Afonso Vieira
Repensando sobre nossas vidas, comecei a meditar sobre nossa capacidade de adaptação. De como nós - seres humanos – nos portamos dentro das adversidades mundanas. Como sou alguém com uma considerável bagagem, locupletei-me por horas sobre ocupações, ócio, situações e ambientes.
Muitas pessoas são radicais em períodos da vida, talvez devido a ignorância relativa a idade, ou ainda, rebeldia sem causa ou opinião extrema sobre determinado assunto ou situação. Quem nunca se irritou com uma música, com o comportamento de outrem, com a fumaça do cigarro alheio, até mesmo com coisas das mais banais? Notem que as atitudes variam de acordo com o momento ou circunstância. Todos temos nossas limitações, propensões e ojerizas, mas somos mutantes natos; basta abrir a mente e usufruir do maravilhoso mundo imaginário.
Muitos dizem que filosofar é se desprender de dogmas, de preceitos e enxergar tudo por uma ótima diferente, até mesmo na forma de uma viagem alucinógena. Proponho que façamos isso quando confrontados com ocasiões que nos causem aversão. Oras, aquele trabalho chato, aquela festa tediosa ou aquela pessoa desagradável pode se tornar um ótimo passatempo, pode vir a ser prazeroso. Até mesmo a cerimônia mais enfadonha pode produzir bons frutos.
Quem já leu algum livro sobre teorias administrativas sabe perfeitamente que a característica de um gestor é justamente se adaptar ao meio que o cerca, a situação vigente e ante isto, conseguir resultados satisfatórios. Peter Drucker e Tom Peters eternizaram seus ensinamentos em livros, artigos e entrevistas. Deveríamos ler mais esses “gurus”, não como obras de teóricos das organizações, mas para que essas idéias nos ajudem também com o cotidiano, com afazeres corriqueiros, de modo a tornar a vida mais alegre.
É engraçado quando nos deparamos com obstáculos, eu mesmo, consigo resolver facilmente diversos problemas organizacionais, financeiros e burocráticos, mas quando parte para o lado trivial da vida particular, literalmente, “colo as placas”. O excesso de responsabilidade, de perfeccionismo, de racionalidade, pode fazer com que relute demais em atitudes que poderiam ser melhor aproveitadas, às vezes o medo de cometer um ato falho pode ser exatamente o maior erro.
O que fazer quando se é apreciador de rock e se depara com um ambiente hostil, do tipo sertanejo? Oras, se for radical, vire as costas e vá embora dormir, ou finja que a música não existe e aproveite a cerveja, as companhias e procure tirar ganho. Se aquela pessoa chata e inconveniente está desagradando, seja inteligente, faça com que certos comentários logrem umas risadas, procure entrar no ritmo do papo e tente mudar o rumo da prosa, ou ainda, tente sacar algo produtivo, se nada adiantar, mude de mesa.
O fato é, o mundo real não distingue credo, gosto ou preferência, é nu e cru. Cabe a cada um saber extrair o melhor para si; podem aprisionar nossos corpos na ditadura do status quo, mas jamais nossas mentes. Eu, como libertário, creio que preciso - às vezes - ser um pouco menos racional, recomendo cautela sempre, mas não excessiva; resta saber agora quando eu darei o exemplo a ser seguido. Como diz a letra da música:
“O que hoje somos,não se compara ao que fomos. Ao que fomos antes, quando éramos bem mais mutantes” - Bêbados Habilidosos
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