quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O rock, dificuldades e gratificações

Refletindo ultimamente sobre aquilo que me agrada, acabei por conciliar devaneios e lembranças com os dois anos em que tentamos fomentar um gênero musical que não é o forte no interior do Brasil. Ao se falar em rock’n roll, vem de imediato à mente os estereótipos, as dificuldades para bandas e bares, o desconhecimento e falta de apoio, muitas vezes oriundos de membros da própria tribo.

Não sou músico, nunca tive curiosidade e tempo de aprender a tocar nenhum instrumento, apesar de já ter até comprado uma guitarra. Gosto das melodias, letras, riffs e da atitude do gênero rebelde e barulhento. Por todas as cidades e estados que passei, sempre fiz amizade com o nicho que gosta do estilo que levou ao estrelato milhares de “gênios” malucos e incompreendidos.

É comum ver entre os mesmos que reclamam da “falta do que fazer” para quem gosta de Rock, pouco ou nada ajudar. Pior ainda é quando profissionais da área criticam quem luta por fazer algo quando nem mesmo eles o fazem.

Podemos mudar as cidades e estados, e o problema da cena é sempre a mesma! Aquele seu amigo reclama da ausência de opção, mas nem prestigiar e pagar míseros R$ 10,00 ou 15,00 está disposto para incentivar e fomentar essa cultura pouco difundida no meio que nos cerca. Muitas vezes não comparecem nem em eventos gratuitos, mas é claro, criticar sem conhecimento e engajamento fazem, e muito.

Acredito que o músico deva ser gratificado pelo seu trabalho, mas cabe também uma reflexão: se o profissional não está tocando no estabelecimento – que lhe paga quando se apresenta -, por que ele não quer pagar o ingresso para ver seus pares? É dura a vida do empreendedor que teima contra a corrente e busca manter uma casa nessa linha.

Em dois anos de existência, o Clube do Rock do Vale do Taquari já colocou para tocar no palco mais de duas dezenas de bandas de todo o Vale. Fez parcerias com bandas já reconhecidas na região. Arrecadou alimentos, rações, agasalhos e brinquedos, atendendo algumas centenas de animais, crianças, adultos e idosos, sempre com o intuito de divulgar novos talentos, promover a música e cumprir uma função social.

Entre erros e acertos, muitas vezes tiramos dinheiro do próprio bolso para conseguir cumprir compromissos e não deixar a bola cair. Há uma música do Bando do Velho Jack - banda sul-matogrossense - chamada Como ser feliz ganhando pouco, acredito que sintetiza muito bem a sina de quem empunha essa bandeira.

Amamos um estilo musical, mas também aprendemos a respeitar as individualidades e opiniões de terceiros. Cumprimos nossos compromissos, gastamos nosso tempo, suor e recursos materiais, mas pode ter certeza que é gratificante ver que ainda temos uma geração vindoura cantando, tocando baixo, guitarra e literalmente espancando uma bateria. Ações como a feita no munícipio de Imigrante – RS, em que se organiza um evento anual para festejar o Dia Mundial do Rock, demonstra que estamos no caminho certo e incentiva.


Enfim, se é uma longa viagem ao topo, que todos os amantes dessa arte se unam, deixem intrigas de lado e vamos continuar agitando em um mundo livre!

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