais. Leio três ou mais artigos sobre o tema proposto, chego sempre a conclusão que “chovemos no molhado”, sempre! Como digo aos meus instruendos, devemos estimular nosso espírito crítico, saber separar e assimilar as coisas boas e aprender com as ruins. Nem mesmo Peter Drucker tem passado pelo meu escantilhão. É, ando crítico demais. . .

Ontem, enquanto me deliciava com uma cerveja e conversava com o botequeiro, falávamos sobre amizades e caráter. Ele, desiludido com todos os que considerou, eu, um privilegiado neste ponto, mas sempre soube enxergar corretamente a natureza dos que me cercam. Comentávamos sobre a hipocrisia em certos círculos, a sanha de alguns beócios em criticar pelas costas. Como sempre, é inevitável falar sobre nossos representantes do executivo e legislativo, sinceramente, minha azia me ataca só de pensar.

Estive lendo alguns artigos, algumas notícias. Tudo como antes, não há nada publicado que não tenha uma segunda intenção, algo subliminar, subjetivo. Alguns articulistas têm a maestria nas mãos, outros, nem tanto. Ainda que discorde de muitos, é sempre bom devorar um texto de alguém com elevada bagagem cultural. É inevitável pensar nos grandes filósofos e suas divagações monumentais, há tanto para se ler, tanto para aprender que não entendo minha falta de inspiração momentânea.

Vem a mente uma música, algo que me traz excelentes recordações, Uma pra estrada. Passam os segundos e a guinada radical reforça minha inquietação, guitarras estridentes e o melhor do hardrock invade minha sala.

Pois é, que filosofada na maionese. Ainda que mais maduro, que mais em paz comigo mesmo, o espírito rebelde e livre continua, afinal It's a long way to the top if you wanna rock 'n' roll.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ética, a imprensa e os blogs


Afonso Vieira

Estamos vivendo um fenômeno recente da popularização dos blogs, em todos os cantos do planeta o mecanismo da internet vem ganhando adeptos, derrubando a audiência dos meios de comunicação e se antecipando aos fatos. Temos a “democratização” da informação, porém, com o risco da falsa credibilidade.

Acompanho há anos jornais e revistas virtuais, a mídia impressa praticamente nem tenho contato, minhas últimas assinaturas findaram há mais de cinco anos. Como sempre procuro separar o joio do trigo, bem como verificar a veracidade das informações e as reais intenções deste ou daquele escriba, fico aterrorizado com a quantidade de probos de última hora - ou de ocasião - que surgem.

É público e notório – com raríssimas exceções - que rádios, televisões, jornais, revistas, e até mesmo os blogs, arrecadam verba publicitária de entes governamentais. É o ardiloso caminho de fretar com a isenção e ao mesmo tempo, tendenciosidade. Desde já descarto a utópica imparcialidade, pois ela não existe, não na prática!

Quando este ou aquele veículo inicia campanha difamatória contra uma administração, seja municipal, estadual ou federal, podemos começar a colocar as barbas de molho. Ressalte-se que um órgão de comunicação tem a obrigação de noticiar fatos de interesse público, ainda mais de desvios de conduta, ficando sempre resguardados dentro do limite da Lei. Mas a forma como é colocada é que estabelece a linha editorial de cada um.

Dentro de uma ética jornalística, devemos observar a apuração exata dos fatos, ouvir os lados envolvidos – quando for o caso –, e a forma que repassaremos as informações. Há também a necessidade de se considerar o público leitor, nível cultural e deficiências em interpretação. Não obstante, omitir informações preciosas e deturpá-las deve ser proibido, ao menos deveria!

Em âmbito nacional, é de fácil identificação a linha de cada publicação. Quando caímos para níveis estaduais e municipais, a tendência varia muito. Volta e meia o foco é alterado, conforme os interesses políticos imortalizados por Nicolau Maquiavel. Na busca pela audiência, é sabido que tragédias e escândalos aumentam o ibope, mas o exagero pode vir a caminhar para o lado oposto.

O corte de verbas publicitárias pode vir a ser o terror, tanto para o lado do poder midiático, como para um administrador público, seus defeitos podem ser exaltados ao extremo e sua imagem, denegrida com picuinhas infantis. É comum lermos ataques virulentos a este ou aquele personagem público, tal atitude é muito mais acentuada nos blogs. Os ataques tendem, muitas das vezes, ser mais ad hominem do que pelos atos praticados em si.

Qual o real interesse do chamado jornalismo de opinião? Pode ser forçar a abertura dos cofres públicos, pode ser interesse político, pode ser afinidade pessoal, ou mesmo recalque por ter sido preterido. Há “medalhões” com blogs que mudam de opinião de repente, atacando muitas vezes quem nada tem a ver com a situação. Temos para todos os gostos, tucanos, lulo-petistas, ou mesmo, o pior tipo: a ex-noiva – o exemplo maior deste ultimo é Paulo Henrique Amorim. Reinaldo Azevedo se vangloria de não postar comentários “petralhas”, o que não concordo, mas o nível das postagens dessa trupe que já presenciei, é realmente deprimente. Nassif é mais democrático, porém, muito mais demagogo. Mas há outros, de menor expressão, que posam de paladinos a moral, que só postam o que lhes convêm e quando denigrem somente quem querem atacar, não passam de hipócritas!

Não há nada pior que o discurso da luta de classes, neste caso, da disputa entre os “donos do poder” e os “cavaleiros da virtude”, que sozinhos lutam contra os detentores do capital. Verdadeira balela! É ótimo ser pedra, mas como se portariam caso fossem vidraça? Sim, muitos adorariam mesmo é estar do outro lado da trincheira.

Sinceramente, integridade, hombridade, isenção e vergonha na cara, têm faltado para muitos dos “éticos” de plantão, em todos os meios de comunicação.

Ps. A imprensa deve ser livre, sempre! Assim como se responsabilizar pelos atos e fatos que noticia.


http://www.24horasnews.com.br/evc/index.php?mat=2864

http://www.douradosagora.com.br/not-view.php?not_id=269325

http://www.noticiadahora.com.br/verNoticias.asp?NotID=11063

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O ócio produtivo


Às vezes me vejo pensando sobre o quão produtivo pode ser nosso ócio. Ao contrário da maioria, os momentos vagos podem nos brindar com verdadeiras pérolas, que podem vir a ter retornos dos mais variados, inclusive financeiro, por que não?

Eis-me aqui, sentado em uma biblioteca aguardando uma entrevista para ministrar aulas da disciplina de administração. Sem meus livros, sem filmes, e pior, sem computador ou internet! O que posso fazer? Abro meu fichário e aproveito para colocar os pensamentos no papel, em um prazeroso exercício mental.

Em diversas organizações, o setor de criação tende a ser o mais flexível, com normas e regras extremamente mais elásticas que o convencional. Curiosamente, indo de encontro com os demais departamentos, essa “ausência” de procedimentos padrões gera o aumento da produtividade.

Escrevi recentemente, em outro texto, que há momentos em que produzimos melhor nossos rabiscos, é o “plim” da inspiração. Não adianta forçar a produtividade, o resultado pode ser desastroso; há articulistas brilhantes, que volta e meia solta ensaios chinfrins, pois têm data marcada para entregar o ofício. É claro que me refiro à produção literária e das artes em modo geral, nesses casos o pensamento tem que fluir, literalmente! Não confundam com produção em série ou em escala industrial.

Vejo muito nos ambientes em que trabalho, os diversos tipos de ócio. É facilmente identificável o “morcego”. Enquanto pessoas perdem minutos preciosos com bate papo no messenger ou no cafezinho - que acaba durando meia hora -, prefiro ler notícias ou rabiscar minhas frases, ou ainda, estudar formas e métodos para melhorar rotinas já existentes.

Não existe funcionário – tenho verdadeira ojeriza ao termo colaborador – que cumpre suas oito horas diárias na plenitude, é praticamente impossível. Mas há os que cumprem prazos e metas, rigorosamente! Para essa parcela, quanto maior a gama de afazeres, sempre se desdobram e equacionam seu tempo, de sorte que conseguem fluir e manter um padrão de qualidade.

Cada um faz seu tempo. Enquanto alguns preferem o ostracismo ou o descaso, outros veem nos parcos minutos de folga, uma oportunidade ímpar de agregar conhecimentos, desfrutar de prazeres individuais e, em certos casos, até mesmo produzir algo . . . Tal como este bobo texto.