domingo, 30 de outubro de 2011

O câncer, Lula e o SUS

O ex-presidente Lula foi diagnosticado com câncer na laringe, após exame foi feito no hospital Sírio-Libanês. Quando li a notícia lembrei-me de uma declaração sua, feita há tempos atrás – quando ainda era o titular do Planalto - de que a saúde pública brasileira beirava a perfeição. Mais uma entre tantas diatribes proferidas em seus oito anos de mandato.

De imediato as manifestações de apoio e solidariedade começaram a surgir. No mesmo ritmo que as redes sociais começavam a brincar com a doença. Coisas como: “força tumor”, “Lula, faça o tratamento pelo SUS”, etc.

A saúde do cidadão Luis Inácio não me diz respeito, não me importa e não tira meu sono – não sou hipócrita em afirmar o contrário. A saúde da pessoa pública Lula, somente me diz respeito pelo fato dele ter sido chefe do Executivo Federal, ter alardeado a suposta qualidade do SUS, e ter dito que iria sugerir ao presidente norte-americano, Barack Obama, a fazer um sistema semelhante. Foi o responsável pela saúde pública e quando precisou correu para o sistema privado. Hipocrisia pouca é bobagem!

Um dos ensinamentos que a vida castrense me ensinou era: nunca cobre de um subordinado aquilo que não possa cumprir. Na vida pessoal penso da seguinte forma: não queira para os outros o que não deseja para você. São máximas que não necessitam de maiores explicações. Um líder deve dar o exemplo, sempre!

O câncer é uma das piores doenças que um ser humano pode enfrentar, pouquíssimos conseguem superá-la por completo. Perdi há alguns anos uma grande amiga vítima dessa mazela. O falecido vice-presidente José de Alencar era um exemplo na luta contra essa maldição, ficou anos combatendo. Mas seu exemplo para por ai, na vida pessoal se negou até os últimos dias a reconhecer uma filha bastarda.

O que quero explicitar com este texto é: não vou mudar minha opinião sobre esta ou aquela pessoa por estar passando por uma fase ruim. Torço que todos que estejam enfrentando doenças, que consigam superá-las, mas só vou me importar efetivamente com aqueles que realmente me importam e me digam respeito, que nutra afeição. Não esqueço suas más contribuições, não apago da minha memória atos daninhos, pelo contrário, são coisas que agregam aprendizado para não incorrermos nos mesmos erros.

Minhas divergências com a figura Lula estão no campo político e moral. Ele representou tudo o que eu não quero em um líder. Nem por isso desejo seu óbito e seu sofrimento. Gostaria sim, que as denúncias de corrupção em seu governo fossem devidamente apuradas e os responsáveis punidos. Como estamos falando de Brasil, nem o SUS presta atendimento de qualidade, nem Lula reconhece isto e ninguém da alta corte vai comprovar e ser punido pela corrupção que as evidências todas teimam em confirmar.

Ps. Antes que algum energúmeno apareça chorando as pitangas, não sou filiado a nenhum partido. Não tenho nenhum exemplo para seguir nos políticos atuais. Se fosse alguém do PSDB ou do DEM, na mesma situação e com mesmo histórico, a opinião seria a mesma.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Aos que querem salvar o mundo 1

Uma das maiores características da era da informação é verificar instanta-
neamente todos os acontecimentos da vida real. As redes sociais podem divulgar nossas qualidades, mas ao mesmo tempo, maximizar nossas futilidades. Diariamente somos bombardeados de boas atitudes, os “bons samaritanos” enlouquecem os feeds de notícias de todas as mídias.

Sempre desconfiei dos puros de coração, com raríssimas exceções, todos têm segundas intenções, faz parte da natureza humana. Os românticos ainda querem acreditar que a ampla maioria da sociedade é boa, que os corruptos e degenerados de ocasião são exceções. Desculpe-me em desapontá-los, Rousseau estava errado!

Certa feita estava em uma reunião, quando ainda vestia a farda verde oliva e ostentava minhas estrelas. A discussão era sobre segurança dentro dos quartéis, nela a reclamação era geral:

- É um absurdo revistarem os veículos de nossas esposas! – bradava a massa. Lá fui eu, remando contra o consenso:

- Desculpem-me, senhores. Mas estatisticamente falando, dentro desta sala – com mais de 100 militares - temos drogados, ladrões, espancadores de mulheres, etc. Não podemos garantir a idoneidade de todos, temos que raciocinar com a pior hipótese, temos que revistar! – devo ter sido demonizado por uns dias . . .

Dentro do dia a dia - e cada vez mais - observamos o discurso indignado da população contra nossa falta de segurança, o aquecimento global, o corte de árvores, a corrupção impune, a péssima educação. Mas façam o teste, deem corda para seus pares, deixem a conversa fluir e verifiquem onde chegarão. A maior parte vai escorregar e admitir que sua moral é relativa, que sua probidade depende de ocasião. 90% ou mais subornaria um guarda! E este é apenas um exemplo. Seguem alguns outros:

- Ah, o cara está cobrando a menos na conta do bar. Oba! Vamos aproveitar e beber mais. Que se exploda esse mané e o dono do estabelecimento;

- Moço, posso passar na sua frente na fila, é rapidinho, só tenho dois itens para pagar;

- Todo político rouba, eu, se estivesse lá, também o faria. Ao menos aceitaria o retorno;

- Minha filha, dá para liberar aquela autorização antes dos demais, sabe com é, tenho urgência, meu filho está morrendo e minha mulher se acidentou . . .

Dá para ver que a hipocrisia reina por todos os cantos, mas pouquíssimos admitem, é mais fácil inventar virtudes do que reconhecer defeitos.

Eu nuca fui um exemplo de pessoa, mas não prego o que não faço. Não quero salvar o planeta, no máximo resolver meus problemas e consequentemente dos que me cercam. Admito que sou um grande egoísta, chato contumaz, e tenho completa aversão a utópicos, hipócritas de ocasião. Volto em breve com outro texto para complementar.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bebidas, Bukowski e solidão

Há poucos dias terminei de ler o livro Mulheres, do Bukowski. Como não podia deixar de ser, identifiquei-me muito com o personagem. Os conflitos, o desapego e a indiferença contumaz do escritor - o alter ego Henry Chinaski -, são apenas algumas das características. É realmente curioso, o velho safado consegue ser envolvente mesmo numa linguagem simples e recheada de palavrões, bem no estilo “a vida como ela é”.

Uma das coisas que chama a atenção é o fascínio que o escritor causava em suas fãs. Em suas obras, Bukowski/Chinaski sempre englobava coisas do seu cotidiano, situações que vivenciou, de forma que seus escritos sempre refletiam muito da sua personalidade e sua vida. A forma solitária, singular e desbocada de ser, parecia ser seu charme, e isso lhe propiciava inúmeras mulheres.

Com todos os defeitos do ser humano, às vezes são justamente os deméritos que atraem e apaixonam, e não as qualidades alardeadas e exaltadas aos quatro cantos. Pessoas mais evoluídas conseguem compreender, filtrar e superar pré-conceitos, deliciando-se dos momentos de prazer.

Em tudo que leio, escuto, estudo e vivencio, nada me atrai mais do que quando se fala em solidão. Letras de músicas, escritores, filósofos, entre outros, sobressaem à maioria quando se compara a qualidade oferecida no conjunto da obra.

Certa vez estava conversando com um companheiro de boteco, músico e compositor dos melhores, quando toquei no nome de Schopenhauer. De imediato, Renato Fernandes se revelou leitor do autor alemão, talvez daí saia uma das fontes da genialidade de suas canções de blues.

Todos nós temos necessidades, mas com o passar do tempo, nossas prioridades mudam. Há dez ou quinze anos, eu, por exemplo, era o maior arroz de festa - não perdia um único evento de porte. Hoje, só me prontifico a sair de casa ou viajar se realmente tiver algo que considere valer à pena. Dedico meu lazer apenas para viagens visitando amigos e para algo raro e que me seja caro.

Bukowski era viciado em mulheres, e quem não o é? O problema é ter alguém invadindo sua intimidade mais que alguns dias. Todo bêbado gosta de sentar, beber e não ter ninguém para enchê-lo e dar satisfação. Isso é algo impossível para um compromissado com um ser que quer fazer de tudo para substituir até o ar que se respira.

Paga-se um preço pelas escolhas, nada mais justo para ter uma vida conforme se deseja. Uns nasceram para serem dominados, subjugados ou para alegrar a família e a sociedade. Gostam do mundo perfeito. Outros, mais “endiabrados”, preferem um boteco sujo, um livro instigante, um quarto de hotel, uma transa casual, um copo de whisky e acima de tudo, sua liberdade, sem dogmas e muito poucas regras para seguir.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O aumento do número de vereadores, uma vergonha nacional

Volta à tona o tema do aumento do número de vereadores, pululam nos mais diversos municípios brasileiros notícias sobre essa excrescência. Novamente a inteligência alheia é colocada a prova. Novamente nossa paciência é testada e mais uma vez fica provado que a opinião popular, do eleitor, pouco ou nada vale para a classe política.

Em 2007, na contra mão do que anseia a população, nossos “queridos” edis tentaram aumentar o número de cadeiras já para as eleições de 2008, o que foi rechaçado pelo TSE. Neste ano, diversas casas legislativas estão debatendo o tema, já que isso precisa ser aprovado antes de outubro do corrente exercício, um ano antes da próxima eleição. Escrevi sobre o tema em 2007 e vou me utilizar de trechos do artigo para pautar minha opinião, que permanece a mesma!

Alegam os vereadores que o aumento de vagas não onera o município, pois, teoricamente, a verba destinada para tal despesa estaria vinculada proporcionalmente à arrecadação municipal. Faço a seguinte indagação: será que podemos nos dar a esse luxo? Com a saúde e educação em condições precárias – muito longe do ideal -, um formador de opinião, “defensor dos interesses do povo”, deveria estar clamando por melhora nesses setores, não em um elefante branco que é a Câmara Municipal.

Qual a relevância de um vereador? Sinceramente, a mesma de um deputado estadual, ou seja, praticamente nula. Já está mais do que provado – pelos exemplos nacionais, estaduais e municipais – que os nossos políticos, na imensa maioria, não estão preocupados com os interesses da população. Políticos são eleitos para representar seus eleitores e defender o interesse público, na prática, preocupam-se única e exclusivamente nas finanças pessoais, muitas vezes por formas ilícitas.

Não há colocação plausível que justifique o aumento de parlamentares, nem mesmo a suposta representatividade. Praticamente todas as ações realizadas pela Câmara Municipal poderiam ser feitas e substituídas por secretariados eficientes e um modelo de gestão adequado. Aprovar nomes de ruas e autorizar a realização de festas populares, não justifica. Fiscalizar as ações do executivo? Seria muito mais eficaz com uma auditoria composta de pessoas qualificadas e técnicas.

O curioso é que só vemos vereadores e pretensos candidatos defendendo um absurdo desses. Ninguém quer largar a “boquinha”, e outros pretendem mamar também. Jamais vi um cidadão comum e sem amarras partidárias, com um discurso semelhante.

Em diversas cidades já estão ocorrendo movimentos da sociedade organizada tentando reverter essa estultice, e acredito que devemos dar completo apoio e nos mobilizar também. Os próprios políticos, com suas péssimas atitudes, fazem com que pessoas de bem se afastem cada vez mais da vida pública e se interessem por ela.

Vivemos há algum tempo em estado de falência moral política, e ao invés de lutar por reverter esta imagem, nossos parlamentares vão no sentido completamente oposto. Muito me entristece em ter que escrever este texto, tendo por base a declaração de um amigo pessoal, que conheço há anos e tinha como uma das poucas referências políticas, que considerava a exceção que confirmava a regra.


sábado, 23 de julho de 2011

Nós, os intolerantes



Estive dando uma lida nos diversos sites de revistas, jornais e blogs. Inclui em meu roteiro até mesmo a dita imprensa governista, ou chapa branca, se assim preferirem. Verifico em todos os locais artigos e matérias bradando contra a corrupção, cada qual dando seu contorno e ótica. Esse lamaçal nos afasta da política!

Há alguns dias observei uma discussão em um fórum da internet, nela alguns atacavam ardorosamente os governos petistas, e em sua defesa havia uma militante – quase histérica – a defender com unhas, dentes e todos os clichês possíveis, mesmo os mais toscos e já enterrados pela avalanche dos fatos. Penso comigo: quem é probo e tem isso bem definido em sua personalidade, em hipótese alguma deve aceitar ou minimizar ilicitude, independente do autor, credo, filiação, etc. Mas a militância sempre ignora fatos e se utiliza de uma moral seletiva, torpe e rasteira – seja ela da situação ou da oposição.

Não defendo este ou aquele governo, pelo contrário! Já fui chamado de capitalista, anarquista, fascista, direitista e até mesmo, petista. Sempre dependendo da posição ideológica do oponente.

Eu não sou da torcida adversária, assim como diversas pessoas que me cercam e coadunam os mesmos valores morais e éticos. Apenas nunca aceitei a lógica de que os fins justificam os meios. Não podemos tolerar desvios – de qualquer natureza – de pessoas imbuídas de autoridade e responsabilidade públicas. Até mesmo uma recusa ao exame do bafômetro. Qualquer tipo de impropriedade cometida deveria ser agravante devido ao cargo ocupado, não o contrário!

Li há pouco uma frase - atribuída à nossa presidente - com o seguinte teor: “pelo fato que é do PT não significa que esteja certo. Pelo fato de ser da oposição não significa que esteja errado”. A governante tem razão, e se continuar sua “faxina”, tem meu apoio. – atitude que seu antecessor nunca tomou, frise-se. Órgão público deveria ser ocupado por gente idônea e competente, não por apaniguados políticos, estúpidos e corruptos!

Há uma corrente que cresce a cada dia, completamente intolerante com a política. Não temos mais norte moral, ele sucumbiu aos anos do lulopetismo. Os poucos seres honestos e decentes que possuímos, começam a não enxergar mais luz no fim do túnel.

Nós, intolerantes com a corrupção, estamos órfãos de representantes nas casas legislativas de nosso país. O momento é grave, é de falência completa de valores cívicos e morais. Praticamente todas as esferas de nosso Leviatã estão podres. Já estou sendo repetitivo neste discurso, mas é o único que me resta.

Ao deixarmos de tolerar a corrupção, criamos um Estado dentro do próprio Estado. Afinal, se o ente maior não nos supre em nossas necessidades, tentamos nos imunizar ao seu contágio maléfico e tendemos a ignorá-lo por completo. Só resta saber quem perde mais nesta equação. Ainda é cedo para dizer, mas ninguém pode nos culpar por não tentar . . .

terça-feira, 12 de julho de 2011

É Apenas Rock'n Roll


Algumas coisas definem nossa personalidade, alguns hábitos demonstram nosso estilo de vida, caráter e intelecto. Roqueiros, via de regra, são polêmicos, autênticos e – nem todos –com uma boa cultura, arrisco dizer que acima da média nacional.

Muitos dizem que o rock é eterno, de certa forma, penso eu, a boa música é eterna. Mas convenhamos, dos clássicos que permanecem nas últimas décadas, o grosso é oriundo do meio das guitarras nervosas, graves bumbos e vocais agudos/graves. De um conjunto harmonioso chamado Banda.

Numa data de comemoração, temos que agradecer a quantidade de atrações de peso que visitarão o Brasil. Do Black Label Society em agosto, Eric Clapton em outubro, Pearl Jam em novembro e até mesmo o lendário Roger Walters em 2012.

Morando no RS, tive a oportunidade de me deparar com velhas bandas, que há anos, talvez décadas, nem ouvia falar. Vi os Raimundos, que confesso, surpreendeu-me! Na semana passada tocou aqui próximo o Nenhum de Nós. Quase todos os sucessos dos anos 80 voltaram à tona nos últimos tempos.

Em contrapartida, nunca estivemos em uma fase tão ruim para novos talentos, ao menos os que surgem a nível nacional/mundial. A escassez é gritante! Deixo claro, temos excelentes músicos, mas não chegam a ganhar destaque, por isso falo do que tem vulto.

Ah, antes que me esqueça, o sagrado nome do rock anda sendo jogado – literalmente - na latrina quando classificam excrescências como umas bandas emos no mesmo estilo musical.

Do mago das guitarras, como Jimi Hendrix; do vocal inigualável de Janis Joplin; dos hilariantes australianos do AC DC; do dançante Led Zeppelin; do simpático “príncipe das trevas” Ozzy Osbourne; dos técnicos e sincronizados do Rush; da rebeldia dos Rolling Stones; da pancadaria do Metallica; da velocidade do Slayer; da atitude do Sepultura, pouco ou nada mudou ou restou. O cenário atual carece de inovação.

Enquanto ainda temos vivos os ídolos de duas, três ou quatro décadas, ainda não estamos órfãos, mas o que será da geração futura?

Precisaremos de uma Suicide Solution para encontrarmos The Spirit Of Radio?

Continuaremos gritando I Wanna Be Sedated?

Espero que não! Que nossos jovens talentos desaflorem, afinal It's A Long Way To The Top (If You Wanna Rock 'n' Roll).

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sobre correntes e spams

Diariamente somos bombardeados por e-mails de crianças desaparecidas, correntes que prometem realização de desejos “impossíveis” se repassadas. Temos ainda as correntes de cunho religioso, que na mesma linha de raciocínio, pede o encaminhamento e a “difusão” da palavra do senhor.

Existem pessoas que não ligam muito para os spams, outros os apagam sem nem abri-los. O problema é que tem muita “pegadinha”, às vezes abrimos pensando ser outra coisa, e quando verificamos mais afundo, é milionésima vez que olhamos para o rosto de uma criança, que há uns 10 anos está desaparecida, ou pior, fotos de mau gosto com bebês doentes, que pregam o repasse da corrente alegando que a família receberá U$ 0,05 por cada reenvio. Isto é uma mentira deslavada! Basta ter mais que dois neurônios para entender isto. Lembram o e-mail da Nokia? Pois é, e tem muita gente que se diz inteligente que repassou.

O intuito da maior parte das pessoas, quando reencaminham as mensagens, é nobre. Mas da mesma forma que se perde tempo reenviando uma corrente, podemos perder mais alguns segundos e dar um “googlada” com o nome da criança e o termo “crianças desaparecidas”, acredito que muita gente se surpreenderia com o resultado.

Agora, acreditar que encaminhar e-mail para cinco, dez ou vinte amigos, que um desejo será consumado, é assinar o atestado de burrice!

Acredito que a parte mais espinhosa de toda essa história é a religiosa. Eu, por exemplo, sou agnóstico, e não fico tentando desacreditar os crentes. Particularmente, quando vejo qualquer alusão ao termo Jesus e Deus, apago. Como já disse, o intuito pode ser nobre, mas os textos são toscos por si só. Já se iniciam apelando para o emocional: “você tem tempo . . .”. Temos que entender que – apesar da maioria cristã – muitos não professam da mesma fé.

Posso dizer que sempre gosto de receber textos e matérias, normalmente são encaminhadas por pessoas que já entendem meu gosto pessoal. Também encaminho meus próprios ensaios aos amigos que tenho cadastrados, é interessante receber os comentários no feedback. Normalmente o intuito é promover um debate ou reflexão. Mas são esporádicos e de produção própria, e tenho selecionado melhor a quem enviar. Por exemplo - já visando acabar com o spam - deixei de repassar muitos dos artigos, por entender que não era o caso. Posto apenas no blog, e em alguns casos, envio para publicações nas quais colaboro.

Minha produção escrita também anda pífia, não sei se é falta de inspiração ou se estou emburrecendo, pode ser a soma dos dois. Fui convidado para colaborar com um site de nível nacional, vinculado a um Instituto de um ex-presidente. Vamos ver se consigo estar à altura.

Mas é isso, dentro do contexto da mediocridade reinante, podemos fazer nossa parte e evitarmos a “proliferação das pestes”. Desde já informo que não mais enviarei e-mails com minhas divagações, este pretende ser o último. Postarei apenas no blog e divulgarei nas redes sociais, quem tiver interesse, clica e lê, se for o caso, comenta também.

terça-feira, 29 de março de 2011

O direito dos idiotas


Há algum tempo ando afastado do meu hobby da escrita. Na semana passada acompanhei uma discussão sobre uns impropérios tecidos por um ator ao estado do Piauí. Logo em seguida, fiquei sabendo de outra asneira proferida por um “cantor” adolescente sobre a região amazônica.

Até ai nada demais, oras, ambos os falantes têm o direito de deslizarem nas palavras. Mas a reação da turba - supostamente ofendida - foi algo completamente desproporcional. Ambos tiveram eventos marcados por aquelas regiões, cancelados.

Quem é que nunca disse uma asneira, daquelas bem cabeludas? Isso é normal que ocorra, e o disparate é inversamente proporcional à quantidade de massa encefálica que possuímos. Pelo que vi, ambos têm deficiência com neurônios.

O ator eu desconhecia, a “banda” eu nunca ouvi – evito rádios e a mídia convencional -, só vi algumas vezes, pois o visual esquisito que me chamou atenção, que não considero algo adequado para meus padrões de vestimentas. Mas o problema é deles, se querem se vestir assim, têm o direito!

Nunca entendi essa relação doentia entre o bairrismo e os idiotas. Começo a enxergar algo além. É comum que os menos favorecidos intelectual, financeira e moralmente, busquem formas de escape para suas frustrações. Daí a explicação do alarde ao que “pensa” ou diz alguém que nem merece muita atenção. Na verdade – para os casos em questão -, ganharam cartaz e visibilidade além do que mereciam.

Há uma frase atribuída ao escritor Samuel Johnson: “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”. Acredito que a referência é justamente para casos como os supracitados. Desculpem-me meus caros, mas as assembléias legislativas, os programas de TV, entre outros, deveriam ter coisas mais importantes do que se incomodar com biltres saltitantes. Deveriam . . .

Eu, assim como qualquer pessoa normal, também tenho meus momentos de idiotia – um deles foi em um comentário infeliz semana passada em meu ambiente de trabalho, mas isso é outra história.

A récua de algozes é pior, muito pior que os novos “inimigos” do Norte e Nordeste. Afinal, eles tiveram tempo para pensar e planejar suas ações. Recordei-me do episódio que ocorreu com o colunista Diogo Mainardi e Cuiabá – cidade lotada de bairristas, frise-se! O que foi escrito foi mal interpretado, mas a manada não raciocina muito quando o assunto fere o “decoro” da terra natal. Mas não dá para pensar em interpretação de texto em uma terra que até o sertanejo é “universitário”.

Temos exemplos diários de babaquices, só que é difícil entender o que move os corações abarrotados de ódio, como o dos “ofendidos”. Acredito que se o comentário fosse o inverso, oriundo de um morador daquelas plagas contra São Paulo ou Rio de Janeiro, passaria completamente despercebido. Mas o coitadismo, o politicamente correto resolveu triunfar na cultura brasilis. Não dá para esperar muito de uma terra onde idiotas criam leis racistas para combater, pasmem, o racismo.

A defesa das liberdades individuais, do direito de sermos idiotas, pode parecer mais uma tolice, mas não é! O patrulhamento tosco e sem fundamento, pode virar algo muito pior que meras churumelas de apresentadores e políticos oportunistas. A história está repleta de exemplos, que o digam os idiotas religiosos de nossa antiguidade, e até mesmo de um passado recente.

O que pensa ou deixa de pensar um ator desconhecido e um “aborrescente” emo, pouco me importa, mas quando formadores de opinião, parlamentares e pessoas influentes se sentem ofendidos por algo banal, começo a me preocupar. É, estamos mal, muito mal.

Já morei em diversos locais pelo país, conheço o Brasil muito melhor que considerável parcela da população. Cada local possui seus encantos, suas particularidades e defeitos. Não é censurando, calando e atacando ignorantes que vamos resolver problemas de autoestima, de egolatria e de carência de afetividade.

Eu, por exemplo, aprendi a amar cada cidade que morei, mas jamais deixei de enxergar suas peculiaridades e deficiências. Afinal, idiotas existem em todos os cantos, seja no meio artístico, político, social ou intelectual. Falta-lhes apenas a hombridade de aceitarem isso.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Perdendo minha fé?

Há muito tempo adotei uma postura cética sobre tudo e todos que nos cercam. Tornei-me um racionalista com o passar dos anos. Dentro desta ótica, passei a enxergar defeitos e virtudes onde antes não os via. Com a maturidade obtida no passar dos anos, tornei-me mais e menos tolerante ao mesmo tempo, tudo dependendo do contexto a ser analisado.

Os que me são mais próximos, sabem que sou um descrente. Não tenho fé em deuses, não possuo dogmas absolutos e nem pauto meus atos por livros, escrituras e instituições consideradas sagradas. Pauto única e exclusivamente pelos meus valores morais e individuais adquiridos ao longo de minha existência.

Por que escrevo este texto? Escrevo porque a maioria de nossa sociedade ainda depende da crença em algo superior para pensar e agir, e nós, agnósticos e ateus, somos uma ínfima parcela, pouco ou nada compreendida. Às vezes, somos até mal vistos pelos mais fundamentalistas.

Vejo, diariamente, pessoas creditando seus sucessos a um Deus, pouco ou nada é ao que realmente importa, o esforço e a dedicação pessoal. Não os culpo nem os julgo, só quero deixar claro, que por mais que se crê em algo, que ore ou reze, de nada vai adiantar se não se dedicar no objetivo proposto. Em termos cristãos, podemos dizer que é algo como livre arbítrio.

Curioso um fato que sempre me deixa a pensar, não vejo descrentes querendo mudar a opinião de religiosos, pena que o inverso não pode ser aplicado, não na regra social. Oras, somos mais de 6 bilhões de entes, com uma infinidade de crendices, e todos, sem exceção, dizem-se o caminho da verdade. Quer dizer, na melhor hipótese, considerando as maiores agremiações, 4 bilhões - no mínimo – estão errados!?

Uma vez perguntei a um ateu – extremamente culto e articulado -, como havia se tornado cético, a resposta imediata foi: lendo a bíblia. Não partilho a opinião dele, que só vê malefícios nas instituições “sagradas”. Mas ao ler e estudar toda nossa história, fica difícil crer nos argumentos daquelas instituições, de todas, frise-se. Na maioria, são teses fracas e de fácil desmonte.

Um perfeito exemplo da necessidade de aprofundamento nos estudos, sejam quais forem,ocorre com uma frase de Voltaire – um dos maiores críticos das religiões que se tem notícia –, que diz: “Se Deus não existisse, precisaria ser inventado”. Basta uma lida na sua obra para entender que isso é uma crítica, não uma afirmação benévola. E assim vai a maior parte das defesas em nome da fé.

Não tenho intuito de criticar ou mudar a opinião de quem quer que o seja, mesmo porque, vejo que as instituições religiosas são ainda de extrema importância para a formação moral dos cidadãos. Não dá para desmerecer a influência dos ensinamentos judaico-cristãos para o ocidente, mas também não podemos tolerar fanatismo, nem mesmo o ateísmo militante – o que de certa forma se torna uma religião.

Atrocidades foram e são cometidas em nome da fé, antes que alguém venha dizer que regimes ateus também mataram milhões - como o caso da URSS - já digo que o comunismo em sua utopia do “Partido”, nada mais era que outra forma de crença fundamentalista.

Talvez nós todos necessitemos de crer em algo, seja em divindades, na razão, em um copo de cerveja ou o que quer que o valha, mas tudo seria bem mais fácil e aceitável se os indivíduos fossem respeitados, independente de credo, cor, classe social ou qualquer parâmetro utilizado para identificar uma minoria/maioria.

Eu, por exemplo, não consigo acreditar em nada que me cerceie a liberdade, nada que diga que o que eu gosto de fazer é pecado, algo ruim. Jamais aceitaria como norte algo contraditório, que perfeitamente explicita o faça o que digo, mas não faça o que faço.

Acredito nos méritos individuais, nas conquistas e na paz interior, que só podem ser alcançadas de dentro para fora, sem necessidade de nenhuma instituição ou ser alheio aos meus pensamentos, de nada que provenha de algo intangível e que seja imposto.

Estou perdendo minha fé? Creio que não, simplesmente evoluí, para alguns posso ter regredido, mas não há nada que digam ou façam que mudará minha opinião. Respeito quem me respeita, faço votos que sejam muito felizes nas vidas que abraçaram, eu vivo muito bem dentro da minha razão.

“A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais” – Arthur Schopenhauer

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Despedidas e recomeços


Há pouco mais de dois anos, escrevi um texto intitulado Idas e vindas, nele divagava sobre meu retorno a Dourados, após mais de treze anos vagando pelas cidades país afora. Hoje, novamente venho refletir sobre os rumos abraçados por este escriba.

Naquela época, pensava em plantar raízes de vez na cidade dourada. Não tinha intenção em novamente me afastar dos entes queridos. Como havia dito na oportunidade, felizmente, não existem valores nem verdades absolutas.

Há alguns dias me estabeleci em Lajeado, RS, sem previsão de retorno para morar no MS, o que talvez possa nem ocorrer a curto/longo prazo. Mas como busco satisfação pessoal, e esta escolha em nada muda os rumos que trilhei, abracei a causa. Foi uma decisão estritamente pessoal, mas voltada para meus interesses profissionais.

Com a evolução da internet, a ampliação dos voos domésticos e melhora em nossa infraestrutura logística, as distâncias hoje são basicamente inexistentes para quem acostumou viajar. Posso - pelo menos uma vez por mês - visitar os entes amados, e eles podem fazer o inverso. Estou mais próximo de lugares que me proporcionaram maior acesso ao que realmente gosto de fazer como lazer. Sem contar que farei novas amizades, conhecerei lugares e ampliarei meu leque de informações.

Curiosamente, nunca havia passado pela minha mente em morar na região Sul. Mas, sinceramente, não há nenhum obstáculo – ao menos até o presente – que possa diminuir meu entusiasmo na fase vindoura.

É uma fase de crescimento, posso ler mais, talvez conquistar coisas que demorariam mais tempo e me aprimorar melhor espiritualmente, no quesito da busca incessante pela paz interior.

Pelo menos, até agora, não tive que engolir nenhum fracassado reclamando do mundo pela própria incompetência. Justamente por isso, tenho evitado colunistas de jornais regionais e os “bichos grilos” de sempre, que pululam por todos os cantos do planeta.

Vou me utilizar no momento de uma passagem do livro A revolta de Atlas, de Ayn Rand: “o trabalho* exige que o senhor venda não a sua fraqueza à estupidez humana, mas o seu talento à razão humana”. É nesta linha de ação que estamos progredindo. Enquanto fracassados por natureza buscam culpados pelas próprias limitações, que sempre se sentem explorados e nada fazem para superar suas fraquezas, outros tentam remar contra a maré de incompetência reinante. Alguns podem interpretar erroneamente este texto, não é a intenção parecer arrogante ou o que quer que o valha, simplesmente é um desabafo contra a massa que nos cerca.

Saudades sempre existirão, seja de amigos, parentes, de amores ou naquela sessão nostalgia. Basta saber aproveitar o que realmente a vida nos proporciona, encarar desafios e primar por aquilo que nos é caro, seja no pessoal ou no profissional.

“Seja o que for que sejamos, somos nós que movemos o mundo e seremos nós que vamos salvá-lo” – Ayn Rand, do mesmo livro supracitado.

*Troquei a palavra dinheiro do original, por trabalho, para se adequar ao texto escrito, o trecho faz parte de um discurso magistral do personagem Franciso D’Anconia, em um capítulo que refuta a frase imbecil: “O dinheiro é a origem de todo o mal”.