Afonso Vieira
Vou tratar no presente ensaio sobre um tema que me fascina, que faz perder horas a fio e aprofundar no mais oculto do meu ser; enxergando possibilidades infinitas em algo que a maioria tem ojeriza, medo, um certo pavor – talvez pela incapacidade de se adaptar, de evoluir dentro de si próprio -, falo da solidão.
Certa vez escrevi um texto sobre o assunto, era uma reflexão semelhante a esta. Sempre verifico que há uma parcela enorme de entes próximos a mim que fazem de tudo para fugir da condição solitária, alguns raros – assim como eu – aprenderam a gostar, a vislumbrar o estado de espírito como algo que dificilmente mereça desapego.
Qual o problema e ter uma vida sociável, cheia de amigos e festas e mesmo assim gostar de um refúgio, de se entocar por vezes ou se fechar no mundo pessoal, usufruindo do que de melhor sua mente possa lhe proporcionar? Muitas das vezes, tais ponderações são extremamente produtivas e benéficas, um aperfeiçoamento de ego necessário e saudável.
Comecei a ler um livro do filósofo alemão Arthur Schopenhauer. A indicação de uma amiga não poderia ter sido melhor. Em que pese muitas coisas que discorde, especificamente nessa obra, Aforismos para a sabedoria de vida, identifiquei-me com suas divagações.
Filósofos são incompreendidos, muitas vezes seus pensamentos são utilizados de forma vil, mas é respeitável a infinidade de opções que nos põem à mesa. Schopenhauer influenciou Nietzche, que por conseguinte lota os cérebros do mundo até os dias atuais em seus devaneios brilhantes.
O que faz com que pessoas passem a rejeitar certos ambientes, ou não dar muita importância para os locais que frequenta? É algo que tenho me perguntado. Talvez seja uma certa experiência adquirida ao longo dos anos - apesar da aversão à hipocrisia reinante da sociedade -, onde se aprende filtrar e aproveitar a cada momento, descartando o que é supérfluo e banal. Em uma mesa de bar, uma reunião com colegas, ou mesmo dentro de uma casa noturna, nada estará bom se o Eu interior não corroborar com a paz externa. De nada adianta o lugar, a companhia ou a ocasião – é claro que ajudam, mas não é o principal -, se a mente não for sóbria e inteligente.
A condição de eremita não é um fardo ou sacrifício, provavelmente nem é eterna. Mas, na maioria das vezes, pode ser fruto de uma opção individual para o que o momento nos pré-dispôs. Isso não quer dizer necessariamente o isolamento do mundo, pelo contrário, em boa parte das situações é meramente mental, fruto da imaginação, uma decisão pessoal. Condição, diga-se, extraordinária, basta aceitá-la e aprender a apreciar no melhor estilo possível. Ou seja, da forma que melhor lhe convir.
“Na solidão, onde todos se veem limitados aos seus próprios recursos, o indivíduo enxerga o que tem em si mesmo. O tolo em trajes finos suspira sob o fardo de sua própria individualidade miserável, da qual não pode se livrar, enquanto o homem de grandes dotes povoa e anima com seus pensamentos a região mais deserta e desolada” - Schopenhauer
http://www.campogrande.news.com.br/canais/debates/view.php?id=4372
3 comentários:
Afonso, Schopenhauer dizia que:"não existe vento favorável para aquele que não sabe para onde vai", pois bem, sempre achei que o vento sopra a teu favor...esse é o Big, sabe sempre prá onde vai...
Gostei muito do texto!!
Big!
Indentifiquei-me com teu texto...acredito sim que a solidão possa ser uma opção saudável, mas não podemos deixar de conviver com amigos e pessoas queridas, afinal um ser eremita perde a chance de passar ao mundo suas idéias.
O equilíbrio entre o estar só e o dividir seu tempo é o mais adequado.
Lindo texto, bem escrito , fundamentado e estruturado. Parabéns!
adorei o seu texto!
Todos nós somos feitos de solidao;e acredito que o estar-se só,é´fundamental.
se queser visite o meu blog:solidaoquetranscende.blogspot.com.
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