Se há uma coisa que me irrita, é a hipocrisia politicamente correta de muitos, somente quando lhes convêm. Já notaram a quantidade de ideólogos – defensores da causa alheia – que vivem tomando dores disto e daquilo, mas na menor oportunidade destilam todo seu veneno? Eu tenho preconceitos, dos mais diversos, admito isso e sei perfeitamente que não sou nada “político” em minhas opiniões, exponho-as e as defendo, doa a quem doer.
Notem que as vozes só soam quando é em causa própria. Difícil mesmo é ver os mesmos “ofendidos” se pronunciarem quando desafetos são tratados pejorativamente. Não se trata de classificar esta ou aquela pessoa, credo, raça, agremiação, e sim de cobrar certas posturas para todas as situações.
Tive a oportunidade de morar em Salvador - terra de gente maravilhosa -, a cidade com maior percentual de negros em sua população. Saí do Mato Grosso do Sul, acostumado com os trejeitos locais, onde era quase ofensa chamar um negro de, pasmem!, negro. Sim, isso acontecia, tive um colega de trabalho que não gostava do termo. Achei muito louvável que os soteropolitanos se orgulhassem da própria cor, chegando a exaltá-la. As negras baianas estão entre as mulheres mais lindas que já vi. Certa vez, fui infeliz em chamar uma garota de morena, no ato ela me repreendeu: “meu filho, sou negra!”; até explicar que pelas bandas do MS isso poderia ser considerado ofensa, perdi muita saliva.
Estamos acompanhando o conflito na Faixa de Gaza, onde ambas as partes cometem excessos e possuem lá suas razões. Mas a quantidade de biltres que deixam aflorar seu anti-semitismo no menor sinal de guerra, é impressionante. Não dá para defender a morte de inocentes, de nenhum dos lados! Não há racionalidade nisso, assim como não há muita ética em uma guerra, só estando em combate para tomar decisões, muitas delas nada amistosas para a visão do público em geral. Ao se condenar a ação de Israel, também se deve condenar o terrorismo do Hamas, caso contrário é relativismo moral, rasteiro e da pior espécie.
Outro dia li um artigo de um indígena criticando o termo bugre, o autor fez o maior rodeio para se dizer ofendido com tal alcunha, oras, isso é mero estereótipo. Provavelmente, nada que ele faça irá mudar esse apelido grotesco que já está enraizado na cultura local. Tenho ainda, absoluta certeza, que há coisas infinitamente mais importantes para um índio se preocupar.
Onde quero chegar? Quero dizer que, na maior parte das vezes, o preconceito está muito mais na cabeça do suposto ofendido, do que na do provável ofensor. E que os “paladinos morais”, “guardiões da ética”, não passam de relativistas; são energúmenos que só se pronunciam quando a água bate na canela. Só para citar, os mesmos que choram mortes de palestinos, não escreveram uma vírgula sobre as milhares de mortes que ocorrem diariamente no Sudão. Deve ser porque são negros matando negros e não são os EUA financiando o governo local, como se a vida tivesse menos valor na África . . .
Sou preconceituoso: contra anarquistas, marxistas, petistas, corintianos, pagodeiros e radicais de qualquer espécie, porém, não deixo de tê-los no meu círculo mais próximo de amizade, do convívio diário. Não passam de estereótipos que se limitam a campos específicos, que não prejudicam a vida de ninguém. Para os ruminantes fundamentalistas, lembro que normalmente são eles que querem classificar pessoas por cor, credo e classe social, muitas vezes até mesmo por politicas públicas; são os mesmos que acentuam as rixas e fomentam conflitos, dos mais diversos.
http://www.campogrande.news.com.br/canais/debates/view.php?id=4316
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=336492
http://www.matogrossomais.com.br/?id=6762&nome=ARTIGOS%20DO%20INTERNAUTA&categoria=13&opcao=noticias
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