quinta-feira, 15 de abril de 2010
O lamaçal da imprensa
Afonso Vieira
Sempre fui extremamente crítico, em praticamente tudo. Sempre desconfiei, afinal: de omnibus dubitandum – uma alusão a Descartes. Gosto da imprensa, entendo seu papel e não caio na conversa mole da imparcialidade/isenção, isso é utopia!
Leio blogueiros que fingem ser idôneos, tão logo passo o escantilhão com mais cuidado, verifico que o discurso é e sempre foi oportunista e interesseiro. Os maus profissionais, mentem, deturpam informações e induzem o leitor ao erro.
Os estimados jornalistas do meio acadêmico – entenda-se meio esquerdista – sempre foram os que mais exaltaram a suposta isenção. Azenha e Nassif notabilizaram-se nos últimos anos em defender o atual governo, e como resultado foram brindados com programas milionários na estatal TV Brasil. Alguns irão dizer “ah, mas ganharam a concorrência”; somente um biltre acredita que a legislação é infalível, ou ainda, no suposto “notório saber”, como se houvesse uma aferição idônea quanto a isso.
Franklin Martins ameaçou processar o colunista – que não é jornalista – Diogo Mainardi em abril de 2006. Em sua coluna o articulista o acusava de tráfico de influência junto ao governo para nomeação de parentes, tempos mais tarde Martins também foi nomeado, agora para ministro de Estado.
Bom, os fatos acima demonstram claramente que há algo de podre no reino.
Não é preciso ter diploma de jornalista para escrever com propriedade, muito menos para investigar sobre um assunto, ouvir o contraditório e produzir um texto embasado e próximo ao que é real.
Em 07 de abril deste ano, a revista Veja publicou na coluna Radar, de Lauro Jardim, uma nota sobre a promoção do General Gonçalves Dias. Eu, sendo filho de militar e tido a oportunidade de servir por praticamente 9 anos como oficial da força, fui ao site e critiquei a notícia, alertei ainda ao escriba sobre a inexistência de fatos que denigram o ato, comentário que teve apoio de outros participantes daquele sítio.
Na última segunda, novamente o ”jornalista” ataca a concessão de uma medalha ao soldado. Fui até lá e o critiquei novamente, para minha surpresa meu comentário foi editado, restando apenas a parte que elogiava o general. Oras, a maior revista do país, manter no ar uma coluna com um “profissional” que nem averigua suas fontes antes de postar diatribes, e pior, mesmo alertado, insiste no erro! Para exemplificar: precisei de poucos segundos para descobrir que o militar em epígrafe havia sido promovido juntamente com os demais integrantes da sua turma de formação (1975), que era um oficial com diversos cursos combatentes, incluindo nossas Forças Especiais.
O que demonstra tudo que escrevi acima? Demonstra que estamos muito mal representados na dita grande imprensa, que não há, na prática, a tão alardeada imparcialidade e isenção. A imensa maioria dança conforme a música, ou melhor, o bolso do patrão.
Particularmente, prefiro pessoas com personalidade, que emitem e sustentam suas próprias opiniões e que tomam partido. São raros, mas ainda os encontramos. Mas reportagens devem estar amparadas em fatos e critérios objetivos que busquem a realidade – coisa que Lauro Jardim deve desconhecer por completo. No afã de criticar Lula e seu corrupto governo, o articulista distorceu fatos, não verificou fontes e induziu o leitor ao pensamento incorreto, tudo que deve ser criticado e menosprezado em alguém que se pretenda ético.
Fico extremamente preocupado com o rumo de nossa mídia; de um lado os que trabalham a soldo – bancados pelo erário -, de outro, desqualificados sem o mínimo compromisso com o público leitor. É, vamos mal, muito mal . . .
Ps. Alguém pode indagar por que não citei Paulo Henrique Amorim, esclareço: só considero jornalista quem consiga construir um texto articulado em parágrafos.
http://www.campogrande.news.com.br/canais/debates/view.php?id=5187
http://www.24horasnews.com.br/evc/index.php?mat=3179
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