sexta-feira, 25 de março de 2016

A corrupção nossa de cada dia

Vivemos um momento ímpar na história nacional, a corrupção é o tema! Essa chaga que grassa o ser humano desde sua mais tenra idade é o holofote da vez. Não vim aqui fazer juízo de valor de partidos políticos - não valem a lauda -, vim dissertar sobre nós, meros mortais, nossas atitudes e convicções.

Acredito que o único valor absoluto é a Lei, mesmo que discorde dela. O que entendemos por valores éticos e morais são frutos de nossa educação, nossa personalidade e caráter, dos ensinamentos que nos foram passados e a conduta aceita dentro do contexto de sociedade. Há nesse meio um contrassenso: nem tudo que é lícito é moral; nem tudo que é imoral é ilícito – assunto para outra oportunidade.

Há muitas pessoas corretas, que buscam viver dentro das leis e de acordo com aquilo que acreditam ser o certo e evitando o seu conceito de errado, mas, no grosso da população e com base no reflexo do dia a dia, vemos muitos que cometem pequenos delitos, é a regra e não a exceção – por mais que queiram afirmar o contrário. Mas dá para comparar quem fura a fila com quem rouba milhões? É claro que não! Podemos aceitar esses parcos desvios? Também a resposta é não!

Pessoas bradam contra a corrupção sem o menor respaldo, protagonistas de crimes – crimes previstos no código penal, frise-se. Da mesma forma que há pessoas, ditas isentas, defendendo bandidos já condenados ou com crimes comprovados, como se tudo fosse justificável em nome de um suposto bem maior.

Nos últimos anos vi colegas mudando de opinião, de norte moral por diversas vezes. Basta a situação exigir ou algum líder assim propor, já estão lá, ruminantes, massa de manobra - curiosamente acusam seus detratores de serem exatamente isso. Veem defeitos de outrem para tentar se enganar ou justificar, como se o fato de um crime cometido desse aval para outro também o cometer. Vejo como uma fraqueza de personalidade, falta de dignidade. O nível está tão baixo que chegam ao cúmulo de denegrir o investigador e não o investigado, mesmo com atos gravados e comprovados.

Presenciei pessoa que roubou dinheiro - devidamente flagrada por mais de uma testemunha - posando de probo, defensor da moral e dos bons costumes, aguerrido defensor da “legalidade democrática atual”; vi em manifestações contra a corrupção, cidadão que falsificava documentos para enganar instituições financeiras - que responde o processo na justiça. O primeiro não foi denunciado - quem efetivamente foi roubado só soube muito posterior ao fato em si -, resta-lhe o desprezo dos pares, que agora os ignoram; o segundo pode ser absolvido nesse emaranhado jurídico do país, mas todos os que lhes são próximos sabem que esta é sua índole, desde a infância. Isso para citar apenas dois exemplos, entre tantos que caberiam agora.


É uma ocasião infeliz de intolerância e sem muito que comemorar. Não podemos mais nos dar ao luxo de aceitar relativismo com desvios, sejam quais forem. Parem de se posicionar como o cônjuge traído, que ao invés de separar do (a) consorte, larga o amigo que lhe alertou. Deixou de ser problema de ideologia, passou a ser ausência de vergonha na cara, de caráter. Não se justifica o injustificável, simples assim!