domingo, 2 de setembro de 2007

Vivendo e aprendendo

Afonso Vieira

A vida nos proporciona diversas oportunidades e é, ao mesmo tempo, repleta de obstáculos; provavelmente está nesses dois elementos o segredo de aproveitá-la de forma satisfatória e alcançar a felicidade tão almejada.

Refletindo sobre o que nos ocorre no dia-a-dia; nas vezes que um evento deixou de acontecer; de uma reunião ou encontro ser cancelada; do não consumar de um fato. Quando nossas expectativas são frustradas por um vacilo ou mesmo por forças aquém de nosso controle, a tendência é se chatear, tentar imputar a culpa a algo. Porém, passado um certo tempo, olhamos para trás e por muitas vezes verificamos que foi melhor ter sido exatamente como ocorreu.

As oportunidades surgem, todos temos aspirações, visões de felicidade e de realização profissional, muito particulares. Por vezes, por falha própria não conquistamos um degrau aspirado, imputamos logo o fracasso a outrem, ficamos irritados e descontamos a frustração ao próximo.

Sem as adversidades, os obstáculos e os espinhos do caminho trilhado, provavelmente pouco aprenderíamos, pouco evoluiríamos. É justamente na dificuldade que vemos brotar as reais qualidades, é onde aflora o espírito de luta, o vigor do valente ante o opositor. Devemos saber aproveitar o momento ideal, quando do fracasso, não desistir e saber esperar o momento oportuno para nova tentativa.

O mundo não gira sempre da forma que desejamos, ele possui uma vida própria muito aquém de nossas vontades; os governos, empresas, profissões, pessoas e o cotidiano são extremamente diversificados. Dentro de todo esse universo, cabe a nós administrar a situação para que seja a mais proveitosa possível. Somos seres extremamente adaptáveis, quando usamos da inteligência conseguimos transformar uma situação desfavorável em algo prazeroso.

Pessoas negativas e rancorosas tendem a afastar a harmonia de si, conseguem estragar um ambiente saudável. Para alguns - que confundem ser crítico com ser indigesto - até a música, o lugar, ou a convivência pacífica entre pessoas de etnias, credos, ideologias e gostos divergentes, incomoda. Resta aos seres desprovidos do dom da tolerância e da conciliação se isolar em um mundo particular sem grandes emoções em sua existência, provavelmente fadados ao ostracismo.

Aos que sabem respeitar as individualidades resta a saúde, o bem viver, resta os louros de conseguir tirar proveito até mesmo da solidão. A busca da felicidade é uma constante, é a procura de uma utopia saudável. Para alguns a liberdade é o valor acima de contestações, sacrificando muitas vezes o que - em outra análise detalhada - pudesse contrapor a primeira idéia.

Os espinhos da vida e o respeito ao que discordamos nos ensina a ser tolerantes; nossos erros educam mais que os acertos; os tombos nos fortalecem; o aprimoramento constante de idéias e a diversificação sócio-cultural de nossos hábitos nos torna um ser plural, rico da mais valiosa de todas as virtudes, que é a sabedoria. Bom seria se os intolerantes e os que enxergam dificuldades em tudo começassem a fazer uma autocrítica de seus comportamentos, os maiores beneficiados seriam os próprios.

A escola da vida é o maior dos educandos, e é exatamente neste mundo adverso que nos formamos e aprendemos a buscar um bem maior. Com certeza um mundo perfeito e sem problemas seria a coisa mais entediante que alguém poderia imaginar. Enfrente os problemas e as dificuldades – reflita - pois até neles há algo de excelente a ser extraído.

"A felicidade às vezes é uma benção, mas geralmente é uma conquista." (Autor desconhecido)

*Foto de Daniela Miolla

**Publicado em O JORNAL, de 04 de setembro de 2007.

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