quarta-feira, 1 de abril de 2015

A falácia da luta pela democracia

Há uma falácia muito difundida entre nossos teóricos esquerdistas – frise-se: teóricos! – de que quem pegou em armas contra a ditadura militar, “lutava pela democracia”. Estranha noção de democracia dessa classe que se diz pensante, entre eles inúmeros professores muito titulados . . . Isso é e sempre foi uma mentira retumbante!
Em recente pronunciamento nacional, a nossa presidente mentiu mais uma vez ao dizer que ela lutou para que nós, cidadãos comuns, pudéssemos protestar. Desde quando alguém que lutava para implantar um socialismo marxista-leninista luta por liberdade? Desde quanto uma ditadura do proletariado é diferente de ditadura? Segue trecho do depoimento de Dilma à justiça militar em 21 de outubro de 1970:
"Que se declara marxista-leninista e, por isto mesmo, em função de uma análise da realidade brasileira, na qual constatou a existência de desequilíbrios regionais de renda, o que provoca a crescente miséria da maioria da população, ao lado da magnitude riqueza de uns poucos que detêm o poder e impedem, através da repressão policial, da qual hoje a interroganda é vítima, todas as lutas de libertação e emancipação do povo brasileiro. Dessa ditadura institucionalizada optou pelo caminho socialista".
Posteriormente a deputada do PCdoB, Jandira Feghali, endossou essa mentira da “luta pela liberdade” no plenário do congresso, em 17 de março de 2015: “. . . todos nós, que perdemos vidas em nossos partidos, particularmente comunistas, para dar a eles a liberdade de se expressar e opinar na rua”. Adoraria conhecer um único país comunista que respeita liberdade de expressão!
Para contrapor a mentira propagada, cito o historiador, esquerdista histórico e ex-membro do MR8, Daniel Aarão Reis: “As esquerdas radicais não queriam restaurar a democracia, considerada um conceito burguês, mas instaurar o socialismo por meio de uma ditadura revolucionária”.
Reforço com o ex-guerrilheiro, Fernando Gabeira: “havia muita gente lutando pela democracia no Brasil, mas não especificamente os grupos armados, que tinham como programa esse processo de chegar numa ditadura do proletariado”.
Poderia ainda citar outro esquerdista histórico, Jacob Gorender, que estudou exaustivamente o período e chegou à conclusão que nossos “democratas” mandavam militantes treinar guerrilha fora do país antes mesmo de 1964. Hobby estranho esse, não?
Tenho entre meus amigos pessoais, um senhor comunista e que possui uma das maiores bibliotecas sobre o período militar que já vi. Ele afirma também que o maior erro das esquerdas foi a luta armada.
Vejam bem, não vim aqui defender ditadura alguma! Já citei anteriormente que sou contra o impeachment da presidente Dilma, por ser legalista e ter lido a Lei sobre o processo. Mas o que não dá mais para tolerar, é que pessoas públicas, investidas de autoridade e que deveriam prezar pelo decoro que lhes foi conferido, continuarem mentindo e distorcendo fatos históricos.
Pelo que ando lendo e analisando, há mais historiadores precisando estudar história do que nós - meros curiosos -, que insistem em ter senso crítico e remar contra a corrente, buscando fontes alternativas e nos aprofundando em assuntos que nos causam interesse.

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