domingo, 9 de março de 2008

Retrato do atraso


Afonso Vieira

Há um certo tempo tenho me incomodado com algumas prestações de serviços, e vivenciado situações que demonstram a ineficiência de algumas instituições. Como o tempo anda escasso, somente agora pude parar e refletir sobre os fatos.

Na última sexta-feira, precisei pagar um IPTU atrasado de uma casa alugada, quando da minha surpresa ao utilizar o gerenciador financeiro, não consegui efetivar a transação, já que o código de barras não é aceito pela instituição financeira que trabalho. Liguei na Prefeitura, no setor de tributação para verificar o procedimento, fui informado que o pagamento só poderia ser feito no Banco Bradesco ou Caixa Econômica, já que algum “iluminado” não permitiu que o Banco do Brasil recebesse tais boletos, um retrocesso do ponto de vista gerencial e financeiro, diga-se de passagem. A contragosto, me desloquei à agência do Bradesco local, quando entrei fui direto na máquina que deveria imprimir as senhas, verificando o cumprimento da Lei Municipal 2.603/2006, de cara já percebi o que os bancos tornaram como regra o descumprimento da legislação, já que a máquina não emitia o comprovante. Para piorar a situação, quando chego no caixa, a conta não podia ser paga naquela agência, e ninguém soube me informar a resposta.

O que demonstra isto? Que a ineficiência burocrática fica patente, como é que um órgão público do nível de uma prefeitura emite um boleto que não pode ser utilizado em toda a rede bancária? Qualquer estabelecimento comercial emite carnês que podem se pagos por todo o sistema financeiro, isso é o mínimo que se espera, a informática é para facilitar e não complicar. Os bancos, os quais evito fisicamente, são outro exemplo de mau gerenciamento, nosso sistema bancário é tido como um dos melhores do mundo, no quesito informatização, e a meu ver, um dos piores na prestação de serviços ao consumidor. A Lei prevê que eles disponibilizem um atendimento de forma que não permaneçamos mais que 30 minutos na fila, o que é praticamente impossível em Tangará da Serra – Lei muito branda por sinal, já que em outras cidades que morei a tolerância varia entre 15 e 20 minutos.

Alguém já precisou de algum documento assinado pelo senhor Prefeito Municipal? Chega-se ao cúmulo de esperar por mais de 30 dias para uma única assinatura. Os contratos, convênios e termos aditivos devem ser renovados no início do ano financeiro, mas alguém mais inteligente que os demais, deu férias aos responsáveis pelos mesmos, justamente no mês de janeiro, resultado, quem tem algo a receber do executivo municipal, ficou mais um mês no prejuízo.

Justiça seja feita, há excelentes profissionais, tanto na Prefeitura como nos Bancos, mas o que fica explícito é que quem deveria ter conhecimento gerencial, saber conciliar os procedimentos burocráticos e adhocráticos, de forma que a qualidade seja alcançada, pouco ou nada entende de padrão de qualidade e busca pela excelência.

Infelizmente, está mais do que provado que os bancos visam única e exclusivamente lucros, que sem uma fiscalização rigorosa pelas autoridades, o descaso com o cliente continuará, eu, vou buscar meus direitos conforme prevê a Lei. Já no caso da Prefeitura, vemos que as pessoas que tomam decisões, nada mais são que filiados políticos, que a maior qualificação é a contribuição partidária e por último a profissional, infelizmente.

Eis apenas um desabafo de um cidadão, ciente de seus direitos e deveres, que como profissional, busca a qualidade, e não mais se calará ante a ineficiência e desfaçatez de qualquer instituição.

http://www.diariodaserra.inf.br/showtangara.asp?codigo=118609

sexta-feira, 7 de março de 2008

Dia Internacional da Mulher


Afonso Vieira

Dia 08 de março, convencionou-se que comemoraríamos o Dia Internacional da Mulher. Não sou muito partidário de criação de datas específicas para comemorar isto ou aquilo, dá a impressão que só lembramos da homenageada naquele momento. Conversas à parte, vamos ao que interessa, já que existem dias para as crianças, amigos, pais, mães e mais uma infinidade de entes, vou refletir sobre as mulheres de uma maneira geral.

O sexo não tão frágil, o lado feminino da natureza humana, é uma dádiva a ser preservada. Considero-me uma pessoa privilegiada no sentido da amizade, como o assunto em pauta é a mulher, vou por partes:

- Primeiro lembro da pessoa iluminada que me concedeu a vida, minha mãe, um lindo ser que me apoiou em tudo, de quem não preciso tecer muitas palavras para saber o quanto gosta de mim, que me entende perfeitamente, sem que eu tenha a necessidade de me pronunciar;

- Às irmãs, que entre conflitos e confraternizações, continuam trazendo muitas felicidades a cada dia;

- Aos amores, as quais não são muitas (ao menos quando defino o verbo amar na minha concepção da palavra), não tenho nada a dizer que as denigra, muito pelo contrário, só tenho a agradecer pelos momentos felizes que me proporcionaram no tempo que desfrutei de suas companhias, e digo que sempre terão um lugar especial dentro da minha mente, pessoas que tenho o maior apreço e que desejo tudo de bom e do melhor;

- Às amigas, minhas irmãs que adotei na vida, que me entendem como ninguém, que me toleram nas madrugadas frias, ao telefone ou pessoalmente, que me agüentam e me conhecem como poucos. Para aquelas que conheci quando ainda era novo, ainda criando juízo, ou as que vi crescerem e se tornarem belas mulheres, ou ainda, as que conheci nas baladas da vida, que entre em um porre ou outro, tornaram-se imprescindíveis para meu convívio;

- Por último, e não menos importante, minhas amigas virtuais, pessoas que conheci na tela do computador, que se tornaram seres importantes no meu dia-a-dia. Apesar de muitas vezes não nos conhecermos pessoalmente, o laço de afeto é gritante, a paridade de idéias e o sentimento curioso de afeição extrapolam a lógica do contato físico.

Para todas as citadas acima, meu profundo agradecimento, pelas amizades, pelos momentos felizes que me proporcionaram e que ainda irão proporcionar. Que tenhamos muitas coisas boas para comemorarmos na vida, que nossa amizade continue. Que a data sirva para a reflexão da importância que o ser feminino é, pois nós homens, não viveríamos sem a sua companhia, que por mais bestas que certas piadinhas infames são, elas não refletem o real sentimento do homem com relação à mulher. De nada adiantaria um bom homem, se por trás não existisse uma grande mulher, são certos clichês que merecem ser ditos e propagados constantemente, a mulher só tem a acrescentar na vida terrena. Felizes os homens bem acompanhados, e neste quesito, tenho certeza que estou muito bem servido, agradeço à vida pelo privilégio de possuir tantas mulheres maravilhosas no meu círculo de amizades.

Parabéns a todos os seres lindos denominados mulher.


sábado, 16 de fevereiro de 2008

Contagem regressiva


Contagem regressiva para o show do Iron Maiden no Parque Antártica em São Paulo, de quebra encontro da comunidade DMM e rever grandes amigos.

Uma música para celebrar


terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Iniciando o ano de 2008


Afonso Vieira

No jargão popular, quando diz-se que o Brasil só funciona e inicia suas atividades após o Carnaval, nada mais é do que a triste constatação da realidade. É realmente curioso que isso venha à tona todas as vezes que me pego a pensar sobre nossos costumes.

Conversando com um amigo - que é profissional liberal - ouvi dele que um cliente teve a pachorra de dizer que não lhe pagaria um serviço à vista pelo fato de que viajaria para a praia. Triste inversão de valores. A realidade é que muitos - ouso arriscar, a maioria - dos brasileiros já condicionaram suas vidas aos feriados e festas nacionais. O índice de inadimplência em alguns setores, nos meses de dezembro e janeiro, sempre são alarmantes. Para confirmar isso, basta perguntar para qualquer cobrador ou empresário que trabalhe com vendas a prazo.

Em que pese a diversão e o dinheiro que alguns Estados e Municípios arrecadam com o turismo nessa época, o Carnaval não é feriado. O “jeitinho” brasileiro assim o convencionou. Nada contra quem goste da festa, diversão é bom e devemos aproveitar as oportunidades. Mas fica a questão, o que estaríamos comemorando? A falência das instituições, os índices medíocres na educação, as endemias que voltam a nos assombrar, a farra com dinheiro público nos cartões corporativos, ou a corrupção reinante? A lista é extensa. Para um país que tem pretensão de se tornar potência, alguns conceitos devem ser revistos.

Perdoem-me a generalização, mas somos acomodados por natureza, nossa cultura assim nos fez; nosso Congresso representa exatamente o que somos: um bando de patetas onde os que possuem qualidades são a exceção à regra.

O que dizer de um país que, quando dizemos a verdade, somos criticados por a proferir? Quando a imprensa aponta os erros, é taxada de diversos termos pejorativos. Quando um jornalista diz besteira, não possui a hombridade de se desculpar e assumir sua incapacidade de emitir opinião sobre o que desconhece.

Justiça seja feita, temos evoluído em vários aspectos, mas o que não devemos é nos acomodar e deixar de enxergar e reconhecer que poderíamos estar muito melhor, pois andamos a passos de tartaruga.

Lembrem-se: estamos em ano eleitoral; a quantidade de estultices, despautérios e alianças espúrias atingirão níveis estratosféricos. Uma coisa é certa, com os atuais representantes e pretensos candidatos que possuímos, não vejo grandes esperanças de melhora para o atual quadro. O que podemos fazer é lutar primeiramente por nós; não esperem - nem devem - grande coisa do Estado. Que bom seria se o ano brasileiro realmente se iniciasse em primeiro de janeiro, garanto que já seria um grande passo para melhorar a atual situação. O exemplo deveria partir de nossos líderes - como não é o caso, ao menos façamos a nossa parte. Triste, mas real - mãos à obra!

Ps. É curioso, mas este texto é uma simples adaptação do que escrevi há um ano sobre o mesmo assunto, e ainda assim continua extremamente atual.

Imagem Fúlvio Pennacchi - Volta do trabalho

*Publicado em O JORNAL de 08.02.2008

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Inteligência emocional, pró atividade e outras considerações


Afonso Vieira

Há algum tempo, em uma viagem a Cuiabá, me deparei com uma linda garota lendo o livro Inteligência Emocional. Rapidamente me lembrei dos idos de 1997, quando adquiri o livro do PhD Daniel Goleman para maior conhecimento do que era “a bola da vez”. A par disso, no inicio das atividades de trabalho no corrente ano, fizemos uma reunião na empresa em que presto serviços e me deparei com o conceito Pró Atividade - uma das “febres” recentes das teorias administrativas.
Ambos os conceitos, a grosso modo, são sinônimos, já que nada mais são que o óbvio ululante do que se espera de um bom administrador ou colaborador – outro termo da moda - ou seja, é chover no molhado.
Via de regra as teorias administrativas tendem a estudar a aplicabilidade de modelos de gestão, de atividades, de modo a maximizar resultados - tanto para a empresa como para seus recursos humanos e parceiros comerciais. Os estudos proporcionam critérios que devem servir para melhora no desempenho e na qualidade do serviço/produto.
Isto exposto, chamo a atenção para a seguinte questão: o que mudou nos modelos de qualidade e eficiência? Tirando a terminologia conceitual, os princípios são os mesmos. Teóricos tendem a criar nomenclaturas novas para o que já existe desde o Big Bang. Está mais do que certo buscar o aprimoramento constante - a mudança contínua é o único valor administrativo absoluto - mas o que é de se estranhar é que surgem livros e termos novos a cada dia, quando vamos estudá-los e aplicá-los, verificamos que não há nada de novo, que são meras adaptações de procedimentos já existentes.
Teóricos administrativos ao menos tergiversam sobre coisas aplicáveis; tente, então, dar uma lida em teorias econômicas, filosóficas e sociológicas - haja paciência e estômago. Diversas teses aparecem, pululam livros e doutrinas - das mais belas até as estapafúrdias - que não resistem ao menor sinal de emprego.
Dentro de um contexto organizacional, hão de ser levadas em consideração todas as variantes possíveis, e todos os meios e recursos envolvidos. Não há nada que supere a praticidade, não existe resultado sem aplicabilidade. Professores e escritores vivem de estudar e ler, atingem um grau de conhecimento altíssimo; porém, muitas vezes se esquecem do mais importante, que é a ação concretizada.
Estamos caminhando constantemente para a melhoria nas condições de trabalho e grandes empresas já possuem setores específicos para gerenciamento da qualidade; isso tudo é elogiável e tende a impulsionar a níveis cada vez mais satisfatórios; mas, às vezes, penso que as fontes de consulta para uma nova rotina deveriam partir primeiramente do empirismo – senão de uma profunda análise que avalie todas as variantes - para posterior passagem ao papel.
Enquanto insistirmos em ser redundantes, deixando de lado o resultado real, prefiro pensar na garota do início do texto.

Publicado em O Jornal, 21.01.2008

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Boas festas!


Afonso Vieira


No momento de festas de fim de ano, começamos a receber mensagens de todos os cantos, de amigos que há muito tempo não temos notícias, de pessoas que são próximas e até mesmo de pessoas que pouco ou nada convivemos, e as correntes de votos de felicidades lotam nossa caixa postal.

O “espírito natalino” é algo totalmente bonito, é uma época de reflexão, mesmo não sendo religioso, acredito que o simples fato de nos unirmos com familiares e amigos, de festejarmos e congraçar em reuniões e trocas de presentes, já é extremamente válido. As pessoas pensam mais na harmonia e evitam o pessimismo.

Como cético, enxergo nisso tudo algo bondoso, as pessoas se tornam mais receptivas, independente de credo, raça, ideologia. Não há como negar que as datas de festas, tanto natalina como de virada de ano, nos contagia com um sentimento bonito e saudável.

Entre erros e acertos, devemos ainda, aproveitar a data para refletir sobre nossas vidas, nossas aspirações e projetos pessoais, olhando nossos defeitos, reconhecendo-os e buscando melhorar a cada dia.

Sem um engajamento pessoal, sem uma busca pelo aprimoramento constante, de nada adianta nos empanturrarmos com comidas e bebidas por alguns dias, e passadas as festas, retornarmos ao nosso cotidiano sem perspectiva de melhora.

Aproveito o momento para chamar à ponderação de idéias, de pedir que todos lutem por um ideal, seja ele qual for, via de regra todos tendem a ser nobres. Devemos ler mais, muito mais, pois o foco de uma vida saudável está no segredo do conhecimento.

Devemos aprender a falar menos e ouvir e agir mais, mas também, planejar antes de fazer. Devemos refletir sobre nossas ações, de forma que elas não nos prejudiquem e nem a outrem. Devemos nos inteirar das coisas que nos cercam, das atividades que de alguma forma interferem em nossa vida. Ao sermos mais apreensivos, na busca pelo que é justo e correto, já estaremos diretamente produzindo uma sociedade melhor.

Costumo dizer que temos que ser mais chatos, temos que brigar com a pessoa que fura uma fila, temos que cobrar pelo serviço prestado, cobrar um bom atendimento, que ao vermos algo incorreto, que tentemos corrigi-lo. Em contrapartida, temos que ser mais prestativos, e que nossos atos busquem a perfeição, a recíproca do valor pago à qualidade do serviço/produto deve ser a máxima seguida.

Que fique para trás tudo de ruim que passamos, que a justiça, educação e a liberdade continue como mote principal de nossas vidas, o resto é conseqüência natural. Que o respeito e a cordialidade continuem sendo aprimorados, e que a vida continue nos brindando com as amizades e oportunidades, e que nós façamos por merecer.

Boas festas!