Recentemente fiz uma curta viagem até a capital do país vizinho, a Argentina. Planejei visitar uma grande amiga e de quebra assistir uma de minhas bandas preferidas. Sinceramente, a impressão daquela cidade foi muito melhor do que imaginava.
Logo que cheguei, fui recebido pelo simpático Horácio, um remis arrumado pela colega ali residente. Muito falador e prestativo, foi me ciceroneando do aeroporto de Ezeiza até a Villa Crespo. Após chegar fui beber e procurar um hotel, nas andanças pelos arredores acabei me situando em um hostel em Palermo, bairro regado a bons bares, gente bonita e com tudo que um apreciador da noite necessita.
Nas primeiras cervejas – de litro, diga-se – fizemos contato com diversos estrangeiros, a quantidade de turistas é impressionante. Gente de todo o mundo circula por aquelas plagas. O único senão fica pela temperatura do saboroso líquido, muito aquém dos padrões tupiniquins.
Literalmente, troquei o dia pela noite. Apesar da insistência de minha anfitriã em me mostrar os pontos turísticos, não houve tempo nem disposição para tal. Oras, não há nada melhor que estar em boa companhia – uma das amizades mais sólidas que já construí -, longe dos “pagodes” e “sertanejos” brasilis, apreciando bebidas e culinária diferentes, sem nenhuma preocupação.
O hostel era outro atrativo a parte, era um local com muita gente jovem - eu devia ser um dos anciões do local - em ótima localização, poucas quadras da praça de Palermo, com muitas mulheres bonitas hospedadas e um barzinho perfeito para o “aquecimento” noturno. E o preço? Ah, o preço, irrisório para qualquer turista.
No domingo foi o grande dia. Acordei tarde demais, tomei um banho e fui acordar a nobre amiga, pegamos um ônibus e nos deslocamos para o estádio do River Plate. Assitir Angus Yung e Brian Johnson ao vivo, faz qualquer fã de rock ficar ansioso muito antes do tempo.
Outro ponto positivo: não se vende bebidas alcoólicas no estádio nem em seus arredores. Tivemos que “camelar” algumas quadras para apreciar o néctar da cevada antes do show. Bebemos algumas Brahmas de litro e depois compramos uma descartável para irmos nos deliciando até o evento. Curioso verificar que os pais levam os filhos pequenos aos shows, com uma naturalidade espantosa.
A desenvoltura e espontaneidade de minha cicerone fizeram com que, em curto espaço de tempo, fizéssemos diversos contatos com a população local. Dentro do estádio já estávamos trocando conversa e e-mails com vários nativos.
O show! Ah o show! Se havia alguma dúvida que AC DC era/é uma maiores atrações musicais do planeta, não restou a mínima hipótese. A estrutura montada, somada a presença de palco dos músicos, nos levou ao êxtase rapidamente. Desculpem-me, mas quem perdeu de vê-los ao vivo – provavelmente é a última turnê -, perdeu uma das poucas oportunidades de ver Deus (do rock). Angus, literalmente, é a alma do rock’n roll!
Minha anfitriã me levou, após o espetáculo, para conhecer as ruas e bares da região próxima ao local. Andamos e decidimos adentrar a um bar bem undergroud. Ficamos ali, jogando conversa fora, bebendo cerveja e tirando fotos do lugar e seus clientes. No fim da noite já estávamos fazendo a festa juntamente com todos os demais patrícios de mesas. Lá pelas tantas, decidimos sair novamente pelas ruas. Infelizmente acabamos presenciando uma cena deprimente, um imbecil agrediu sua parceira, a qual socorremos e levamos a uma delegacia, nesse meio tempo nossos hermanos sumiram no mapa.
Encaminhada a garota, devidamente entregue ao irmão na porta da polícia, fomos comer algo, já era dia claro. Finda a refeição, voltamos para meu hostel. Enquanto alguns turistas se preparavam para o dia com o café da manhã, bebíamos as últimas cervejas que meu dinheiro ainda comportava – a essa altura já me utilizava de dólares, os pesos reservados para aquela noite já haviam se esvaído. Após toda essa batalha, lá pelas 10hs da manhã, só restou a cama.
No último dia fizemos algo mais ameno, resumimos a saída para saborear uma parrilla. Após, despedi-me da amiga, com a promessa de retorno - eis uma certeza -, voltei para minhas acomodações e me preparei para a longa jornada de retorno. Satisfeito, enriquecido e feliz. Valeu cada minuto e centavo gasto, só não cometerei novamente o erro de percurso: não pretendo embarcar por Assunção, não mais.
Mas é isso, o que se leva da vida é somente a satisfação pessoal, os momentos felizes e a alegria da certeza de ter feito o que se gosta, sem ligar muito para convenções e padrões que nos limitem. A liberdade plena é para poucos privilegiados que sabem usufruir daquilo que nos agraciaram. Libertários como eu, gostam da luxúria, do novo e da falta de amarras, sem dogmas, sem tratados e sem nada restritivo demais.
Ps. Dificilmente vou achar normal essa coisa de homem beijando homem no rosto. Ah, e las chicas são interessantíssimas também.
2 comentários:
Buenos Gayres: a capital argentina tornou-se um dos principais destinos de turismo homossexual do planeta...
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