Pois bem, estamos sendo brindados diariamente com a campanha eleitoral, seja pelos panfletos, pelas propagandas políticas ou conversas informais com candidatos, assessores e cabos eleitorais. Seria cômico, não fosse trágico.
A quantidade de propostas - seja pelo montante ou pela inaplicabilidade – absurdas é de saltar aos olhos. O mais triste é constatar que a ampla maioria da população ainda cai no conto do vigário.
Certos candidatos só faltam prometer que construirão uma nova sociedade, haja vista a quantidade de promessas apresentadas; outros parecem que mudaram a competência da união, estados e municípios no repasse e aplicabilidade dos recursos orçamentários.
Um pouco de conhecimento sobre a legislação e do funcionamento da máquina pública, já colocaria uma pedra sobre as asneiras propostas. Em recente reportagem do Correio Braziliense, mostrou-se que em diversas cidades do país, energúmenos utilizam o bolsa-família como moeda eleitoral, prometendo mundos e fundos para a massa de beneficiários do programa, que infelizmente, possuem pouco esclarecimento sobre seu funcionamento. Já em outros casos, a velha demagogia transparece disfarçada de boas intenções, a quantidade de assuntos defendida é ridícula, pois trabalham em tantas frentes que fica patente a inviabilidade de execução de tantos projetos.
Oras, a Lei de Responsabilidade Fiscal é clara quando diz que o aumento de despesas deve vir vinculado à origem dos recursos para o respectivo custeio. As prefeituras dificilmente aceitarão a criação de novos dispêndios, pois seus orçamentos já trabalham apertados visando o cumprimento da legislação.
São hipócritas, mal intencionados ou ignorantes os que prometem mundos e fundos. Seja pelo intento de enganar os desavisados, tendo ciência dos obstáculos para a aprovação de qualquer projeto; seja pelo desconhecimento do funcionamento da máquina pública - que já seria motivo mais do que suficiente para incapacitar sua candidatura.
As bandeiras defendidas devem ter foco concreto, com projeto que tenha viabilidade de execução. Jogar para a platéia é bonito aos olhos dos iletrados, ridículo do ponto de vista moral e praticamente um crime na parte legal.
O Estado deve buscar investimentos, parcerias e inovação visando o desenvolvimento sustentado. Os edis e aspirantes a cargos eletivos devem estudar o orçamento, a economia municipal, respectivos gargalos e somente após isso, se posicionarem e planejarem suas campanhas.
Pelo visto, pela quantidade de ruminantes que aparecem diariamente nas televisões, jornais e em “santinhos”, ainda não será nesta eleição que a renovação necessária ocorrerá. Podemos ao menos tentar mudar o combalido sistema que ai está: corrupto, inepto e populista. O difícil mesmo é encontrar alguma legenda que possua um único representante com o mínimo de qualificação.
Fazer o quê? No país do “relaxa e goza”, do “estupra, mas não mata”, prefiro lamentar.
Um comentário:
Brilhantíssimo o que escreveu o Sr Afonso Vieira sobre a politica brasileira...Parabéns
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