segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Aos que querem salvar o mundo 1

Uma das maiores características da era da informação é verificar instanta-
neamente todos os acontecimentos da vida real. As redes sociais podem divulgar nossas qualidades, mas ao mesmo tempo, maximizar nossas futilidades. Diariamente somos bombardeados de boas atitudes, os “bons samaritanos” enlouquecem os feeds de notícias de todas as mídias.

Sempre desconfiei dos puros de coração, com raríssimas exceções, todos têm segundas intenções, faz parte da natureza humana. Os românticos ainda querem acreditar que a ampla maioria da sociedade é boa, que os corruptos e degenerados de ocasião são exceções. Desculpe-me em desapontá-los, Rousseau estava errado!

Certa feita estava em uma reunião, quando ainda vestia a farda verde oliva e ostentava minhas estrelas. A discussão era sobre segurança dentro dos quartéis, nela a reclamação era geral:

- É um absurdo revistarem os veículos de nossas esposas! – bradava a massa. Lá fui eu, remando contra o consenso:

- Desculpem-me, senhores. Mas estatisticamente falando, dentro desta sala – com mais de 100 militares - temos drogados, ladrões, espancadores de mulheres, etc. Não podemos garantir a idoneidade de todos, temos que raciocinar com a pior hipótese, temos que revistar! – devo ter sido demonizado por uns dias . . .

Dentro do dia a dia - e cada vez mais - observamos o discurso indignado da população contra nossa falta de segurança, o aquecimento global, o corte de árvores, a corrupção impune, a péssima educação. Mas façam o teste, deem corda para seus pares, deixem a conversa fluir e verifiquem onde chegarão. A maior parte vai escorregar e admitir que sua moral é relativa, que sua probidade depende de ocasião. 90% ou mais subornaria um guarda! E este é apenas um exemplo. Seguem alguns outros:

- Ah, o cara está cobrando a menos na conta do bar. Oba! Vamos aproveitar e beber mais. Que se exploda esse mané e o dono do estabelecimento;

- Moço, posso passar na sua frente na fila, é rapidinho, só tenho dois itens para pagar;

- Todo político rouba, eu, se estivesse lá, também o faria. Ao menos aceitaria o retorno;

- Minha filha, dá para liberar aquela autorização antes dos demais, sabe com é, tenho urgência, meu filho está morrendo e minha mulher se acidentou . . .

Dá para ver que a hipocrisia reina por todos os cantos, mas pouquíssimos admitem, é mais fácil inventar virtudes do que reconhecer defeitos.

Eu nuca fui um exemplo de pessoa, mas não prego o que não faço. Não quero salvar o planeta, no máximo resolver meus problemas e consequentemente dos que me cercam. Admito que sou um grande egoísta, chato contumaz, e tenho completa aversão a utópicos, hipócritas de ocasião. Volto em breve com outro texto para complementar.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Somel Serip Inventor disse...

Afonso Cachorrão, olá !
Agora compreendo a sua dificuldade em assumir a CNBVN !
Abraços !