Afonso Vieira
Muito tenho escutado e também lido sobre a má-qualificação dos profissionais nos mais variados setores, e isto não é particularidade de apenas uma região do país, já trabalhei - tendo inclusive empreendimento próprio - em alguns estados da federação. A reclamação é sempre a mesma. Analisando melhor a questão, vejo que - muitas vezes - não é falta de mão-de-obra qualificada, e sim, ausência de visão empresarial e gerenciamento incorreto dos recursos humanos por parte dos gestores.
Quando se tem uma boa experiência no mercado, é fácil identificar deficiências gritantes na execução das tarefas dos mais variados locais. A qualidade na prestação de serviços nos locais que morei - MS, MT e BA – deixa muito a desejar, é um fato duro de engolir para os bairristas de plantão, e de fácil constatação. Agora faço um questionamento: o problema é somente nos funcionários – detesto o termo “colaborador” -, ou também é falta de valorização do profissional e/ou reciclagem?
Não é raro ver vagas de emprego - solicitando nível superior para cargo de gerência - que oferecem salários medíocres, beirando o ridículo. Mão-de-obra eficaz exige contrapartida, dizer que “as pessoas não querem trabalhar” é menosprezar anos de estudo e dedicação em detrimento de um “lucro” irrisório, que provavelmente ocasionará prejuízo.
Citando Peter Drucker, em artigo de 1963: “Todo produto, toda operação e toda atividade de uma empresa deveriam, portanto, ser submetidos a um teste a cada dois ou três anos.” Isto é um fato, qualquer fundamento administrativo não é absoluto, podemos dizer que a única tese imutável da administração é exatamente a “mudança constante”. Notem que na frase em questão, dá para englobar os recursos humanos. Após anos na mesma função, boa parte se acomoda, poucos levam a “disciplina consciente” a sério. Talvez seja a hora de fazer um rodízio de funções, ou uma reciclagem nos quadros.
Ainda Drucker, agora em 2002: “Todo executivo terá de aprender o que um bom chefe de departamento em uma universidade ou um bom regente de uma sinfônica há muito sabem: que a chave da excelência é descobrir qual o potencial de cada indivíduo e se empenhar em seu cultivo.” Experiência é importante, mas não é primordial, às vezes temos um bom trabalhador desempenhando um cargo satisfatoriamente, que pode ser muito melhor em outra colocação. Por vezes temos dentro da própria empresa alguém com perfil para o ofício, mas por miopia preferimos contratar gente de fora, e ainda exigindo muito tempo na área como pré-requisito, oras, servidores competentes dificilmente estarão disponíveis!
Leio muitas críticas contrárias ao lucro das instituições, isso - normalmente - é gritaria sem embasamento de frustrados incompetentes. Mas tenho que dar o braço a torcer em alguns casos. A tendência é a concentração do mercado, grandes aquisições vêm ocorrendo, e via de regra, o quadros enxugados. Até ai nenhum problema - é sabido que o diferencial hoje é no custo de produção e não no preço final -, mas ainda assim está ocorrendo a redução de salários dentro das próprias funções já exercidas. O resultado podemos verificar in loco nas instituições financeiras e de ensino superior, utilizando apenas 2 exemplos.
Por fim, nem sempre falta qualificação no mercado, ou ainda, as opiniões dos “comandantes” são sempre as corretas. O que tem faltado é visão ampla, abertura nos horizontes e tato na lide com as adversidades do dia-a-dia. A reciclagem acima sugerida, deveria começar pelas cabeças das organizações, nada que uma boa dose de Inovação e Espirito Empreendedor não norteie, ou até mesmo resolva.
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