sexta-feira, 30 de março de 2012

Estranha noção de liberdade


Não estou aqui para condenar ou defender o golpe militar de 1964. Apenas quero jogar uma luz ao debate dentro da ótica de seus maiores defensores/críticos.

Estou vendo manifestações de ambas as partes, tanto de radicais de lá como de cá – seja lá o que isso signifique. Faz parte do jogo democrático as pessoas se expressarem, a liberdade de expressão é um dos pilares de uma sociedade aberta e plural.

Mas é correto que as manifestações fujam da legalidade? No meu entendimento, não! Pichar muros, agredir idosos ou querer proibir que se manifestem, são apenas uns dos atos praticados nos últimos meses.

Às vezes me pego pensando o que se passa na cabeça dessas pessoas que – teoricamente – defendem a democracia e as liberdades, acima de tudo. Será que têm noção exata do significado disso?

Outro dia fui acusado de defender torturadores, simplesmente por dizer que os militares da reserva podem se manifestar – o que é previsto em legislação, frise-se! Vemos diariamente uma manada de biltres proferindo diatribes, muitas vezes de forma criminosa, e nada é feito. Eu defendo que até os idiotas tenham o direito a se expressar, se burlarem as leis, que sejam enquadrados e ponto final.

Sempre tive para mim que os atuais governantes, ex-guerrilheiros, nunca lutaram pela liberdade. Isso é histórico e fartamente documentado, por mais que insistam em negar. Assim como a cúpula militar da época, também era extremamente autoritária. O que também dispensa apresentações. Mas o que não dá é para relativizar, com é que vou condenar um regime autoritário, defendendo outro igual ou pior? Exaltando regimes onde as pessoas são assassinadas pelo simples fato de pensar em dissonância com o governo?

Nós, reais defensores das liberdades individuais, devemos cerrar fileiras em defesa das mesmas, não se aplaude qualquer ato de cerceamento. Devemos estar atentos para qualquer tipo de autoritarismo. Penso que os arquivos da ditadura, se é que ainda existem, devam ser escancarados. Se for comprovada tortura por parte de agentes do Estado, que sejam também punidos, ainda que tenha decisão já a respeito do assunto. Mas também penso que os opositores do regime devam ser enquadrados se crimes cometeram.

Primeiro, em momento algum de nossa história a tortura foi algo legal, quem o cometeu, o fez à revelia das Leis. Há um dito militar muito bom: “ordens absurdas não se cumprem!”, assim como assassinar inocentes, roubar bancos, e botar bombas em lugares públicos, também sempre foi considerado ilícito.

Tenho muito receio dos que “querem salvar o mundo”, em nome dos supostos milagres, criam utopias que na prática se tornam totalitárias. Isto dito, é sempre bom bradar, ditadura nunca mais, seja ela de direita ou de esquerda! Abaixo ao relativismo moral, aos idiotas úteis que defendem somente o que lhes convêm. Que muitas das vezes abraçam uma causa sem conhecer a própria história, sem se informar e adquirir bagagem intelectual sobre o que propõem defender.

"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir." - George Orwell

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