Há
menos de um ano terminava um dos julgamentos históricos do Brasil, a cúpula do
governo petista e seus asseclas era condenada pelos mais variados crimes. Os
réus até hoje estão soltos, e pelo andar da carruagem, nenhum ficará sequer um
dia na cadeia. O atual Presidente do Senado e seu antecessor já foram
denunciados várias vezes por esquemas duvidosos, como sempre tudo acabou em
pizza. Resumo da ópera: não houve passeata de milhares, não houve gritaria, não
houve quebradeira. A indignação estava atrás dos televisores e computadores,
confortavelmente nos sofás de nossas casas.
Há
muito tempo todos reclamamos da passividade do brasileiro, do seu conformismo.
As poucas vezes que fomos para as ruas, fomos massa de manobra, ou alguém se
esquece dos caras pintadas (que incluía este escriba como homem massa aos 16
anos de idade)?
O
que tem ocorrido nos últimos dias pelo país, poderia ser elogiado se houvesse
foco, se tivesse um motivo claro e definido, porém, a “revolta do vintém” até
agora não tem nenhum argumento sustentável. É contra o sistema, ok, e o que
propõe em contrapartida? É contra a corrupção, ok, quem são os corruptos e o
que fazer com eles? Quer saúde e educação de qualidade, onde estão as
reivindicações? Em momento algum foi passada nenhuma ideia clara, além dos R$
0,20.
O
argumento de que “todas as revoltas foram sangrentas” é de uma estupidez ímpar
para justificar a depredação do patrimônio alheio. Comparar um movimento sem
liderança definida, sem causa específica e sem nenhuma proposta - dentro de um
país com governo eleito democraticamente -, com as grandes revoluções históricas,
é no mínimo uma aberração de analogia. Importante ressaltar que a maioria das
últimas grandes revoluções de que se tem notícia, transformaram-se em governos
ditatoriais e sanguinários, onde o primeiro “rebelde sem causa” que aparecesse
era fuzilando por muito menos do que estamos presenciando hoje nas ruas de
nossas capitais.
Eu
gostaria muito de saber onde estavam os atuais manifestantes nos momentos que
mencionei no primeiro parágrafo? Cabe lembrar que as citações ocorreram há
menos de um ano. Vamos mais longe, qual foi a gritaria que tivemos quando houve
a “compra” da reeleição do governo FHC, com denúncias e gravações estampadas
nas mesmas revistas que temos como “mídia manipuladora” de hoje?
Falta
foco, inteligência e liderança. Quer a simpatia de quem trabalha, paga impostos,
financia pouco que se tem de saúde pública, segurança, universidades públicas, subsidia
as passagens dos estudantes? Mostre-se como um movimento organizado,
apartidário e sem delinquência. Vivem reclamando da falta de Estado, oras, seus
representantes estão lhes dando mais governo a cada cacetada, ou a polícia é o
quê?
Como
sempre, biltres saltitantes já estão fazendo suas previsões utópicas. Como
sempre os fracassados por natureza - que não gostam do batente - já elegeram o
bode expiatório para todos os problemas, como sempre o “capitalismo selvagem” é
o algoz dos frascos e comprimidos. Como se em todos os regimes de que se tem
notícia não houve corrupção e desmandos.
Como
sempre reina a ignorância, falta de bom senso e de massa encefálica.
Ps. Muito
cuidado quando diz que quem não sai às ruas para protestar é o culpado pelos
problemas do país, lembre-se: enquanto você brinca de revolucionário, a maior
parte dos cidadãos ordeiros e defensores das Leis, está trabalhando para pagar o
patrimônio que você depredou, e muitas das vezes, nem votou na escória que está
no poder.
E
você, Che Guevara de butique, em quem votou?
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