sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Insuportável personalidade


Afonso Vieira

Dentro do exercício diário de convivência, muito aprendemos no respeito ao círculo social que nos cerca. Aprendemos a ser tolerantes, a aceitar divergências e, muitas das vezes, a ter sabedoria para evitar maiores transtornos. Mas como humanos que somos, uma hora precisamos desabafar, explodir!

É carnaval, o “maior espetáculo da terra”, como reza a propaganda. Esta semana fui bombardeado diariamente pelas versões que inundam o Brasil de norte ao sul. No rito matinal de me preparar para o trabalho, assisto jornal no intuito de colher informações. Foi duro ver um suposto desafio de ritmos entre nossos conterrâneos mais famosos, que vão do frevo, passando pelo axé e entre outros, indo até o samba. O estopim foi ver o Neguinho da Beija Flor, com um refrão torpe e irritante, será que já não bastava o tal do Rebolation? Sim, estou sendo chato e intolerante! Ao menos reconheço minha antipatia.

Em nossa autocrítica sempre buscamos ver nossos defeitos e corrigi-los, mas com o tempo acabamos por se tornar intragáveis, às vezes arrogantes ou mesmo, indiferentes. Quanto mais lemos e buscamos evoluir espiritualmente, passamos a nos tornar mais reservados, é algo curioso, dizia Schopenhauer: E também nos tornaremos cada vez mais indiferentes quando alcançarmos um conhecimento suficiente da superficialidade e da futilidade dos pensamentos, da limitação dos conceitos, da pequenez dos sentimentos, da absurdez das opiniões e do número de erros na maioria das cabeças.

Têm dias que nem deveríamos sair de casa, a rabugice toma conta do ser. Chegamos a emitir opiniões fortes e, até mesmo, ofensivas aos demais, o melhor caminho é se evadir dos locais que nos atormentam. Nem a cerveja consegue “descer redondo”.

Como já citei música, vou comentar sobre outro estilo. Sempre desconfiei da qualidade das músicas que fazem sucesso com os ditos intelectuais. Considerável parte dos fãs, não passa de neobobos querendo se firmar em seu meio - beócios com pouca ou nenhuma personalidade. Desculpem-me, mas o tal de samba rock é algo sem harmonia musical, e os “cantores” que ouvi, desafinados ao extremo. Eis a nova modinha dos “pseudos”.

Lembrei-me agora do personagem Saraiva, o comediante sem a menor tolerância. Existem situações que adoraríamos ver comentários como os dele na vida real, tamanha a imbecilidade que nos é posta.

Para sorte, nossa e dos demais, conseguimos ser comedidos; desabafos como este, só saem quando já estamos completamente calmos e dentro de nossas faculdades normais. Nosso “dia de fúria” está muito longe de chegar às vias de fato. Ou não . . .

http://www.douradosinforma.com.br/noticia.php?id_noticia=99681

http://www.noticiadahora.com.br/verNoticias.asp?NotID=15669

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