sábado, 25 de dezembro de 2010

2010 que se vai


Nas proximidades das festas de fim de ano, sempre nos vemos instados a fazer um balanço reflexivo da vida, das aspirações e conquistas. Enquanto milhares de pessoas se esbaldam em compras e falsos ou momentâneos sentimentos de bondade, torno-me ainda mais cético sobre o que nos cerca.

Outro dia comentava com uma amiga que, provavelmente, tenha encontrado minha paz interior. Indagou-me como e onde, respondi: em mim. Passo a pensar nas crenças e necessidades das pessoas em minha volta, muitos buscam sua serenidade na religião, no amante ou em alguma causa utópica. Olho para os fatos, às vezes até com certo desprezo, e dificilmente consigo enxergar algo que sirva para minha pessoa.

Não tenho crenças, dogmas, ídolos ou ideologia, e ainda assim, vivo com a cabeça tranqüila. Alguns já me disseram que não levo a sério ensinamentos religiosos porque nunca precisei de um Deus; eu já me indago ao contrário, não acredito que possa ter necessidade de algo que não encontre dentro da minha própria cabeça. Detesto ateus militantes, nem mesmo o sou, há um abismo entre um agnóstico e um ateu. Posso dizer que mesmo cético, tenho boa dose de otimismo na vida e procuro usufruir da melhor forma possível tudo que ela me deu até o presente. Mas, reservo-me o direito não acreditar em algo extremamente contraditório e que me cerceie a liberdade. Não posso mudar certos sentimentos, mas posso conviver com eles harmonicamente.

Muitas vezes, no policiamento constante para não parecer arrogante ou mal interpretado, chego a me irritar com crenças infundadas, mas respeito e vejo que cada um, na sua forma, busca e encontra alívio onde melhor se encaixa. Torço para que cada vez mais pessoas atinjam o que chamo de maturidade espiritual, independente da forma que isso venha a ocorrer.

Nas minhas leituras diárias acabo me deparando com diversos textos e argumentos, uns rasos demais, sem embasamento suficiente, outros já com maior consistência. Houve uma época que chegava a entrar em debates, hoje tenho pouca inspiração para isso, faço o que é melhor para mim e aos que me cercam, não iremos mudar quem não tem essa intenção. O mundo ensinará os caminhos corretos, uns aprendem da melhor forma, outros pelos meios mais árduos.

Aos políticos – todos - reservo meu completo desprezo, nem por isso deixarei de fiscalizá-los e cobrá-los. Às religiões e crenças, deixo meus cumprimentos pelo trabalho de conforto que levam às mentes necessitadas, ainda que tenha grandes ressalvas, numa equação simples, entendo que o saldo é muito positivo. Aos utópicos, que insistem em enxergar a “salvação” da humanidade em teorias ultrapassadas e desconexas, sejam econômicas ou sociológicas, deixo a recomendação de abrirem as mentes, aceitando o contraditório e aprendendo com a prática e o equilíbrio necessário. Aos amigos e entes queridos, um sincero obrigado!

Boas festas!

*Publicado originalmente em 22/12/2009