quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Porque ser apartidário

Novamente estamos em época de eleição, novamente temos que nos deparar com a grande e explícita hipocrisia dos mais variados candidatos e militantes. Vale a pena defender uma agremiação nos moldes atuais? Alguém em sã consciência daria a cara a tapa por um partido?
Nossa legislação obriga que um postulante a um cargo eletivo se filie a uma entidade. A quantidade de siglas existentes por si só já demonstra que há algo de muito errado em nosso sistema eleitoral. Quantos destes possuem um programa realmente aplicável e que mereça respeito? Quantos não possuem entre seus quadros, vários membros envolvidos com denúncias de corrupção ou que pregam ideias estapafúrdias?
Partidos tendem ao fisiologismo de forma doentia e perniciosa. É um campo farto para a corrupção, um verdadeiro culto ao ilícito. É uma generalização que pode até ser injusta com as raras exceções, mas não deixa de ser o espelho da atual situação. Nada que uma filiação possa oferecer paga o fardo da imoralidade, da antiética.
Há nove anos escrevi um texto com este mesmo título, onde elencava vários argumentos para não ser filiado a nenhuma instituição política, passados os anos, não mudei minha opinião. Talvez tenha amadurecido em alguns pontos de vista somente.
Tenho visto pessoas que considero idôneas pleiteando cargos eletivos, talvez num alento de moralizar algo que parece impossível de ser feito. Admiro quem tenta tal façanha. Mas é claro que ampla maioria dos candidatos não merece o menor crédito. A militância então, chega a ser pior que os protagonistas em muitos casos. Torço sinceramente, que neste ano as cadeiras – tanto do executivo como do legislativo – sejam renovadas. Os que aí estão pouco ou nada serviram até o presente.
Por minha postura libertária, já fui até taxado de anarquista, mas sei muito bem onde piso e o que prego. Sou – como muitos que conheço – politizado, mas não coaduno com o método vigente. Defendo instituições de Estado e não de Governo!
Para piorar tudo, ainda temos uma massa que pouco ou nada entende do pleito e de como funciona os poderes legislativo e executivo. Dentro dessa mesma massa, estão os que ligam para candidatos pedindo favores pessoais – dos mais variados – e depois vão berrar aos quatro cantos contra a corrupção. Neste caso cito Schopenhauer: “O vazio de suas vidas interiores, a obtusidade de suas consciências, a pobreza de suas mentes os levam à companhia de outros homens como a si mesmos, pois similis simili gaudet (cada qual com o seu igual)”.
Nós, como eleitores, temos sim que ouvir as propostas, estuda-las e conhecer bem os projetos dos postulantes aos cargos, o que não significa abraçar sua causa e ficar cego.
Ser apartidário não é o mesmo que ser apolítico, nada nos impede de ter ideais e de defendê-los, mas é no descolamento das amarras doutrinárias que florescem grandes pensamentos, onde aumenta o senso crítico e a visão realista; é exatamente onde se pode cobrar de todos o compromisso com o dever.
O sem partido é livre para criticar qualquer parlamentar, é livre para cobrar soluções dos mais variados temas – é este ser que não precisa ser traído para mostrar a falta de caráter incutida na Pólis. É este ser que pode defender a liberdade econômica e a inclusão social ao mesmo tempo, isento de apreciação desfavorável de qualquer radical ideológico. Os partidos podem até pregar que seus integrantes também possam, mas não é o reflexo da prática.
“Um dos castigos por recusarmos a participar da política é que seremos governados por homens inferiores a nós.” – Platão

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O rock, dificuldades e gratificações

Refletindo ultimamente sobre aquilo que me agrada, acabei por conciliar devaneios e lembranças com os dois anos em que tentamos fomentar um gênero musical que não é o forte no interior do Brasil. Ao se falar em rock’n roll, vem de imediato à mente os estereótipos, as dificuldades para bandas e bares, o desconhecimento e falta de apoio, muitas vezes oriundos de membros da própria tribo.

Não sou músico, nunca tive curiosidade e tempo de aprender a tocar nenhum instrumento, apesar de já ter até comprado uma guitarra. Gosto das melodias, letras, riffs e da atitude do gênero rebelde e barulhento. Por todas as cidades e estados que passei, sempre fiz amizade com o nicho que gosta do estilo que levou ao estrelato milhares de “gênios” malucos e incompreendidos.

É comum ver entre os mesmos que reclamam da “falta do que fazer” para quem gosta de Rock, pouco ou nada ajudar. Pior ainda é quando profissionais da área criticam quem luta por fazer algo quando nem mesmo eles o fazem.

Podemos mudar as cidades e estados, e o problema da cena é sempre a mesma! Aquele seu amigo reclama da ausência de opção, mas nem prestigiar e pagar míseros R$ 10,00 ou 15,00 está disposto para incentivar e fomentar essa cultura pouco difundida no meio que nos cerca. Muitas vezes não comparecem nem em eventos gratuitos, mas é claro, criticar sem conhecimento e engajamento fazem, e muito.

Acredito que o músico deva ser gratificado pelo seu trabalho, mas cabe também uma reflexão: se o profissional não está tocando no estabelecimento – que lhe paga quando se apresenta -, por que ele não quer pagar o ingresso para ver seus pares? É dura a vida do empreendedor que teima contra a corrente e busca manter uma casa nessa linha.

Em dois anos de existência, o Clube do Rock do Vale do Taquari já colocou para tocar no palco mais de duas dezenas de bandas de todo o Vale. Fez parcerias com bandas já reconhecidas na região. Arrecadou alimentos, rações, agasalhos e brinquedos, atendendo algumas centenas de animais, crianças, adultos e idosos, sempre com o intuito de divulgar novos talentos, promover a música e cumprir uma função social.

Entre erros e acertos, muitas vezes tiramos dinheiro do próprio bolso para conseguir cumprir compromissos e não deixar a bola cair. Há uma música do Bando do Velho Jack - banda sul-matogrossense - chamada Como ser feliz ganhando pouco, acredito que sintetiza muito bem a sina de quem empunha essa bandeira.

Amamos um estilo musical, mas também aprendemos a respeitar as individualidades e opiniões de terceiros. Cumprimos nossos compromissos, gastamos nosso tempo, suor e recursos materiais, mas pode ter certeza que é gratificante ver que ainda temos uma geração vindoura cantando, tocando baixo, guitarra e literalmente espancando uma bateria. Ações como a feita no munícipio de Imigrante – RS, em que se organiza um evento anual para festejar o Dia Mundial do Rock, demonstra que estamos no caminho certo e incentiva.


Enfim, se é uma longa viagem ao topo, que todos os amantes dessa arte se unam, deixem intrigas de lado e vamos continuar agitando em um mundo livre!