quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Liberdade, responsabilidade e relatividade


Afonso Vieira

Liberdade, ai está um conceito que caminha concomitantemente com responsabilidade. À medida que dispomos de maior autonomia, nossas obrigações aumentam. É de certa forma relativo, mas indispensável ao ser vivo.

Muito ouvimos sobre liberdades individuais, econômicas e de expressão. A liberdade individual é correlata ao respeito dos direitos de terceiros e à observância das regras estabelecidas pela sociedade; a econômica depende da regulamentação por parte do Estado - sua fiscalização e observância dos preceitos éticos e morais inerentes ao meio social; a de expressão deve ser emitida com a observância dos valores, sem denegrir pejorativamente e difamar alguém ou algo.

A definição conceitual é relativa a cada pessoa, mas o valor é absoluto - assim como ética e moral. Eu posso perfeitamente me encontrar em uma situação que para outrem não represente liberdade e, mesmo assim, considerar-me livre. A liberdade se expressa nas mais diversas maneiras, seja por palavras, atos, gestos, sentimentos e demais formas de manifestação.

Ao me dirigir a alguém, tenho que ter ciência de que posso fazê-lo desde que não desrespeite Leis e a individualidade dos demais seres da comunidade. Posso perfeitamente ter conhecimento e opinião sobre um assunto, posso discordar da legislação vigente, sendo esta o único valor que não posso relativizar - ao menos enquanto esteja valendo; se discordo, sou livre para contestar de forma civilizada e buscar meios para que seja alterada.

Quando alguém ataca qualquer forma de liberdade, e fica somente na retórica, prova-se que ela foi expressa de forma legítima. Vários jornalistas da dita grande imprensa sofreram/sofrem processos jurídicos por exporem suas opiniões, e pelo que tenho lido ganham a maioria das ações. Há muita distorção das palavras, uma espécie de ditadura do politicamente correto, e infelizmente- - somente quando convém aos supostos ofendidos.

Liberdade não é libertinagem, é viver dentro das adversidades tendo plena consciência de seus direitos e deveres. É respeitar as minorias, mesmo fazendo parte da maioria; saber se portar sem desmerecer os demais.

O conhecimento é atributo necessário para que se atinja a liberdade plena. Há a necessidade de Educação, assim como meios mínimos de qualidade de vida. Ser livre necessita entendimento amplo do sistema vigente. Não se justifica o desrespeito e a transgressão das normas alegando parco conhecimento, muito menos se atenua culpa por posição social ou grau de instrução, este último - quando elevado - deve ser tido como agravante e não diminuto de culpabilidade.

Liberdade é fazer criticas, saber que se está sujeito às mesmas e que devemos aprender com elas. É poder vaiar ou aplaudir uma pessoa pública, cobrando-lhe responsabilidades e atitudes.

Ser livre é ser religioso, ateu, agnóstico, apolítico, partidário, apartidário, crítico, conivente, omisso, atuante; mas, acima de tudo, ser responsável por seus atos e ações, assumindo-os de forma clara e jamais fugindo deles com alegação de desconhecimento.

Quanto maior o grau de liberdade, maior é a responsabilidade, independente de relatividade.

*"A liberdade, ao fim e ao cabo, não é senão a capacidade de viver com as conseqüências das próprias decisões".(James Mullen)

**Publicado no Portal Grito http://www.portalgrito.com.br/arquivol/arquivol.php?id=53


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