Vivemos
um momento ímpar na história nacional, a corrupção é o tema! Essa chaga que
grassa o ser humano desde sua mais tenra idade é o holofote da vez. Não vim
aqui fazer juízo de valor de partidos políticos - não valem a lauda -, vim
dissertar sobre nós, meros mortais, nossas atitudes e convicções.
Acredito
que o único valor absoluto é a Lei, mesmo que discorde dela. O que entendemos
por valores éticos e morais são frutos de nossa educação, nossa personalidade e
caráter, dos ensinamentos que nos foram passados e a conduta aceita dentro do
contexto de sociedade. Há nesse meio um contrassenso: nem tudo que é lícito é
moral; nem tudo que é imoral é ilícito – assunto para outra oportunidade.
Há
muitas pessoas corretas, que buscam viver dentro das leis e de acordo com
aquilo que acreditam ser o certo e evitando o seu conceito de errado, mas, no
grosso da população e com base no reflexo do dia a dia, vemos muitos que cometem
pequenos delitos, é a regra e não a exceção – por mais que queiram afirmar o
contrário. Mas dá para comparar quem fura a fila com quem rouba milhões? É
claro que não! Podemos aceitar esses parcos desvios? Também a resposta é não!
Pessoas
bradam contra a corrupção sem o menor respaldo, protagonistas de crimes –
crimes previstos no código penal, frise-se. Da mesma forma que há pessoas,
ditas isentas, defendendo bandidos já condenados ou com crimes comprovados,
como se tudo fosse justificável em nome de um suposto bem maior.
Nos
últimos anos vi colegas mudando de opinião, de norte moral por diversas vezes.
Basta a situação exigir ou algum líder assim propor, já estão lá, ruminantes,
massa de manobra - curiosamente acusam seus detratores de serem exatamente
isso. Veem defeitos de outrem para tentar se enganar ou justificar, como se o
fato de um crime cometido desse aval para outro também o cometer. Vejo como uma
fraqueza de personalidade, falta de dignidade. O nível está tão baixo que
chegam ao cúmulo de denegrir o investigador e não o investigado, mesmo com atos
gravados e comprovados.
Presenciei
pessoa que roubou dinheiro - devidamente flagrada por mais de uma testemunha -
posando de probo, defensor da moral e dos bons costumes, aguerrido defensor da “legalidade
democrática atual”; vi em manifestações contra a corrupção, cidadão que
falsificava documentos para enganar instituições financeiras - que responde o
processo na justiça. O primeiro não foi denunciado - quem efetivamente foi
roubado só soube muito posterior ao fato em si -, resta-lhe o desprezo dos pares,
que agora os ignoram; o segundo pode ser absolvido nesse emaranhado jurídico do
país, mas todos os que lhes são próximos sabem que esta é sua índole, desde a
infância. Isso para citar apenas dois exemplos, entre tantos que caberiam
agora.
É uma
ocasião infeliz de intolerância e sem muito que comemorar. Não podemos mais nos
dar ao luxo de aceitar relativismo com desvios, sejam quais forem. Parem de se
posicionar como o cônjuge traído, que ao invés de separar do (a) consorte,
larga o amigo que lhe alertou. Deixou de ser problema de ideologia, passou a
ser ausência de vergonha na cara, de caráter. Não se justifica o
injustificável, simples assim!