Há uma
frase – indevidamente atribuída a Voltaire – que deveria ser exaltada e muito
valorizada nos dias atuais: desaprovo o que
dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo – da autora
britânica Evelyn Beatrice Hall.
O que temos visto ultimamente, juntamente com o fenômeno da
radicalização do debate sobre os mais variados assuntos, é a tentativa de
imposição – goela abaixo – de uma visão de mundo de determinados grupos sobre
os demais. O “determinados grupos” pode ser qualquer minoria/ideologia, o que
possuem em comum é a agressividade, prepotência e desrespeito com quem pensa
diferente.
É surreal acreditar que pessoas que sofrem ou sofreram
qualquer tipo de perseguição, preconceito e agressão queiram combater esses
atos da mesma forma com que foram ofendidas. É contraditório, hipócrita e
literalmente tosco! A História deveria ser escrita para aprendermos com os erros,
não mais cometê-los - mas esse ensinamento é ignorado por uma crença cega e
doutrinária em determinado tema ou assunto.
As mentiras tomam vulto, são propagadas numa velocidade assustadora,
sem a menor preocupação de checagem de fontes. E isso não é particularidade de
um ou outro grupo, é quase uma regra de uma época irresponsável, radical e
boçal. Não importam os fatos, o que importa é que se o que estou lendo ou
repassando coaduna com minha “opinião”, às favas com os escrúpulos!
Feministas combatem machismo com misandria; negros combatem
racismo com mais racismo; liberais e socialistas esquecem completamente os ensinamentos
teóricos e defendem o que um partido ou líder prega, protagonizando verdadeiros
exemplos de vergonha alheia a céu aberto – ou para melhor contexto, em público
numa rede social; são apenas alguns de vários exemplos de como anda deturpada a
lógica. De nada importam anos de estudo, com verificação e comprovação
empírica, se eu não concordo o que vale é a minha “verdade”. Surgem
especialistas em todos os assuntos, que nunca presenciaram ou trabalharam com a
questão de forma real, prática.
A suposta tolerância só é válida quando diz respeito ao que
eu penso, o voto só presta quando meu candidato é eleito, a música só é de
qualidade quando é o meu gosto pessoal, um veículo de comunicação só é sério e
possui credibilidade quando escreve matérias que possuem uma tendência que eu
quero ler ou ouvir, e assim caminha o festival de ditadores da opinião alheia.
Tempos sombrios, onde deturpam falas, tiram do contexto e
agridem gratuitamente qualquer cidadão. Acabam com reputações. Há vários
exércitos de minorias, prontos para atacar, fazendo um patrulhamento ideológico
e comportamental. Se você faz parte de um grupo e não segue a agenda, torna-se
um pária, digno de desprezo e isolamento.
A liberdade – palavra que esteve presente em todos os
discursos influentes do último século, incluam-se todos os “ismos” – é usada
conforme a música, sempre adaptando e sendo desvirtuada. Até mesmo estilo
musical agora tem que ser necessariamente de um nicho específico, mostrando
claramente a mente totalitária de um discurso propagado como tolerante.
Confundem o artista com a pessoa, não conseguem separar o público do privado.
O direito a emitir uma opinião livre é um pilar da sociedade
ocidental e democrática. O que poderia ser prezado é apenas o bom senso, a
busca de um mínimo conhecimento antes de emitir juízo e o que nos tem faltado
como seres pensantes: RESPEITO!
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