quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Aumento do número de vereadores


Afonso Vieira

Ao ler a edição de O JORNAL de quarta-feira, 24 de outubro de 2007, me deparo com a pérola: “o aumento do número de vereadores não causará nenhum gasto a mais do que o já existente”, na coluna de Diego Soares. Desculpem-me, mas isso é uma ofensa à inteligência alheia.

Enquanto vemos uma verdadeira briga no plano federal para a manutenção de tributos que já deveriam ter sido extintos, o referido colunista prega o aumento de vereadores, que automaticamente acarretará o aumento de despesas destinadas ao legislativo municipal. Mesmo que tal medida não onere ainda mais o orçamento da Prefeitura Municipal (?), o recurso deverá sair de outro local. Será que podemos nos dar a esse luxo? É claro que não, com a saúde e educação em condições precárias - muito longe do ideal -, um formador de opinião deveria estar clamando por melhoras nesses setores, não no elefante branco.

Qual a relevância de um vereador? Sinceramente, a mesma de um deputado estadual, ou seja, praticamente nula. Já está mais do que provado – pelos exemplos nacionais, estaduais e municipais – que os nossos políticos, na imensa maioria, não estão preocupados com os interesses da população. Políticos são eleitos para representar seus eleitores e defender o interesse público, na prática, preocupam-se única e exclusivamente nas finanças pessoais, muitas vezes por formas ilícitas.

Não há colocação plausível que justifique o aumento de parlamentares, nem mesmo a suposta representatividade. Praticamente todas as ações realizadas pela Câmara Municipal, poderiam ser feitas e substituídas por secretariados eficientes e um modelo de gestão adequado. Aprovar nomes de ruas e autorizar a realização de festas populares, não justifica. Fiscalizar as ações do executivo, seria muito mais eficaz com uma auditoria composta de pessoas qualificadas e técnicas.

O curioso é que só vemos vereadores e pretensos candidatos defendendo um absurdo desses. Ninguém quer largar a “boquinha”, e outros pretendem mamar também. Jamais vi um cidadão comum e sem amarras partidárias, com um discurso semelhante.

O Estado gasta muito, e gasta mal. Um exemplo é a CPMF, criada para ser provisória - demagogicamente combatida outrora pelo PT e hoje pelo PSDB - está se tornando permanente. Eu até prefiro pagar a CPMF, que serve de instrumento para fiscalizar fraudadores do fisco, mas que seja em substituição a outro imposto. Temos a CIDE para manutenir estradas, mesmo assim teremos que pagar pedágios devido à última privatização do governo Lula.

Para embasar melhor meu pensamento, tentei acessar os dados das prestações de contas do município, mas os relatórios estão indisponíveis para consulta, provavelmente por falha de carregamento ou na configuração dos sítios eletrônicos da Prefeitura e da Câmara Municipal de Tangará da Serra.

Infelizmente, em um país onde o Governo Federal defende o aumento da máquina estatal, que já se demonstrou mais do que ineficiente em gerir recursos, não é de surpreender que um militante do PSOL, pretenso candidato a vereador, advogue em causa própria.

*Publicado em O JORNAL de 25 de outubro de 2007.

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