quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O aumento do número de vereadores, uma vergonha nacional

Volta à tona o tema do aumento do número de vereadores, pululam nos mais diversos municípios brasileiros notícias sobre essa excrescência. Novamente a inteligência alheia é colocada a prova. Novamente nossa paciência é testada e mais uma vez fica provado que a opinião popular, do eleitor, pouco ou nada vale para a classe política.

Em 2007, na contra mão do que anseia a população, nossos “queridos” edis tentaram aumentar o número de cadeiras já para as eleições de 2008, o que foi rechaçado pelo TSE. Neste ano, diversas casas legislativas estão debatendo o tema, já que isso precisa ser aprovado antes de outubro do corrente exercício, um ano antes da próxima eleição. Escrevi sobre o tema em 2007 e vou me utilizar de trechos do artigo para pautar minha opinião, que permanece a mesma!

Alegam os vereadores que o aumento de vagas não onera o município, pois, teoricamente, a verba destinada para tal despesa estaria vinculada proporcionalmente à arrecadação municipal. Faço a seguinte indagação: será que podemos nos dar a esse luxo? Com a saúde e educação em condições precárias – muito longe do ideal -, um formador de opinião, “defensor dos interesses do povo”, deveria estar clamando por melhora nesses setores, não em um elefante branco que é a Câmara Municipal.

Qual a relevância de um vereador? Sinceramente, a mesma de um deputado estadual, ou seja, praticamente nula. Já está mais do que provado – pelos exemplos nacionais, estaduais e municipais – que os nossos políticos, na imensa maioria, não estão preocupados com os interesses da população. Políticos são eleitos para representar seus eleitores e defender o interesse público, na prática, preocupam-se única e exclusivamente nas finanças pessoais, muitas vezes por formas ilícitas.

Não há colocação plausível que justifique o aumento de parlamentares, nem mesmo a suposta representatividade. Praticamente todas as ações realizadas pela Câmara Municipal poderiam ser feitas e substituídas por secretariados eficientes e um modelo de gestão adequado. Aprovar nomes de ruas e autorizar a realização de festas populares, não justifica. Fiscalizar as ações do executivo? Seria muito mais eficaz com uma auditoria composta de pessoas qualificadas e técnicas.

O curioso é que só vemos vereadores e pretensos candidatos defendendo um absurdo desses. Ninguém quer largar a “boquinha”, e outros pretendem mamar também. Jamais vi um cidadão comum e sem amarras partidárias, com um discurso semelhante.

Em diversas cidades já estão ocorrendo movimentos da sociedade organizada tentando reverter essa estultice, e acredito que devemos dar completo apoio e nos mobilizar também. Os próprios políticos, com suas péssimas atitudes, fazem com que pessoas de bem se afastem cada vez mais da vida pública e se interessem por ela.

Vivemos há algum tempo em estado de falência moral política, e ao invés de lutar por reverter esta imagem, nossos parlamentares vão no sentido completamente oposto. Muito me entristece em ter que escrever este texto, tendo por base a declaração de um amigo pessoal, que conheço há anos e tinha como uma das poucas referências políticas, que considerava a exceção que confirmava a regra.


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