quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Solitária individualidade


Certa vez, Schopenhauer escreveu: O homem só pode ser si mesmo por completo enquanto estiver sozinho; por conseguinte, quem não ama a solidão, não ama a liberdade; pois o homem só é livre quando está sozinho.

As pessoas tendem a ter medo do desconhecido, em sua natureza – via de regra – reina o comodismo. Conhecer a si próprio, profunda e intensamente é um exercício para poucos, e mesmo assim, só gera prazer em ínfimos libertários. É muito mais fácil crer que o senso comum ou os prazeres imediatistas devam ser o norte imposto a tudo e a todos.

Ainda dentro da ótica reinante, quem chega a certa idade sem filhos e sem casar, tem alguma “anomalia”. Desprezam completamente o conceito de indivíduo para satisfazer dogmas sociais. Jamais raciocinam que o que é tormento para uns, é uma dádiva para outros.

Quanto mais filosóficos nos tornamos, também passamos a ser menos tolerantes com certas atitudes e aumentamos nosso grau de repúdio ao convívio medíocre da vida social. Gostar da solidão não quer dizer que resulte em isolamento do mundo, abstinência sexual ou ausência de uma vida a dois. Pensar dessa forma só comprova a imaturidade em se tratar do assunto ora exposto.

Li recentemente, no excelente Os cadernos de dom Rigoberto, de Mario Vargas Llosa, uma frase que de imediato me chamou a atenção:

“Um coletivo não pode organizar-se para alcançar nenhuma forma de perfeição sem destruir a liberdade de muitos, sem levar de roldão as belas diferenças individuais em nome dos pavorosos denominadores comuns.”

É exatamente nessa ótica que caminhamos como sociedade, na imbecilização coletiva em detrimento das diferenças individuais. A magia em descobrir a cada momento algo inimaginável, em encontrar novos horizontes e pensamentos divergentes, parece sucumbir a cada minuto que se passa.

O prazer em encontrar uma mente como a de Holden Caulfield, que em sua chatice absoluta protagonizou O apanhador no campo de centeio, ou em ler um cronista ácido que se recusa a remar conforme a maré, tende a ser coisa do passado. Tudo em nome do politicamente correto, da mediocridade da maioria.

Parece incrível que exatamente na era do conhecimento, o raciocínio crítico tenha perdido tanto espaço. Temos que ler somente Best Sellers, comprar carros porque é o que todos almejam; somos obrigados a aceitar néscios corruptos porque 80% da população assim definiu. Definitivamente, agradeço todos os dias por não fazer parte dessa manada.

Para nos brindarmos contra a récua que nos cerca, só resta sermos cada vez mais reservados, mais críticos e exercitar nossa liberdade, afinal, todas as personalidades realmente relevantes em nossa história, o foram, justamente pelas suas diferenças, que os diferenciavam e destacavam do coletivo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Beira Mar ou Marcola?


A cada eleição nos deparamos com as aberrações postulantes aos cargos eletivos. Todos os dias somos bombardeados pela massa de energúmenos saltitantes atrás de votos. Dentro desse balaio de gatos, alguns insistem na tese de votar no “menos pior”. Oras, e se eu não concordar com essa ótica, tenho que votar de nariz tapado?

Deixo claro desde já, que sim, tenho um ou outro candidato já definido, mas me recuso a aceitar que tenha que escolher entre os três principais protagonistas ao Planalto em um eventual segundo turno – se é que vai ter . . .

A fantoche do presidente, alguém sem preparo e desprovida de opinião própria, Dilma Rousseff, é algo completamente intragável para alguém que defende princípios básicos de ética e moral. Que sempre primou pelo império da Lei e da meritocracia. Seu principal defeito ainda consegue ser mais alarmante, chama-se Marco Aurélio Garcia, hoje seu mentor “intelectual”. Sabe como é, alguém capaz de idealizar um plano retrógrado e autoritário como o primeiro programa de governo do PT apresentado na justiça eleitoral nesta eleição, boa pessoa não é. Basta dizer que MAG é o mesmo que abraça ditadores e até hoje propaga um antiamericanismo chinfrim, sem a menor razão de ser. Pior ainda é o discurso da candidata de que assinou sem ler – como é que quer ser governante?

José Serra novamente troca os pés pelas mãos, recordo-me da eleição de 2002, onde o tucano iniciou com a simpatia de considerável parcela, e conseguiu espantar muitos dos prováveis eleitores, inclusive deste escriba. Como bom cepalista que é, solta asneiras dignas do mais atrasado esquerdista – e tem biltre que crê piamente que esse senhor é de direita, nos poupem! A autonomia do Banco Central, por exemplo, é algo a ser preservada a qualquer custo, nem mesmo Lula cogitou em mexer nesse paradigma. Mas Mrs Burns dá claros exemplos de ser contrário a esta medida, por ele, a autonomia não mais existiria – assim como sempre foi pregado pela ala radical do PT. Os tucanos passaram oito anos criticando o bolsa família, apelidando-o do que efetivamente é: bolsa esmola. Novamente o careca aparece defendendo sua expansão. Eu costumo honrar minha palavra, ela vale mais que qualquer assinatura, o que dizer de um cidadão que registra em cartório uma promessa a descumpre dois anos depois?

Marina Silva é a romântica ecochata, a queridinha dos jovens – como estupidez combina com juventude -, nunca gerenciou uma cadeira sequer. Criacionista que é, já andou perdendo votos da ala cor de rosa dos eleitores. Também é completamente desprovida de ideias e capacidade gerencial. Seus maiores “méritos” são: ser defensora dos povos das florestas, exaltar um discurso de coitadismo e demonstrar inaptidão ao que pleiteia.

Como é que vou conseguir votar em um dos supracitados? Tenho inúmeros motivos para desclassificá-los, os acima são apenas alguns pouquíssimos entre uma gama enorme, que incluem casos bem mais enfadonhos, como corrupção. Aos persistentes que querem nos obrigar a votar no “menos pior”, pergunto, e se tivéssemos que escolher entre Fernandinho Beira Mar e o Marcola? Qual é o “menos pior”? Ah, dirão que é uma comparação descabida, não, não é! Lembro que um traficante faz mal à sociedade, mas é a um nicho restrito, um mau governante faz mal a toda uma nação em uma canetada. Para citar um caso, o atual governo desmoronou todas as esperanças de probidade e moralização da política; tudo que sempre criticou, fez, e fez pior!

E os defensores dessa corja? Ah, eles se portam – todos – da mesma maneira: o discurso é válido, desde que angarie votos. Às favas com os escrúpulos!

Ps. Em primeiro turno, até o presente, votarei em Mario de Oliveira, suas propostas condizem com muito do que defendo e prego. Já no segundo tempo do jogo, pelo que indica, sou nulo!