Escrevo
este texto antes do término da eleição de domingo, que muito provavelmente colocará o
primeiro candidato oriundo das Forças Armadas na cadeira de presidente do
Brasil após a ditadura. Em que pese todos os prós e contras do novo eleito, na
minha opinião não foi sua figura quem venceu a eleição, e sim uma visão
predominante de mundo que sempre existiu, mas nunca teve voz ou representação.
Muita gente diz que as notícias falsas influenciaram o pleito no
primeiro turno; na minha opinião pode até nortear uma ínfima parcela, mas ao ponto
de mudar uma eleição e conseguir milhões de votos? É chamar todo mundo de
idiota e ignorante. Essa argumentação não se reforça nem em pesquisas, vide
levantamento do próprio Ibope. Hoje se fala que vídeos de whatsapp mudam
posições, antigamente diziam que era a mídia televisiva, a Globo, demonizada
por esquerdistas e direitistas. Se notícia, seja falsa ou verdadeira, elegesse
alguém, Bolsonaro não teria nem ido ao segundo turno. Faça uma análise fria e
veja como ele foi tratado pela mídia, ou ainda, Lula não teria sido reeleito e
muito menos Dilma!
Oras,
meus caros, Jair Bolsonaro é o reflexo do cidadão mediano brasileiro. É seco,
xucro e fala na lata, sem papas nas línguas, o que lhe rende simpatia para
considerável parcela da população. Em tempos de monitoramento constante, onde
qualquer brincadeira de mau gosto é confundida com preconceito e alhures - num
patrulhamento que beira ao autoritarismo mais boçal – ter alguém em evidência
que solta o verbo sem muita preocupação, chama muito a atenção.
Não
estou aqui dizendo que o capitão está certo, ou que concordo com sua postura.
Estou simplesmente constatando o que os marqueteiros, intelectuais e jornalistas
parecem ignorar: o tiozinho de classe média baixa, que paga suas contas em dia,
que quer bandido preso mesmo que sejam crimes irrelevantes, que não quer seu
filho influenciado por um terceiro alheio ao seu círculo, é a maioria da
população.
Endosso
o que digo com pesquisas. Vejam a opinião da maior parte da população sobre
ideologia de gênero, aborto, casamento gay, descriminalização das drogas, entre
outras pautas que geram inúmeras desavenças. Mesmo que essa parcela seja
muitas vezes hipócrita, ela é a parte que foi silenciada nos últimos anos,
assistiu calada nossos governantes enfiarem goela abaixo uma agenda
progressista. Sofreu quieta por não enxergar um representante que realmente
fosse seu reflexo; daí vemos o fracasso de um partido erroneamente chamado de
direita, como o PSDB. As vezes que Alckmin ou Serra tentaram se aproximar da
imagem do adversário, perdiam mais votos, p. ex.
Após 16 anos de corrupção escancarada, de políticas econômicas
desastrosas, de um mesmo partido, de 14 milhões de desempregados, é natural a
alternância devido ao cansaço e desgaste.
O “tiozinho
do Monza”, um conservador que vai à igreja, que preserva sua família acima de
tudo, que enxerga valores morais como pilares de uma sociedade, saiu da toca,
gritando com caps lock ativado em redes sociais e voltando a se impor.
Encontrou seu momento e abraçou um candidato, mesmo que ele não seja o ideal, é
o que mais se aproxima com seus anseios. Quando foi mesmo que vimos alguém
comprar uma camiseta de político?
Não esqueçam que o voto desse cidadão vale tanto quanto o
do universitário revolucionário, do artista descolado, do maconheiro da
esquina, do bandido, do almofadinha, do meu e do seu. O que diferencia é que o
eleitor conservador é a maior parte da população, e isso em todos os extratos e
classe sociais, mesmo que muitos insistam em dizer o contrário.
O povo optou pela ruptura, por uma quebra de paradigma,
optou de forma ordeira e dentro da Lei. Agora resta aguardar para ver o
resultado dessa escolha. Respeitem a vontade da maioria, essa é a essência do
nosso modelo de democracia!
Um comentário:
Isso aí meu amigo
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