sábado, 18 de julho de 2009

A moral de cada um


Afonso Vieira

Muito temos visto, sendo bombardeados diariamente, várias notícias sobre atos ilícitos nos mais variados cantos de nossa pátria. A enxurrada de críticas e a quantidade de indignados pululam em textos, blogs, jornais, revistas e, até mesmo, em conversas de bar. Fico me indagando: temos moral para tanta cobrança?

Sinceramente, pelas andanças que a jornada da vida me proporcionou – cada vez mais -, tendo a desacreditar na índole da maior parte de meus conterrâneos. O relativismo moral rasteiro e barato é o norte da terra brasilis.

Já repararam que, boa parte dos ditos probos sempre prega a chamada “moral de cueca” – termo muito utilizado na caserna. Considerável fatia dos irados não passa de hipócritas, com sua revolta seletiva, que só criticam o que lhes convêm, que somente agem contra este ou aquele quando não envolvem seus apaniguados.

É transparente que em nossa sociedade, está enraizada uma cultura de desprezo com o erário. As compras públicas, via de regra, estão superfaturadas; os “defensores” da ética e da moral, na menor oportunidade, serram filas com dinossauros das falcatruas e maracutaias.

Veículos de comunicação dançam conforme a música, ou melhor, patrocínios governamentais e malas de dinheiro. Editoriais indignados de nada valem, haja vista que nos bastidores, reuniões e conluios são feitos diariamente entre os “proprietários” das notícias, corruptos e corruptores.

Esta semana presenciei o descaramento moral in loco, em uma confraria com amigos, discutia-se as recentes prisões de políticos e empresários locais, acusados dos mais variados crimes; curiosamente, o mais exaltado, foi preso com entorpecentes quatro dias depois. Ainda com relação a este episódio, circula uma mensagem eletrônica de um cidadão indignado e pregando que os demais não comprem nada nos estabelecimentos comerciais dos envolvidos, enumerando os empreendimentos existentes, atitude digna de aplausos, diga-se. O que me surpreendeu é que, segundo informes, já há uma resposta para tal texto, de uma – pasmem – promotora (carece de confirmação a veracidade), isso mesmo uma promotora de justiça se rebaixando a um e-mail, onde defende uma das propriedades, pois não mais é dos envolvidos nas prisões, e sim de seu cônjuge. Oras, isso é assunto para que um membro do judiciário se envolva? Não há assuntos mais importantes para um agente público se preocupar? Ainda mais estando na posição que se encontra.

Vejo nas atitudes mundanas tudo que foi descrito por Maquiavel. O filósofo inglês, Thomas Hobbes, tem provado que estava certo: “homo homini lupus" – não canso de repetir isso.

A grosso modo, somos fracos por natureza, facilmente corruptíveis, nos deslumbramos com o poder. José Sarney e Lula são a cara da população, reflexo do nosso atraso político e cultural.

Às vezes penso que sou uma ilha, com pouquíssimos semelhantes a minha volta. Tenho milhares de defeitos, mas ao menos me policio diariamente para que estes não suplantem minha razão. Enquanto isso, faço da vida um aprendizado constante, observando e me desiludindo com a população de “pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas”, que há mais de quinhentos anos ainda não aprendeu o menor conceito que seja do que vem a ser pudor.

http://www.campogrande.news.com.br/canais/debates/view.php?id=4682

http://www.douradosinforma.com.br/noticia.php?id_noticia=87913

http://bbcnews.com.br/index.php?p=noticias&cat=205&nome=Artigos&id=153462


Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito do seu post! Um post diferente! Parabéns! =*