terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Festas e reflexões


Afonso Vieira

Abro a primeira cerveja da noite desta segunda, 22 de dezembro, no mesmo momento em que começo a escrever este texto – repor as calorias após os 10 Km no Imaculada não é fácil. Não sou muito fã do natal, nunca fui, porém, acho válido como momento de reflexão. Bom, depois continuo, estão buzinando no portão.

Voltei, e faço questão de registrar isso no texto, iniciei o presente ensaio ainda nos desatinos da corrida diária, onde o pensamento vai longe, muito além da mera inspiração para escrever. Quando comecei a colocá-lo no papel, fui interrompido por um amigo, saímos pela “Golden City”, ruas cheias, nem todos os bares abertos e as mesmas figuras carimbadas nos botecos.

Voltando ao assunto de festas de fim de ano, quem me conhece sabe que sou praticamente ateu, conheço boa parte das igrejas de freqüentá-las, como discordei de quase tudo que ali é pregado, restou-me o agnosticismo. Não acredito em nada que não tenha inicio no mérito pessoal, trabalho e persistência. O natal, data de celebração cristã, serve para refletir, para muitos é momento de compaixão, arrependimento e aflorar bons fluídos. Vejo como um acerto de contas com nossa consciência, de rever nosso comportamento, aprendendo com os erros e aprimorando os acertos. É um momento também de muita hipocrisia por parte da sociedade, como se todas as ações incorretas ou omissões fossem justificadas ou enterradas em uma única data, simplesmente com um presente. Não, não é, o caráter se mede diariamente, a cada ato, correção e reconhecimento dos propósitos.

O ano que se encerra foi muito produtivo para minha pessoa, de conquistas pessoais e profissionais, com algumas decepções – o que faz parte do jogo da vida.

Politicamente falando, vejo que ainda temos muito que melhorar, o país cresceu no ranking da corrupção, a desfaçatez e o mau-caratismo peculiar dos políticos, que em tempo de crise tentam colocar milhares de inúteis nas câmaras municipais da nação, continua em combate. Algumas ações afirmativas e de cunho “social”, poderão acarretar uma piora considerável, ao contrário que alardeiam os defensores do “frascos e comprimidos”.

Economicamente, estávamos relativamente bem, mas ao contrário que uma besta propagou, a crise mundial é inevitável, e não tem nada de marola. Devido a ações do Presidente do Banco Central - que sempre foi alvo de críticas por parte de integrantes do primeiro escalão governamental – estamos um tanto menos suscetíveis a suas conseqüências.

Poderia escrever um artigo mais formal, com intuito de publicação em algum jornal, mas prefiro agregar tudo em um só, afinal, estou filosofando sobre tudo em uma espécie de balanço geral.

No quesito pessoal, estou plenamente feliz em ter retornado para minha terra amada, após 13 anos fora. Cresci intelectualmente, profissionalmente e com os pés no chão, mais do que nunca. Pretendo ler muito mais no ano vindouro, crescer mais ainda e permanecer satisfeito. Paixões foram, vieram e continuarão aparecendo, mas meu flerte com a solidão continua um elo firme, um libertário tem seus dogmas pessoais, ainda que todos os conceitos sejam relativos e passíveis de revisão.

A vantagem de ter terminado esta crônica somente hoje, terça-feira, foi que tive a oportunidade de ver um vídeo postado por um colega de comunidade do orkut, como não estou conseguindo postá-lo, procure no youtube pelo vídeo 'Playing For Change: Song Around the World "Stand By Me"', é excelente! Não deixe de conferir por completo.

Como estou fechando a conta do ano que finda, aproveito mais uma vez para cumprimentar todos meus amigos - que sabem perfeitamente que eu não os saúdo apenas no fim do ano - eu brindo com álcool todos os dias possíveis a grande quantidade de pessoas que posso dizer verdadeiras. Neste ponto, creio que sou um privilegiado como poucos.

Fica registrado meu muito obrigado pelas companhias; se errei e ainda não o reparei, fica o pedido de desculpas - que deveria ter ocorrido no ato - anote-se. Faço votos que todos sejamos melhores em 2009, que nosso convívio seja ainda mais prazeroso e saudável. Boas festas, um excelente ano novo!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mutantes


Afonso Vieira


Repensando sobre nossas vidas, comecei a meditar sobre nossa capacidade de adaptação. De como nós - seres humanos – nos portamos dentro das adversidades mundanas. Como sou alguém com uma considerável bagagem, locupletei-me por horas sobre ocupações, ócio, situações e ambientes.

Muitas pessoas são radicais em períodos da vida, talvez devido a ignorância relativa a idade, ou ainda, rebeldia sem causa ou opinião extrema sobre determinado assunto ou situação. Quem nunca se irritou com uma música, com o comportamento de outrem, com a fumaça do cigarro alheio, até mesmo com coisas das mais banais? Notem que as atitudes variam de acordo com o momento ou circunstância. Todos temos nossas limitações, propensões e ojerizas, mas somos mutantes natos; basta abrir a mente e usufruir do maravilhoso mundo imaginário.

Muitos dizem que filosofar é se desprender de dogmas, de preceitos e enxergar tudo por uma ótima diferente, até mesmo na forma de uma viagem alucinógena. Proponho que façamos isso quando confrontados com ocasiões que nos causem aversão. Oras, aquele trabalho chato, aquela festa tediosa ou aquela pessoa desagradável pode se tornar um ótimo passatempo, pode vir a ser prazeroso. Até mesmo a cerimônia mais enfadonha pode produzir bons frutos.

Quem já leu algum livro sobre teorias administrativas sabe perfeitamente que a característica de um gestor é justamente se adaptar ao meio que o cerca, a situação vigente e ante isto, conseguir resultados satisfatórios. Peter Drucker e Tom Peters eternizaram seus ensinamentos em livros, artigos e entrevistas. Deveríamos ler mais esses “gurus”, não como obras de teóricos das organizações, mas para que essas idéias nos ajudem também com o cotidiano, com afazeres corriqueiros, de modo a tornar a vida mais alegre.

É engraçado quando nos deparamos com obstáculos, eu mesmo, consigo resolver facilmente diversos problemas organizacionais, financeiros e burocráticos, mas quando parte para o lado trivial da vida particular, literalmente, “colo as placas”. O excesso de responsabilidade, de perfeccionismo, de racionalidade, pode fazer com que relute demais em atitudes que poderiam ser melhor aproveitadas, às vezes o medo de cometer um ato falho pode ser exatamente o maior erro.

O que fazer quando se é apreciador de rock e se depara com um ambiente hostil, do tipo sertanejo? Oras, se for radical, vire as costas e vá embora dormir, ou finja que a música não existe e aproveite a cerveja, as companhias e procure tirar ganho. Se aquela pessoa chata e inconveniente está desagradando, seja inteligente, faça com que certos comentários logrem umas risadas, procure entrar no ritmo do papo e tente mudar o rumo da prosa, ou ainda, tente sacar algo produtivo, se nada adiantar, mude de mesa.

O fato é, o mundo real não distingue credo, gosto ou preferência, é nu e cru. Cabe a cada um saber extrair o melhor para si; podem aprisionar nossos corpos na ditadura do status quo, mas jamais nossas mentes. Eu, como libertário, creio que preciso - às vezes - ser um pouco menos racional, recomendo cautela sempre, mas não excessiva; resta saber agora quando eu darei o exemplo a ser seguido. Como diz a letra da música:

“O que hoje somos,não se compara ao que fomos. Ao que fomos antes, quando éramos bem mais mutantes” - Bêbados Habilidosos

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Idas e vindas


Afonso Vieira


Existem momentos em nossa vida que precisamos tomar importantes decisões, muitas das vezes isso é fruto de situações alheias aos nossos interesses, outras, de caráter estritamente particular. Erramos e acertamos em tantas oportunidades, porém, a satisfação pessoal deve ser o objetivo final.

Talvez, devido ao caráter liberto de minha personalidade, tenha ido e vindo para tantas localidades, cidades e estados de meu país. Acredito que o espírito rebelde - um tanto aventureiro - tenha norteado algumas das minhas decisões, outras foram na loucura do momento, da natureza infante.

Passados praticamente treze anos após minha primeira partida, retorno ao local que sempre admirei, que me identifiquei e escolhi para ser minha terra preferida. Digo que aprendi muito nessa jornada, evoluí tanto intelectual como profissionalmente a um nível que não sei se atingiria permanecendo na terra dos guaicurus.

A cada cidade, cada lugar que passei, pode ter certeza que ficou um pouco de mim, um pouco da amizade que me é tão cara. Às vezes me decepcionei, ou o fiz com outrem, mas garanto que nunca tive esta intenção ou guardo rancor de quem quer que seja. Minhas amizades permanecem praticamente intactas, ou muito mais fortes que antes. Em cada ente municipal que residi, criei raízes afetivas que continuam firmes e fortes em minha memória, apesar da distância.

Não sei ainda, nem tentei mensurar o preço que paguei até hoje pela minha busca pela liberdade - talvez tenha sido alta demais. Só sei que redefini minhas prioridades, se cometi erros que permanecem, tentarei corrigi-los ou compensá-los. Continuo de certa forma avesso a qualquer coisa que cerceie meus ideais, mas já repensei muita coisa, talvez quebre paradigmas e dogmas pessoais, por enquanto, continuo um ermitão moderno - extremamente feliz com os rumos que agora abracei.

Um grande fato que continuo defendendo: não existem valores absolutos nem verdades universais. Talvez minha vida de andarilho, sem apego e sem rumo, possa estar chegando a outro patamar. Provavelmente estou diante de novas conquistas, novos objetivos e ideais, cabe definir o preço que pretendo pagar e quão alto chegar. Que venham os obstáculos e barreiras, porque o simples fato de ter sido novamente muito bem acolhido - rever os entes amados - já me estimulou, mãos à obra!

Ps. ando um tanto afastado da internet devido ao serviço 3G, que até agora não funcionou corretamente.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Os percalços da democracia


Afonso Vieira


Um dos fatos mais marcantes do cenário político atual, com certeza foi a eleição do primeiro presidente negro da maior democracia do planeta. Sinal de maturidade, que enche de esperanças boa parte dos corações mundiais.

Particularmente, torcia por McCain, em que pese toda a péssima administração Bush, é público e notório que um republicano é menos protecionista que um democrata, engana-se redondamente quem pense o contrário. Para nossas exportações e muita da retórica do Planalto, Barack Obama tende a ser mais prejudicial, um bom exemplo será com o nosso etanol.

Não acredito que Obama tenha ganho a eleição só pelo fato de ser negro, ou ainda, que o racismo acabou. Mas é inevitável elogiar a escolha, que faz com que muitos racistas tenham que engolir seus sentimentos execráveis. A grosso modo - independente de qual partido vença as eleições - a política norte-americana muda muito pouco, isso é uma característica de solidez das instituições. Ambos, tanto McCain como Obama, a meu ver, têm estatura para o cargo. O vencedor teve alguns pontos que jogaram a seu favor: 8 anos de Bush, U$ 400 bilhões em déficit fiscal, a crise do subprime, etc.

A ala mais radical dos conservadores, assim como boa parte da nossa esquerda, já estão enxergando um socialista na América. Sinto destruir seus castelos, um democrata fora dos EUA, sempre se encaixará mais a direita que qualquer político que conheçemos fora das terras do Tio Sam. Eles vão sempre defender seu país primeiro de tudo, são patriotas – característica que nos têm faltado, e muito.

Mudanças virão, e todos torcemos que sejam para melhor. A desastrada política externa de Bush ao menos não mais terá continuidade, nem mesmo se o vencedor fosse McCain. Mas cabe um adendo, não pensem em modificações muito profundas e que revolucionarão o planeta, uma dose de ceticismo não faz mal a ninguém.

Há pouco mais de 40 anos, era praticamente impossível imaginar que um negro - ainda mais com sobrenome muçulmano - fosse assumir a chefia do império do norte.

A alternância do poder é um dos mecanismos que fortalece os pilares da democracia. Uma oposição forte também contra-balanceia e faz parte do jogo - ao contrário do que muitos pensam e desejam. O que muitas vezes nos faz falta é um oponente de peso, vide nosso desastrado Congresso Nacional, inerte e apático com os crimes que têm ocorrido.

Odeiem ou idolatrem os EUA, mas o fato é que temos tido muito mais a aprender com eles do que com nós mesmos. O exemplo atual só reforça a tese de que a liberdade, o bom senso e os valores democráticos ainda têm tido espaço em nossas vidas, ao contrário do que poderíamos ter em uma ditadura.

“Democracia é a pior forma de governo, excetuando-se todas as outras que já foram tentadas” – Winston Churchill

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O papel da imprensa


Afonso Vieira

Estamos acompanhando mais um acontecimento trágico que ganhou os holofotes da mídia nacional. O seqüestro que culminou no ferimento de uma garota e morte de outra, e o seqüestrador – ex-namorado da falecida – foi preso. E a imprensa fazendo o circo com milhares de especialistas surgidos de última hora; os urubus dos programas sensacionalistas e até mesmo os jornais de maior credibilidade, não falam em outra coisa.

Os últimos casos de tamanha repercussão nacional foram outras tragédias com crianças, o caso do menino João Hélio e da garota Isabela Nardoni. A exposição midiática chegava a sufocar, não se ouvia outra coisa nos programas televisivos e veículos impressos. Em detrimento da qualidade, busca-se audiência a qualquer preço.

De imediato já trataram de arrumar um bode expiatório para o ocorrido, o GATE, grupo de elite da polícia paulista - reconhecido até mesmo no exterior - com um percentual de acerto acima da média. Somente este ano, em 18 ações realizadas, 47 pessoas foram salvas – são números repassados pelo jornalista Reinaldo Azevedo. Assim como ampla maioria de quem acompanhou o caso, acredito que houve erros por parte da polícia, mas afirmo com convicção, eles são os mais preparados no país para lidar com casos dessa natureza!

Até hoje tento entender qual o problema da imprensa com os homens da Lei, pois independente do desfecho dos casos, sempre são culpados de alguma forma. Tive o desprazer de ler que “todos nos acostumamos a ver com certo receio”, uma referência à polícia, exatamente isso, tem jornalista dizendo que não devemos confiar nos PMs. Façam o seguinte, no próximo seqüestro, confiem no bandido e poupem os cofres públicos de gastos desnecessários em segurança e aparato policial. Quem não gosta de polícia é marginal!

Quem tem que apurar os fatos, neste caso, são os órgãos competentes e pessoas investidas para esse poder. Não meia dúzia de palpiteiros e oportunistas de plantão.

Em contrapartida, trataram de canonizar as garotas, vítimas do meliante. Na falta de pauta ou algo melhor, esmiúçam as vidas das adolescentes à exaustão. Sou cético e tenho mania de contestar antes de tomar juízo. O culpado pela tragédia é o marginal, única e exclusivamente! Mas como é que uma garota começa um relacionamento amoroso com 12 anos de idade e sob a complacência dos pais? Os valores de nossa sociedade precisam ser revistos.

Não assisto esses programecos que fazem de tudo por meio ponto no ibope, mas li que a cobertura enquanto do seqüestro, foi outro show de horror. Como é que entrevistam - ao vivo - um bandido, dando-lhe ar de celebridade? Isso é ético? Isso não atrapalha/atrapalhou o trabalho da polícia?

Infelizmente, em um país cheio de problemas, com polícias mal pagas, educação capenga e famílias desestruturadas, qualquer circo de horror é vendido – e quanto pior, melhor. A mídia precisa rever seus conceitos, pois é a primeira a reclamar ao menor sinal de regulamentação. A ética jornalística tem se resumido a audiência, custe o que custar. Perdem a qualidade, o bom senso e a vergonha na cara.

domingo, 19 de outubro de 2008

Palpiteiros


Afonso Vieira

É impressionante a quantidade de “especialistas” que aparecem nas ocasiões de crise ou situações trágicas. O ardor por criticar e dar opinião sobre o que pouco ou nada dominam, é maior do que a própria razão ou busca pela verdade. Nem se dão ao trabalho de pesquisar ou aguardar maiores informações sobre o que propõem a debater.

A tragédia do seqüestro paulista é “a bola da vez”. Pululam textos e conversas sobre o despreparo da polícia; oras, convenhamos, se o GATE - referência até mesmo internacional em situações desse tipo - não é o melhor indicado para a ocasião, quem seria? Houve erro, sim, houve, mas já adianto, qualquer que fosse o desfecho do imbróglio, a polícia seria alvo de críticas. Se matassem o meliante e salvassem as garotas ilesas, os grupos de direitos humanos já estariam soltando seu veneno pela mídia nacional. Situações extremas não têm manual padrão, cada caso é ímpar. Alguém tem que tomar decisões, isso faz parte do gerenciamento de crises. Ninguém em sã consciência desejaria a morte das reféns, ninguém do lado da Lei! Só nos resta aguardar a apuração dos fatos por quem de direito.

Na confusão entre as polícias do estado de São Paulo, outro festival de baboseiras em blogs e jornais. Era previsível que oportunistas de sindicatos e políticos apareceriam para incitar a violência; de outro lado, há a autoridade e a Lei a ser preservada, lembrando que existe norma específica proibindo manifestações naquele local. José Serra é conhecido por sua arrogância e destempero, mas a Polícia Civil tem a incumbência legal de preservar a Lei e a ordem. O presidenciável vai ter que descascar esse abacaxi, os salários são pífios e ultrajantes para o maior Estado da Federação.

Sobre a crise financeira global, continuam as estultices sobre o fim do neoliberalismo. A maior parte dos críticos nunca deve ter lido nada de economia ou estudado como funcionam os governos ditos liberais. O que eles criticam, não passa de uma utopia que chamamos de anarco-capitalismo, que nunca existiu! Milton Friedman defendia, muitas vezes, a ausência total de regulação, mas na prática nunca aplicou isso, nem mesmo em sua passagem pelo Chile. Esses mesmos biltres ignoram que o mundo atual está em melhores condições, justamente devido ao capitalismo de mercado, que entre seus tropeços, proporcionou a significativa melhora na qualidade de vida global. Se especuladores erraram por falta de regulamentação, que se corrija o gargalo, proponham-se medidas saneadoras.

Na próxima situação de crise, dispensem os policiais, não se embasem por teorias econômicas e políticas; procurem os doutores em “achismo”, ou aquele blogueiro, pseudo-jornalista sem diploma, professores de história. Não se esqueçam da vizinha fofoqueira, ou daquele palpiteiro de internet que sempre sabe de tudo, mas nunca leu um livro com embasamento teórico sobre o tema que deseja discutir. Tenho certeza que os profissionais de segurança, políticos e das equipes econômicas ficarão extremamente satisfeitos com o desenrolar dos fatos . . .
Publicado em O Jornal do Vale, 22.10.2008

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O valor de um livro


Afonso Vieira

Recebi, na semana passada - de presente – um exemplar do novo livro do jornalista Reinaldo Azevedo, O Pais dos Petralhas. Para minha surpresa, veio autografado pelo próprio autor. Recordei-me do natal de 2005, quando ganhei de uma grande amiga, O Príncipe e Quando Nietzche chorou, o primeiro a obra-prima de Maquiavel comentada por Napoleão Bonaparte, o segundo um best seller que não me agradou muito. Mas o valor do volume se tornou imensurável, devido às dedicatórias neles contidas.

Sou do tipo saudosista, que compra um livro para guardá-lo, se ganho, seu valor é ainda maior. Normalmente escolho a dedo o que busco, clássicos filosóficos ou que falem sobre política e economia. Poucos os romances me atraem, destaco o escritor peruano Mario Vargas Llosa, autor do excelente Travessuras da menina má. Lendo Cartas a um jovem escritor - que tive a felicidade de encontrar o exemplar intacto no sebo de um amigo na Benedito Calixto, em São Paulo – abri ainda mais minha visão sobre o mundo da literatura. Mais uma obra para que eu guarde pela eternidade.

Pois é, tenho lido muito menos do que deveria, e muito mais que a maioria. Temos ótimas opções de leitura, das mais variadas. Encontramos praticamente todos os clássicos em versão gratuita na internet, os chamados e-books. Se formos analisar, temos que estimular a leitura, se não for em forma de livro que se faça na forma de jornais e revistas, sempre há algo de produtivo e interessante a se extrair.

Meu pai sempre estimulou o hábito da leitura, tínhamos uma ampla biblioteca em nossa casa, com todos os grandes títulos da literatura infantil e universal, eu cheguei a ler todos repetidas vezes. Também li - quando criança – O pequeno príncipe; quem não se recorda do Menino do dedo verde? Ou da obra de José Lins do Rego, Menino de Engenho? Tive esses trabalhos em minha posse, no percurso da vida fui perdendo, alguns ainda devem estar na chácara da família, na velha estante da sala.

Hoje, o hábito e as obras são outras, com outra ótica, mas quem não gostaria de ter um exemplar de Nietzche na sala? Costumo dizer que temos que ler o contraditório de nossos pensamentos para embasar melhor nossa opinião, neste ponto entra O Capital, de Karl Marx. Ainda irei comprar alguns que já li, mas por necessidade do ego, quero possuir: Freakonomics, A riqueza das nações, Capitalismo e liberdade, todos os livros do Llosa, enfim, são muitos, pretendo consolidar uma ótima biblioteca pessoal. Meu atual sonho de consumo é a obra de Raymond Aron, O ópio dos intelectuais, que na sondagem breve que fiz pelo google, é um investimento alto dentro de minhas prioridades atuais.

O conteúdo de um volume literário, muitas vezes, torna-se secundário devido ao valor emocional agregado. Sempre há algo de ensinamento, nem que seja somente a linguagem de Camões. Voltando ao título que originou esta crônica, ainda que discorde de várias coisas que escreva Tio Rei, vejo a qualidade de seu texto como algo ímpar no jornalismo nacional, os primeiros artigos são excelentes. E pode ter certeza, devido ao gesto de quem me presenteou, a obra vai para um lugar de destaque em meu acervo pessoal. Quem sabe um dia atinjo a estatura intelectual a ponto de escrever um livro, meras divagações de um aspirante a escritor.

http://www.campogrande.news.com.br/canais/debates/view.php?id=4166

Publicado em O Jornal do Vale, 17.10.2008


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Liberais


Afonso Vieira

Estamos vivendo uma das maiores crises financeiras de nossa história. Não bastasse a tragédia anunciada já há certo tempo, ainda somos obrigados a ler e ouvir ilações infundadas sobre os pilares do liberalismo econômico; um pouco de cultura e história sobre o assunto não faria mal a ninguém.

Cabe ressaltar que o liberalismo clássico com sua mão invisível - pregado por Adam Smith - perdeu força já no fim do século IXX - com o surgimento dos oligopólios/monopólios - diminuindo ou mesmo sepultando a concorrência nos mais variados setores.

Os governantes Ronald Reagan e Margareth Thatcher foram os grandes expoentes - no fim do último século - como defensores do livre mercado; porém, nenhum deles aboliu meios de controle estatais. Eu gostaria que algum crítico que vocifera contra a livre concorrência, mostrasse em qual Estado inexiste o poder regulador pelo ente público, qual país - tido como liberal - não possui agências reguladoras ou órgãos equivalentes?

Cabe ainda outra questão: se Fernando Henrique Cardoso - auto-proclamado de esquerda - quando criou o Proer para ajudar os bancos em estado de falência era chamado de neoliberal, porque a intervenção norte-americana é sinônimo de sepultamento do mesmo? Há incoerência nos discursos, ou é somente sanha por criticar qualquer que seja o governo que discorde? Lula já disse que não é de esquerda, mas para os louros da fama seus asseclas fingem que ele nunca professou tais palavras.

Noto um rancor tremendo, ou um oportunismo barato nas apreciações. Chamar FHC de “direita” é tão ridículo como dizer que Médici era de esquerda. Mais um pouco de história para embasar melhor o tema: nossos militares eram estatólotras, cerceavam a liberdade, concentravam o mercado e detinham controle de monopólios; seriam eles defensores do liberalismo? É claro que não!

Os conceitos oriundos dos Girondinos e Jacobinos ganharam novas feições, não cabem mais as simplórias definições. Hoje falamos em diversas vertentes - conservadores, liberais, libertários, socialistas, comunistas - todos com pontos de vista particulares; alguns até corroboram com outros em alguns temas, mas divergem totalmente em outros.

A crise do subprime, ao que tudo indica, surgiu de uma má regulação. Mas o que fazer em situação extrema? Alguém acha injusto o governo - que cobra considerável parcela todos os dias em impostos - socorrer o mercado? Oras, se não servisse para situações como esta, então serve para quê?

Não confundam defensores do Estado mínimo com anarco-capitalistas; as escolas de Chicago e Austríaca tinham seus pontos de utopia, porém, sabiam perfeitamente que não há mercado sem governo. O socorro ao sistema ainda não surtiu o efeito desejado, mas as crises servem para o aprendizado e para enxergar gargalos existentes. Perdem investidores, perdem ideólogos utópicos, aprimoramos nossos conhecimentos. Mas pedimos encarecidamente: informem-se sobre o que desejam escrever. Nós, liberais, agradecemos!
Publicado em O Jornal do Vale, 11 de outubro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Valores morais


Afonso Vieira


O que vem a ser um valor moral? Creio que sejam dogmas em que acreditamos, que temos como princípios básicos sobre honestidade, honra, lealdade, ou seja: é a nossa integridade moral.

Nunca acreditei que o homem fosse puro por natureza, como previa Rousseau; filo-me mais ao prescrito por Thomas Hobbes: “homo homini lupus". Ainda que na prática sofremos influência do meio, temos também uma carga genética a ser considerada e o empirismo do dia a dia.

Qual o valor da sua consciência: oito, dez, cem mil, um milhão de reais? Se você relutou e cogitou um valor, você faz parte de uma considerável parcela da população que não possui princípios de ética e honestidade bem formados. Basta dizer que é mais um hipócrita que critica políticos e corruptos, mas na menor oportunidade cerraria fileiras com usurpadores e improbos.

Em nome de uma amizade, você cometeria algo que considera imoral, ilegal? Cerro fila com os ensinamentos de meu pai, que se o filho cometesse um crime, ele mesmo o entregaria às autoridades – guardadas as devidas proporções do ato.

Quantas pessoas deitam, colocam suas cabeças no travesseiro e têm a certeza do dever cumprido, não perdem o sono com preocupações devido a maracutaias? A cada dia que passa, penso que esse número se reduz. Se existe um ser perveso que comete atrocidades e ainda assim não sente arrependimentos, com certeza já não se trata de um ente nas condições normais de suas faculdades mentais.

Muitos de nós temos preconceitos, dos mais diversos - em sua maioria são coisas pequenas e irrelevantes. Há ainda os que passam uma imagem perfeita, de conduta ilibada; mas atrás de uma fachada, sempre há o local para o lixo.

Pautar seus atos e atitudes pelo respeito ao próximo, honrar sua família, seus amigos, cumprir as Leis e não cometer irregularidades, seriam um bom exemplo de valores morais bem definidos, defendidos e aplicados. É triste a constatação que mesmo entre nosso meio mais próximo, isso ande tão em baixa. Castelos desmoronam a cada dia, sutentam-se apenas por imagens falsas e distorcidas do verdadeiro ego.

Todos temos nossas qualidades e defeitos; porém, ter a certeza da própria honestidade, não se arrepender das próprias atitudes, saber que cumpriu sua tarefa de forma satisfatória, deveria ser a regra e não a exceção. Andar de cabeça erguida, ter orgulho da própria probidade - nos dias atuais - é algo raro e para poucos, muito poucos.

Maquiavel é que estava certo, como sempre seus ensinamentos se comprovam na realidade dos fatos. Cabe a nós sabermos discernir, estar preparados e prontos para levantar após o próximo tombo. Lembrem-se, ainda nos resta nossa hombridade, nossa moral!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Pelo direito de não votar


Afonso Vieira

Começo o presente ensaio com a pergunta: alguém sente prazer em votar? Se sente, não coaduna com minha opinião e de diversas pessoas com quem compartilho idéias diariamente.

Já escrevi alguns textos sobre o péssimo nível de nossos representantes, com o acirramento das campanhas eleitorais, só reforça a tese de que estamos muito mal assistidos neste quesito.

Será que tais postulantes a cargos eletivos ao menos se inteiram das leis existentes, antes de soltarem as diatribes diárias? Pelo visto, não! O pior ainda é ouvir alguns supostos letrados – com formação superior, às vezes até duas ou mais faculdades e especializações – citando suas prioridades, perdem-se em seus raciocínios e acabam colocando tudo em um mesmo patamar. Quando indagados quanto aos recursos, um deletério muito comum utilizado é: “o fulano, que é do meu partido, já garantiu a verba/apoio”.Volto a enfatizar, o conhecimento de Lei de Responsabilidade Fiscal parece ser zero!

Que democracia é esta em que sou obrigado a votar? O descontentamento com a classe política é tamanho que já se constata um elevado índice de jovens que deixaram de tirar o título. A tendência de nulos e brancos deve aumentar.

Estamos sendo obrigados a fazer algo torturante. Tenho arrepios ao ver o horário eleitoral e saber que uma parcela significativa dos candidatos são professores; deve ser por isso que nosso ensino anda em nível tão deplorável. Essa constatação só reforça a pesquisa recente, sobre doutrinação em salas de aula, ao contrário do conteúdo programático.

Candidatos a reeleição - outrora a pior alternativa - despontam como os “menos piores” em meio a adversários totalmente despreparados. Sinceramente, não há nada que me convença que votar é algo bom, ou exemplo de cidadania como a demagógica propaganda da justiça eleitoral propõe. Não me alinho a nenhum partido, não me sinto representado por nenhum candidato; face a isto, já fui até taxado de anarquista - coisa que nunca fui e nem serei. Defendo o estado democrático de direito, suas leis e instituições – que infelizmente estão desmoralizadas.

As democracias mais sólidas, justamente nos países mais desenvolvidos, facultam o voto. Países com tradições autoritárias obrigam o voto. Em meio ao demagógico jogo eleitoral, ficam os cidadãos comuns - totalmente descontentes – sendo obrigados a escolher entre tantos biltres e analfabetos funcionais, quando não corruptos consagrados.

Voto sim, no direito de não votar. Pelo direito de não ser conivente com essa balburdia. Tenho consciência política, estudo o assunto diariamente, acompanho os atos de nossos representantes, e face a isto, só reforça minha antipatia. Pela liberdade e não obrigatoriedade; enquanto isso, só nos resta o nulo.

http://promotordejustica.blogspot.com/2008/09/pelo-direito-de-no-votar.html

http://www.claudiohumberto.com.br/img/src/noticia/file/Pelo_direito_de_nao_votar_doc.doc



sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Tortura!


Não, este texto não será enviado a nenhum site, nenhum jornal, quando muito repassado aos amigos. Não estou aqui para falar dos interrogatórios do DOI CODI, muito menos dos atos de Lamarca e Marighella; vou falar da tortura que é ser diferente em meio à ditadura da maioria.

Qual o problema em gostar de rock, música clássica, ópera e de música mais trabalhada? Pelo certo, não haveria nenhuma discriminação. Mas, quando se mora no interior, onde a cultura ao fútil, ao chifre e demais ornamentações atinentes ideário do povão predomina, muitas vezes nos vemos sufocados.

Recentemente um amigo escreveu um artigo na Folha de São Paulo, onde malhava toda nossa produção cultural no que tange à música. Ainda que eu goste de muita coisa produzida em solo tupiniquim, a grosso modo ele não deixa de ter razão. Tudo que não presta, vende, e muito! Oras, quem nunca se irritou com meia dúzia de retardados em volta de um carro ouvindo “música” no volume para chinês escutar? O desrespeito aos demais é imenso, e não há um pingo de educação nessa galera, pelo contrário, acham bonito ser ridículo!

Morando no Mato Grosso, a coisa tende a piorar, já que o afastamento dos grandes centros parece que é condição para nos distanciar ainda mais de qualquer produção de qualidade. Recentemente teve em minha cidade uma apresentação de jazz - nem preciso dizer que o quórum foi medíocre -, evento que me surpreendeu pela ousadia. Poucos gostam ou conhecem o gênero musical, por motivo de força maior me vi impossibilitado de assistir.

As pessoas reclamam a falta de opção, mas quando alguém prepara algo diferente, mesmo os adeptos e fãs não prestigiam. Não há peças teatrais, raramente uma feira do livro, show musical, só se for de axé, sertanejo ou funk. Como é duro dissonar do meio que me cerca.

Quando eu era mais novo até me arriscava ir a bailes, micaretas e aglomerações costumeiras, não digo que não mais o farei, mas pode ter certeza que penso várias vezes antes de consumar o ato. É, sou um chato exigente que sofre muito devido aos gostos pessoais, mas o fato é: não justifica no mundo atual, ser produto do meio, quando este é extremamente limitado.

O que nos salva do ostracismo é a internet, que nos possibilita acompanhar a evolução da humanidade. Criamos uma nova modalidade de sociedade, a virtual, onde nos falamos, brincamos, trocamos informações como se estivéssemos em uma mesa de bar. Livros? Tenho encontrado praticamente todos que preciso. Músicas? Até seus clipes consigo ver. Filme? Dá para acompanhar todas as tendências. Mas e a inteligência? Ah, a inteligência, o papo produtivo com um ser do sexo oposto, infelizmente ainda é artigo de luxo no seio que me abriga.

Torturados pela ditadura do status quo, ainda assim, sabemos filtrar, relevar e sobreviver na selva da ignorância, do fanatismo pelo medíocre e acultural. Somos produtos do meio, mas felizmente conseguimos ser um fruto sem podres, na verdade, menos imperfeitos.

Viva a diversidade! Desde que esta não me sufoque, não me obrigue a nada e respeite primordialmente meu direito de escolha. Minha liberdade!

Publicado em O Jornal do Vale, 27.10.2008

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

33



Engraçado como a idade nos faz evoluir, me recordo que na minha juventude não era muito fã da data natalícia, bobeira inerente à estupidez da adolescência; hoje vejo como momento de reflexão, alegria e exaltação ao lado bom que a vida nos proporcionou.

A música que ilustra esta postagem se chama Igreja Universal do Reino Rock, que conheci graças a minha grande amiga Yáscara. Realmente a letra tem muito da minha personalidade, já que o que ela prega continua entranhado em minhas convicções. Um garoto em pele de homem, um tanto irresponsável e totalmente responsável, ao mesmo tempo; continuo vivendo como a Banda Made in Brazil cantou: A minha vida é o rock’n roll!

Nos percalços do destino temos a experiência, entre várias cidades e estados, dezenas de verdadeiros amigos e acima de tudo, a consciência tranqüila de viver sob a égide da verdade.

Os erros que cometi muito me ensinaram, as conquistas foram frutos da aprendizagem mundana. Posso afirmar que se hoje tenho uma satisfação pessoal, foi pela evolução do pensamento, que só após diversas trombadas com a realidade, foi-me possível.

Aos mais próximos, não preciso dizer o valor que dou para a amizade, creio que seja o pilar de sustentação de meu ser. Não há nada que me seja mais caro.

Posso citar muitos amigos, em Dourados: Gordo’s, Galego, Anielthon, Mary, Cornélio, Maneluco, Dagata, Paulinho’s, a Corol, e muitos mais; em Campo Grande: Nilsão, Alemão, Roberto, minha irmã Ana Flávia, e outros; de Salvador entre tantas amizades, destaco Calazans; de Aquidauana: Kleyton, Deyvid, a Bugrinha e mais uma galera; de Araraquara meu brother Luciano Pestana; de Cuiabá minha irmã Fernanda, minha amiga Andréa, a mamis Sandra; do Rio de Janeiro o Ricardo e a Dani Loira; de Buenos Aires, minha irmã Euchéria; de Foz do Iguaçu, não poderia deixar de lembrar da Valéria; de Tangará as amizades são recentes, mas cito o Tatu, o Willian, a Dani, e o já velho amigo Taylor; da Nova Zelândia minha irmã Jana; do Japão o brother Saru e a Fernandinha Japa; de Londres o Doc, o Muleque, a Lizziane, a Anelise e até o Jolens; o Monteiro e o Marlon da Bolívia; do mundo virtual posso citar a Graça Maria, Yáscara, Marcelo, leandro, o grande chapa Stefano, et caterva; láureas para meus pais: Edward e Pastora. Com certeza estou esquecendo uma penca de gente, não é minha intenção desmerecer ninguém, mas agradecer, e nada mais justo que seja no meu aniversário. Se posto este comentário no blog, é porque as pessoas que me rodeiam são muito importantes. Bom, chega de melação.

Meu mundo tem se pautado pelo aprendizado constante, enxergando maquiavelicamente as coisas – o que não quer dizer em sentido ruim, pelo contrário. O ceticismo é meu norte, tenho me policiado mais, estudado mais e agradecido à vida tudo que ela me deu. Desculpem-me por algo.

Beijos e abraços!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Dia do Administrador


Afonso Vieira

Comemora-se no dia 09 de setembro, o Dia do Administrador, profissão de extrema importância e muitas vezes, pouco valorizada em nossa sociedade, motivo que faz necessária a elaboração desta crônica.

Algumas fontes identificam como os primeiros administradores, os gestores das companhias de navegação inglesas do século XVII. Podemos dizer que, de certa forma, tal função sempre existiu, seja na resolução de problemas diários, estratégias operacionais, de guerra, enfim, a grosso modo, o conceito de administrar é extremamente amplo.

Com a invenção da máquina a vapor, em 1776 – mesmo ano da publicação do livro A riqueza das nações, de Adam Smith -, e a evolução até então nunca vista das organizações em nossa história, foram necessárias diversas adaptações para acompanhar o acelerado ritmo. A revolução industrial mudou a face do mundo moderno, criou novos desafios e novos padrões organizacionais. Com o enfraquecimento do liberalismo clássico, ao fim do século XIX - devido ao surgimento dos oligopólios -, foi necessária uma abordagem científica na administração das empresas, tendo como pioneiros Frederick Taylor e Henri Faylol, aumentando sua eficiência e competência.

Essa escola tradicionalista teve rapidamente que se adequar, seus conceitos autocráticos foram contestados pelos behavioristas, que mais tarde desencadeou no movimento estruturalista. Hoje temos inúmeras teorias administrativas, cada qual com seu foco específico, gerando análises de grupo e linhas de ação alternativas para o desenvolvimento organizacional, com enfoque no estrutural-social.

Em meio a toda essa revolução encontram-se os profissionais administradores, que têm a incumbência de gerir de forma eficiente seu setor, sua empresa e organização. Muitos não entendem a importância dessa profissão, a disciplina de Teoria Geral da Administração (TGA) muitas vezes é pouco assimilada nos bancos acadêmicos. O que não enxergam os demais profissionais, é que cada vez mais os conceitos gerenciais são imprescindíveis. Um belo exemplo é quando o servidor sobe na hierarquia organizacional, qual é a primeira exigência? Uma especialização na área administrativa, em sua maioria o famoso Master Of Business Administration (MBA), ou se assim preferir: Mestrado em Administração de Empresas.

A arte de planejar, organizar, dirigir e controlar organizações é nobre. O estudo do comportamento humano, da aceitação do produto pelo feedback, a busca constante pela primazia são características arraigadas dessa profissão, cujo único conceito imutável é a própria mudança constante.

Enquanto a máxima que move as organizações é o lucro, no papel gerencial está o profissional da administração, que conforme Peter Drucker ensinou, buscam acima de tudo a qualidade. Talvez seja exatamente a falta desses especialistas em pontos chave das empresas que ocasiona o mau atendimento, as incansáveis filas, serviços públicos ineficientes, etc.

Lembrem-se, o administrador é a condição sine qua non para a eficiência. Precisamos cada vez mais de competência, que só será atingida pelos gestores da qualidade.

Parabéns!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Necessária solidão


Afonso Vieira

A maioria das pessoas tende a ver a solidão como algo ruim, danoso, um mal a ser extirpado; muitos tornam o combate a essa situação como prioridade de vida. Mas já pararam para pensar que há todo um charme, algo de belo e envolvente nessa circunstância?

Quantas pessoas têm seu quarto como algo intocável, sua fortaleza pessoal, sua trincheira de pensamentos e divagações? Quantos seres escolheram ficar só, brindaram-se contra os sentimentos mundanos mais comuns de forma que sabem perfeitamente do que estão abrindo mão, em nome do que acreditam ser melhor para si próprio?

Todos temos nossos limites, desejos e aspirações - cada qual do seu jeito, com sua forma e seu conteúdo. Felizmente, não somos todos iguais!

Muitas vezes saímos sozinhos sem destino certo, procurando nada em lugar nenhum. Ao estarmos rodeados de centenas, às vezes milhares de pessoas, ainda estamos mergulhados em nossa introspecção, em nosso mundo irreal, tergiversando sobre pensamentos que fogem à compreensão da racionalidade.

Como é bom ter um tempo somente para nosso eu interior, para o momento de auto-análise, para uma grande reflexão. Solitários podem ser nossos corpos; em contrapartida, nossas mentes tendem a ser o que há de mais liberto de nossas vidas. A gama de possibilidades é infinita.

Você já parou para pensar que existem pessoas que não gostam muito de bajulações, de que se importem ou se preocupem com elas? Pois é, elas existem e são mais numerosas do que imaginamos. Muitas vezes tendem a ser reservadas com suas particularidades, abominam a invasão de privacidade a tal ponto de se ofender com o mais banal comentário. Gostamos de nossa individualidade – que chega a se confundir com a própria liberdade - a tal ponto que isso se torna uma bandeira a defender.

Às vezes estamos diante de um eremita moderno que - por escolha peculiar - assim o decidiu ser. Possuem vida social, mas não fazem muita questão que seja agitada, glamourosa ou reconhecida, normalmente preferem o anonimato. São pessoas que dão mais valor às idéias e pensamentos, que sentem prazer em estar só, no aconchego de seu quarto, junto a uma meia dúzia de livros e afazeres triviais. Gostam dos prazeres da carne, desfrutam do que a vida lhes dá de melhor, porém, se reservam o direito de terminar no ermo de seu espírito.

De um ponto de vista mais filosófico é possível enxergar beleza em tudo, da mais aterradora catástrofe até o mais belo e admirável ato. O mesmo ocorre com os solitários que, ao contrário da maioria, conseguem atingir sua realização pessoal de forma inimaginável para a maior parte da sociedade.

São esses seres que se vêem sozinhos em uma ilha deserta, no topo do Himalaia ou mesmo no deserto do Saara e, ainda assim, vislumbram inúmeras possibilidades e benefícios da situação. Dão valor a muitas coisas, muitas vezes mais a idéias e atitudes do que aos bens materiais propriamente ditos, podem aparentar estar só - mas não se engane - estão perfeitamente integrados e adaptados ao meio que criaram.

Não somos doentes ou maléficos - talvez um pouco diferentes - mas o que definitivamente queremos e necessitamos é de um pouco de solidão.

"Não ouse roubar a minha solidão, se não fores capaz de me fazer real companhia..." - Nietzsche

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Sobre nossa educação


Afonso Vieira

Muito oportuna a abordagem que vem sendo feita sobre a educação brasileira por parte de toda a imprensa. Tenho lido bastante a respeito em diversos jornais, blogs e - até mesmo - a capa da maior revista de circulação nacional da corrente semana trata do tema. Pululam opiniões, alertas e sugestões das mais variadas; mas e os professores, têm lido?

Já passou da hora de darmos uma guinada radical em torno do nosso falido sistema educacional. Costumo dizer que sem um investimento maciço no sistema de base, de nada adianta o governo investir milhões em educação superior - mas é justamente essa que angaria votos, infelizmente - já que os acadêmicos chegam em uma universidade sem saber interpretar um único texto.

Notem que, historicamente falando, todos os países que se desenvolveram consideravelmente investiram pesado em educação. Temos diversos exemplos, posso citar o Japão e a Coréia do Sul para não me alongar. Enquanto isso, o Brasil que na década de 60 investia apenas 2% do PIB, terminou o governo militar com míseros 4%, e segundo consta, continua no mesmo patamar.

É deprimente o estado constatado pela revista Veja, onde se demonstram claros exemplos de proselitismo ideológico. Professores que estão mais preocupados em doutrinar alunos a ensinar o conteúdo programático das disciplinas. Isso é fato em nosso Brasil; o próprio curso de Pedagogia, em sua base “humanística”, passa aos acadêmicos praticamente uma única visão, a de esquerda. Oras, o ensino superior deve aprimorar o senso crítico; se a abordagem é somente de crítica ao sistema vigente - e não mostra o outro lado - como teremos profissionais qualificados e condizentes com a realidade do mercado de trabalho?

Recentemente participei de um curso sobre política onde estavam diversos docentes de ensino fundamental e médio; em certa oportunidade, uma professora reclamou que os pais haviam criticado sua postura em sala de aula porque, segundo ela, quis estimular a consciência política nos educandos. Boa coisa não deve ter feito, pois como ela mesma disse: “chegaram a me chamar de petista”. Fato lamentável!

O mundo evolui rapidamente, quem não investir na formação cultural e profissional de seus cidadãos, tende a ficar para trás. Isso é a realidade nua e crua. Precisamos repensar nossos métodos, parar de criticar países e sistemas e começar a agir. O ofício de ensinar é nobre, desde que feito com profissionalismo e dedicação. Não devemos desviar o foco, e sim, reforçá-lo!

Uma educação básica de qualidade resultará em acadêmicos críticos, exigentes e cultos, o que - em conseqüência - trará profissionais preparados para o mercado de trabalho, gerando maior eficiência nas organizações e melhoras para toda a sociedade.

Isso somente se dará quando os profissionais da educação se voltarem para o aprimoramento constante, dedicação e compromisso com a qualidade no ensino; um bom começo seria na preservação do vernáculo, que constantemente é assassinado por nossos “mestres”, tanto na escrita como na oratória. Afinal, como já dizia Roberto Campos: “o mundo não será salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes”.
Revista Imagem, Edição 10, agosto/setembro de 2008

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O assassinato da palavra


Afonso Vieira

Houve um tempo, não muito distante, que a palavra de um homem valia mais que qualquer documento escrito, ao menos foi com esses valores que cresci, fui educado e presenciei diversas situações durante minha curta existência.
Tenho certeza que muitos já ouviram o bordão “dou minha palavra”. Sim, uma pessoa honrada, quando assume um compromisso, cumpre! Com o esfacelamento atual de nossas instituições no quesito moral, acredito que a situação tende a se agravar ainda mais.
Já presenciei até mesmo cenas de violência, onde os envolvidos estavam a defender suas afirmações. Particularmente, ao ser acusado de uma falsidade, iria até as últimas conseqüências em busca da realidade.
Institucionalizou-se a mentira: ministros de Estado, autoridades nos mais variados cargos e até mesmo nossa recente história é deturpada. Nossas Leis protegem os falsos, dando-lhes o direito de permanecer calado, mesmo com inúmeras evidências de seus descalabros. Nem mesmo documentos assinados, com exames grafológicos atestando sua veracidade valem – falta óleo de peroba para tanta desfaçatez!
No convívio diário, não é raro o descumprimento de tratados orais. Quantas vezes já deixamos de comparecer a eventos marcados, em que assumimos claramente a presença? Distorcer o que foi dito é comum. Não temos nem o cuidado de comunicar - seja por telefone, correio eletrônico ou correspondência postal - nossa falta.
A preocupação chegou a tal ponto, que boa parte das organizações não mais aceitam apenas documentos escritos, há a necessidade de reconhecimento em cartório.
As pessoas tendem a induzir os demais ao comportamento errôneo, solicitando que participem de suas mentiras, acobertando seus atos. Muitos fogem da responsabilidade, delegando a “maçã podre” a terceiros, ou ainda, simplesmente ignorando a outra parte, como se somente isso solucionasse o problema. Não enxergam que só adiam o inevitável.
Posso estar sendo um tanto quanto conservador, ou mesmo tradicionalista. Mas o fato é que corrói ver que estamos tendo que criar um excesso de normas, leis e padrões de conduta - que seriam totalmente dispensáveis-, pelo simples fato de que ninguém mais dá valor à palavra. Ao menos tenho certeza e coloco a cabeça tranqüilamente no travesseiro, ciente que minha parte tenho feito. Isso é mera questão de respeito com o indivíduo que, ao mentir para outrem, está automaticamente enganado a si próprio.
Iludem-se os filhos, amigos e cônjuges. Autoridades mentem visando galgar postos em suas carreiras, políticos já aboliram a boa-fé de seus dicionários.
Eu ainda fico com o norte-americano Henry David Thoreau: "antes que amor, que dinheiro, que fama, conceda-me a verdade”.
Tragicamente, poucos, muito poucos ainda honram a palavra. Ceticamente falando, creio que faço parte de uma raça em extinção.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Um alento sobre as campanhas eleitorais

Afonso Vieira

Pois bem, estamos sendo brindados diariamente com a campanha eleitoral, seja pelos panfletos, pelas propagandas políticas ou conversas informais com candidatos, assessores e cabos eleitorais. Seria cômico, não fosse trágico.

A quantidade de propostas - seja pelo montante ou pela inaplicabilidade – absurdas é de saltar aos olhos. O mais triste é constatar que a ampla maioria da população ainda cai no conto do vigário.

Certos candidatos só faltam prometer que construirão uma nova sociedade, haja vista a quantidade de promessas apresentadas; outros parecem que mudaram a competência da união, estados e municípios no repasse e aplicabilidade dos recursos orçamentários.

Um pouco de conhecimento sobre a legislação e do funcionamento da máquina pública, já colocaria uma pedra sobre as asneiras propostas. Em recente reportagem do Correio Braziliense, mostrou-se que em diversas cidades do país, energúmenos utilizam o bolsa-família como moeda eleitoral, prometendo mundos e fundos para a massa de beneficiários do programa, que infelizmente, possuem pouco esclarecimento sobre seu funcionamento. Já em outros casos, a velha demagogia transparece disfarçada de boas intenções, a quantidade de assuntos defendida é ridícula, pois trabalham em tantas frentes que fica patente a inviabilidade de execução de tantos projetos.

Oras, a Lei de Responsabilidade Fiscal é clara quando diz que o aumento de despesas deve vir vinculado à origem dos recursos para o respectivo custeio. As prefeituras dificilmente aceitarão a criação de novos dispêndios, pois seus orçamentos já trabalham apertados visando o cumprimento da legislação.

São hipócritas, mal intencionados ou ignorantes os que prometem mundos e fundos. Seja pelo intento de enganar os desavisados, tendo ciência dos obstáculos para a aprovação de qualquer projeto; seja pelo desconhecimento do funcionamento da máquina pública - que já seria motivo mais do que suficiente para incapacitar sua candidatura.

As bandeiras defendidas devem ter foco concreto, com projeto que tenha viabilidade de execução. Jogar para a platéia é bonito aos olhos dos iletrados, ridículo do ponto de vista moral e praticamente um crime na parte legal.

O Estado deve buscar investimentos, parcerias e inovação visando o desenvolvimento sustentado. Os edis e aspirantes a cargos eletivos devem estudar o orçamento, a economia municipal, respectivos gargalos e somente após isso, se posicionarem e planejarem suas campanhas.

Pelo visto, pela quantidade de ruminantes que aparecem diariamente nas televisões, jornais e em “santinhos”, ainda não será nesta eleição que a renovação necessária ocorrerá. Podemos ao menos tentar mudar o combalido sistema que ai está: corrupto, inepto e populista. O difícil mesmo é encontrar alguma legenda que possua um único representante com o mínimo de qualificação.

Fazer o quê? No país do “relaxa e goza”, do “estupra, mas não mata”, prefiro lamentar.

http://www.campogrande.news.com.br/canais/debates/view.php?id=4022

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Em ano eleitoral . . .


Afonso Vieira

Inaugurou-se, oficialmente após a convenções partidárias, a corrida eleitoral para os cargos de prefeito e vereador. Até ai nada demais, coisas da democracia. Mas, qual democracia?

Chega a me dar asco ao ver as propagandas da Justiça Eleitoral, em um desatino estúpido e suas campanhas para enganar incautos, dizer que é exercício de cidadania; proclamando heróis que não existiram, utilizando-se de hipocrisia e falsas informações para ludibriar a obrigatoriedade do voto.

Que democracia é esta onde sou obrigado a votar? Quem lutou pela liberdade: Dilma, Dirceu, Genoíno, Mariguela, Lamarca? Onde há liberdade, se a Justiça proíbe até mesmo entrevista com candidatos? De que adianta liberdade de imprensa, se boa parte dos veículos de comunicação tendencionam descaradamente seu proselitismo político? Para que votar, se praticamente todos os candidatos não estão preparados para o cargo que pleiteiam - muitas vezes respondendo até mesmo por processos judiciais?

Somos uma democracia realmente caricata; fala-se em liberdade, mas nos obrigam a sair de casa em um domingo - às vezes até mesmo a enfrentar filas - para ter que escolher entre o delinquente e o menos pior; já que sem a efetivação desse ato, nem mesmo prestar concursos, ingressar em uma universidade ou tirar passaporte é possível. Já fui contrário ao voto nulo, não mais o sou.

Temos verdadeiros bandidos nos mais variados cargos e, na tentativa elogiável de moralizar o pleito – proibindo políticos com problemas legais – a própria justiça joga um balde de água fria.

Totalitários que lutavam por uma ditadura socialista posam como heróis e perseguidos, mentem descaradamente com total conivência de boa parte do meio acadêmico e da mídia, resultando no problema não da desinformação, mas da informação incorreta. Propagando mentiras e meias verdades como se realidade fossem.

A Justiça, em clara demonstração de censura, proíbe entrevistas com candidatos. Como é que o eleitor saberá das idéias e propostas dos postulantes, ou ainda, que mal há nisso se todos serão interpelados pelo mesmo veículo de comunicação?

Jornalistas confundem reportagens com colunas de opinião, deixando claro o favorecimento de determinado candidato ou agremiação. Fica explícito o partidarismo de jornais e revistas, muitas vezes, compradas com dinheiro público disfarçado em verba publicitária. Para piorar, soltam o discurso demagógico que são imparciais e isentos, como se isso existisse no meio que os cerca.

Usurpadores votaram pela criação da CSS - agora, muitos deles vão querer votos; o seu, não o meu!

É lamentável constatar que estamos em estado de falência moral, que não há nem a terceira via para os descrentes. Já cheguei a pregar o assassinato eleitoral de toda bancada que ai está, mas com tamanha massa de eleitores ignorantes e analfabetos funcionais, acho pouco provável. Entre o populista e o criminoso, fico com o nulo. E o azar, é nosso!

*Publicado em O JORNAL, edição 383, de 08 de julho de 2008

http://www.portalgrito.com.br/arquivol/arquivol.php?id=82


segunda-feira, 30 de junho de 2008

Uma pausa


Sempre me deparo com momentos e situações onde sou levado a refletir os anos passados, nossa vida, evolução, conquistas e aspirações. É um momento único - de necessária solidão - onde realidade e ficção chegam a beirar um caminho ao qual não sou muito afoito, uma espécie de poesia.

Tenho manias, costumes e valores que dificilmente mudarão; em contrapartida, tenho me tornado mais liberal em certas posições e mais conservador em outras. Um tanto quanto radical, às vezes, o que reconheço e tento me policiar. Exagerado na valorização aos amigos, exagerado na defesa das idéias, são defeitos que enxergo como qualidades! Alguém que aprendeu a pedir desculpas e a desculpar.

Um libertário, defensor incondicional da liberdade, porém, com um senso de responsabilidade apurado. Dentro do seio da sociedade que me cerca, um fiel cumpridor de normas, mas não tão hipócrita ao ponto do puritanismo.

É curioso, ao ser introspectivo com certos assuntos, onde aos poucos consigo me abrir de forma mais satisfatória, tendemos a valorizar cada vez mais e mais pessoas e atitudes antes desprezadas. Como pode uma pessoa, que há 15 anos tanto criticava atos dos progenitores, hoje idolatrá-los de maneira cega e incondicional? Ou ainda, enxergar que aquele amigo sacana nunca deixou de merecer confiança, que em seu modo particular de ser, erra por ser humano e não pela falta de dignidade ou afeição? Que os amores passam, ou não, mas a vida segue e com ela aprendemos que a busca da felicidade é utópica, mas não dolorosa, que se torna prazerosa com amadurecimento galgado?

São privilégios de quem tem uma mente crítica, que busca aprimorá-la para evitar novos erros. Nós todos somos únicos, mas também somos produtos do meio que nos cerca, e é neste nicho que vivemos, lutamos, amamos e sofremos na busca da satisfação pessoal.

O ceticismo esclarece, embriaga e vicia! A verdade pode machucar, mas é vital para a sobrevivência. À medida que o apego a bens materiais diminui, aumenta o apego a qualidade dos momentos e prazeres da carne.

No momento em que o descrédito nas organizações existentes é total, a valorização nos entes queridos e mais próximos aumenta a cada dia. No frigir dos ovos, é nosso único refúgio e abrigo.

É, os medos de outrora sucumbem, valores são mantidos e a força interior cresce, mais e mais. A distância, o tempo e as necessidades são meros referenciais. A vida é uma escola, uns escolhem por tornar o aprendizado difícil, outros se dedicam e o fazem prazeroso. O mundo gira, mas as voltas nem sempre são de 360 graus, muito pelo contrário.

Com diz a letra da música: “brindemos com álcool, todos os sonhos frustrados; será preciso, mais para nos derrubar”.

É muito bom poder deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranqüilo, assim como poder andar com a cabeça erguida e se orgulhar do que a vida nos brindou. Meras reflexões de quem não tem muito que reclamar, só a agradecer . . .

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Assaltantes engravatados


Afonso Vieira

Mais um assalto ao bolso do brasileiro é aprovado. Já não bastasse a quadrilha que nos governa vilipendiar todos os valores éticos da administração pública, a Câmara dos Deputados – antro de oportunistas, diga-se de passagem – dá o aval para mais um tributo, a Contribuição Social para a Saúde (CSS).

É completamente inadmissível que uma taxa – derrubada ao fim do ano passado- seja recriada sem a menor necessidade. O governo tem comemorado números sucessivos de aumento de arrecadação, prova cabal que não há amparo que justifique onerar ainda mais o contribuinte, e mesmo assim propõe tal estultice.

Recentemente no programa Opinião Nacional, da Tv Cultura, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Maurício Rands, tentou justificar o ato se amparando na Lei de Responsabilidade Fiscal – que o PT votou contra a criação, ressalte-se. Até ai nenhuma novidade, criam-se despesas, que vinculem a origem do recurso, prática elogiável caso cumprida. Porém, no caso em questão, com aumento de arrecadação e mantendo os patamares atuais, os recursos são mais do que suficientes para que cubra o valor destinado à Saúde - opinião esta, a mesma dos demais participantes do debate. Segundo consta, o governo remanejou através de medidas provisórias (MP) R$ 62,5 bilhões, somente no ano passado.

Por que não corrigir gargalos, aumentar a fiscalização na aplicação dos recursos, remanejá-los corretamente e administrar a coisa pública com responsabilidade? Porque isso é mais difícil e os claros atuais, medíocres. Nossos secretários da área de saúde, sejam municipais, estaduais e muitos dos integrantes do próprio Ministério, possuem pouca ou nenhuma capacitação para o cargo. O loteamento de cargos com simples partidários precisa acabar. O investimento em Educação, Saúde e Segurança são prioritários, mas a qualificação de gestores é imprescindível.

A CPMF caiu por ser injusta, onerosa e mal aplicada, o novo imposto, tem tudo para seguir o mesmo caminho. A alíquota de 0,1% parece ser irrisória, mas quem trabalha com o sistema financeiro sabe perfeitamente que não é.

Particularmente, tenho total ojeriza aos políticos, nossa história mostra que a ampla maioria não merece o menor crédito. Infelizmente, são esses senhores que definem nosso destino como cidadãos. A Câmara dos Deputados solta um escrutínio atrás do outro, sempre em defesa de interesses partidários e pessoais, quase nunca em defesa do bem estar da população.

Como última esperança, resta-nos o Senado, cujo único nome que simpatizava acaba de falecer, Jefferson Peres. É de bom alvitre que um parlamentar posicione clara e abertamente seus interesses e votos, que em tese seria a defesa dos anseios da população, já sufocada pela carga tributária estratosférica. Portanto, deixo aberta a questão senhor(a) Senador(a), qual sua posição sobre o novo assalto ao contribuinte?

http://www.portalgrito.com.br/arquivol/arquivol.php?id=81



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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Liberdade e suas versões

Afonso Vieira

Muito se ouve e fala sobre liberdade, sobre conquistas e fatos históricos, mas até onde há realidade e utopia nos discursos proferidos?

Em todos os discursos – tanto políticos como filosóficos - a exaltação à liberdade - seja individual, coletiva ou econômica - permeia as mentes dos pensadores. Mas, muitas vezes, há um abismo entre prática e teoria. Apesar de eu considerar “liberdade” um valor absoluto, acredito que seu conceito seja relativo à platéia destinada.

Na parte econômica temos grandes pensadores com diversos exemplos empíricos de sucesso, porém todos necessitam adequar o discurso para as conjunturas reais do ambiente proposto; e isso, muitas das vezes, tendo que ceder a uma idéia totalmente contrária ao seu raciocínio. O Nobel e economia Milton Friedman aplicou com sucesso suas teorias na economia chilena, ainda que o governo fosse um regime de exceção - forma de governo contrária a qualquer tipo de liberdade.

Na parte política temos discursos para todos os gostos; porém, são sempre discursos “adequados” e muitas vezes, falsos. Citando exemplos atuais, vemos ministros de Estado alardeando a ilusão de que lutaram pela democracia e liberdade na época do regime militar - alegação mentirosa e que vem sendo desmantelada a cada pesquisa mais profunda sobre o período. Lutavam, sim, para implantar outra forma de regime totalitário, a ditadura do proletariado, forma esta que foi responsável por milhões de mortos ao longo da história. Em contrapartida, militares deram o golpe que julgavam “preventivo”, com o compromisso de Castelo Branco em devolver o poder a um presidente civil; esse fato não ocorreu por diversos fatores, sendo um deles a paranóia da linha dura reforçada pelo surgimento de guerrilhas e atentados a bomba, ocasionando o fechamento do regime. Mais uma vez, perda de liberdade.

Na parte religiosa, creio que seja o ambiente mais espinhoso. Muitas igrejas, em caminho inverso ao desenvolvimento mundial, tendem a restringir comportamentos - emitem padrões de conduta que não têm mais espaço na realidade atual. Cito alguns exemplos: a proibição de televisores, a contrariedade a pesquisas em células-tronco, a proibição do uso de anticoncepcionais e preservativos, as diversas tentativas de impor seu pensamento aos demais credos. Liberdade de crença deve existir, assim como o direito da descrença. Da mesma forma que o Estado é laico, o que não quer dizer, ateu.

Eu, em minha utopia libertária, seria totalmente favorável a que o indivíduo decidisse o que é melhor para si, sem restrições dogmáticas, legais ou conservadoras. Mas é uma utopia, e como tal - sendo produto do meio que convivo - guardo para mim, procurando coerência, cumprimento de Leis, assumindo deveres e cobrando direitos.

Liberdade é respeitar o contraditório, aceitar as diferenças, mas não há ser livre sem responsabilidade, sem dever e primordialmente, tolerante das adversidades.

http://www.portalgrito.com.br/arquivol/arquivol.php?id=79

*Publicado em O JORNAL, 31 de maio de 2008

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A indignação que nos falta


Afonso Vieira

Quando foi a última vez que você procurou por seus direitos? Qual foi sua última atitude concreta visando corrigir falhas e abusos das instituições com as quais você convive? Você cobra do seu vereador, deputado ou senador por projetos e por suas atitudes? Quando foi a última conversa com seus filhos, visando instruí-los e alertá-los para os agouros da vida?

Muitos têm a mania de reclamar de tudo e de todos: de quem fura a fila, dos corruptos, dos abusos cometidos em repartições públicas ou mesmo privadas, mas, quando indagados sobre o que fizeram para melhorar isso, respondem negativamente, com desculpas tão ou mais esfarrapadas do que as dos assessores políticos.

Oras, vemos coisas absurdas acontecendo a nossa volta, defesas estúpidas de repórteres e jornalistas comprados, matérias tendenciosas praticamente diárias, e o que - além de comentar negativamente - você fez?

Pois é, pessoas de certas cidades e estados são extremamente bairristas, chegando ao cúmulo de defender figuras mais do que desmascaradas pela história, pelo simples fato de serem conterrâneos; ou ainda, não aceitam críticas a certos comportamentos e vícios locais que beiram a estupidez. Parece aquela mãe que vê o filho fazendo algo errado, não corrige e ainda discute com quem o faz.

Temos que parar de ser acomodados e tomar propósitos que efetivamente mudem a situação. Já que possuímos a memória curta, anotem em letras garrafais o nome do candidato em que pretende votar e respectivo endereço – lembrem-se que estamos em ano eleitoral -, para que possamos cobrá-lo constantemente; anotem o número do telefone da ouvidoria do seu banco, da repartição pública que freqüenta, ou das empresas com que transaciona; saiba o endereço do Ministério Público da sua cidade – pode ter certeza que ele é muito mais acessível do que você pensa; quando ligar em um call center, anote o nome do atendente e o protocolo de sua reclamação; procure ler jornais e revistas que dêem um parecer da vida e da sociedade, não leia apenas a parte do esporte, coluna social ou horóscopo; ligue para a redação do jornal da sua cidade, mande cartas! Chega de proselitismo e fanfarronices com a opinião pública! Falta-nos uma consciência política maior. Sugiro ainda que procure entender de política, pois é nela que nossas vidas são decididas.

Já está mais do que na hora do brasileiro dizer um basta para a apatia geral que tomou conta do país. Já nem mais nos espantamos com os escândalos políticos nacionais. Nossas empresas – que antes eram sinônimo de competência – começaram a decair em padrão de qualidade. Ligue no Procon, oriente-se de procedimentos a serem tomados quando do mau atendimento ou ilegalidades.

Garanto que se ao menos um terço da população mostrar indignação, buscar seus direitos e primar pelo cumprimento de seus deveres, teremos meio caminho andado para uma melhoria significativa nos padrões de nossa sociedade, o outro meio é por meio da consciência política, que infelizmente – e com os atuais representantes - ainda temos um caminho muito longo para seguir.

domingo, 9 de março de 2008

Retrato do atraso


Afonso Vieira

Há um certo tempo tenho me incomodado com algumas prestações de serviços, e vivenciado situações que demonstram a ineficiência de algumas instituições. Como o tempo anda escasso, somente agora pude parar e refletir sobre os fatos.

Na última sexta-feira, precisei pagar um IPTU atrasado de uma casa alugada, quando da minha surpresa ao utilizar o gerenciador financeiro, não consegui efetivar a transação, já que o código de barras não é aceito pela instituição financeira que trabalho. Liguei na Prefeitura, no setor de tributação para verificar o procedimento, fui informado que o pagamento só poderia ser feito no Banco Bradesco ou Caixa Econômica, já que algum “iluminado” não permitiu que o Banco do Brasil recebesse tais boletos, um retrocesso do ponto de vista gerencial e financeiro, diga-se de passagem. A contragosto, me desloquei à agência do Bradesco local, quando entrei fui direto na máquina que deveria imprimir as senhas, verificando o cumprimento da Lei Municipal 2.603/2006, de cara já percebi o que os bancos tornaram como regra o descumprimento da legislação, já que a máquina não emitia o comprovante. Para piorar a situação, quando chego no caixa, a conta não podia ser paga naquela agência, e ninguém soube me informar a resposta.

O que demonstra isto? Que a ineficiência burocrática fica patente, como é que um órgão público do nível de uma prefeitura emite um boleto que não pode ser utilizado em toda a rede bancária? Qualquer estabelecimento comercial emite carnês que podem se pagos por todo o sistema financeiro, isso é o mínimo que se espera, a informática é para facilitar e não complicar. Os bancos, os quais evito fisicamente, são outro exemplo de mau gerenciamento, nosso sistema bancário é tido como um dos melhores do mundo, no quesito informatização, e a meu ver, um dos piores na prestação de serviços ao consumidor. A Lei prevê que eles disponibilizem um atendimento de forma que não permaneçamos mais que 30 minutos na fila, o que é praticamente impossível em Tangará da Serra – Lei muito branda por sinal, já que em outras cidades que morei a tolerância varia entre 15 e 20 minutos.

Alguém já precisou de algum documento assinado pelo senhor Prefeito Municipal? Chega-se ao cúmulo de esperar por mais de 30 dias para uma única assinatura. Os contratos, convênios e termos aditivos devem ser renovados no início do ano financeiro, mas alguém mais inteligente que os demais, deu férias aos responsáveis pelos mesmos, justamente no mês de janeiro, resultado, quem tem algo a receber do executivo municipal, ficou mais um mês no prejuízo.

Justiça seja feita, há excelentes profissionais, tanto na Prefeitura como nos Bancos, mas o que fica explícito é que quem deveria ter conhecimento gerencial, saber conciliar os procedimentos burocráticos e adhocráticos, de forma que a qualidade seja alcançada, pouco ou nada entende de padrão de qualidade e busca pela excelência.

Infelizmente, está mais do que provado que os bancos visam única e exclusivamente lucros, que sem uma fiscalização rigorosa pelas autoridades, o descaso com o cliente continuará, eu, vou buscar meus direitos conforme prevê a Lei. Já no caso da Prefeitura, vemos que as pessoas que tomam decisões, nada mais são que filiados políticos, que a maior qualificação é a contribuição partidária e por último a profissional, infelizmente.

Eis apenas um desabafo de um cidadão, ciente de seus direitos e deveres, que como profissional, busca a qualidade, e não mais se calará ante a ineficiência e desfaçatez de qualquer instituição.

http://www.diariodaserra.inf.br/showtangara.asp?codigo=118609