
Afonso Vieira
Muito tem se falado sobre as qualificações profissionais - e a falta delas - nos mais diversos setores. O que falta para que não se ocorra tantos descalabros e incompetência gritantes no país? Há de se adotar critérios técnicos e processos seletivos mais eficazes para a designação de cargos estratégicos, para que os problemas sejam solucionados a contento.
A  tendência natural de um mundo em evolução é o aprimoramento constante; as melhoras virão com mais ou menos rapidez de acordo com  o sucesso das pessoas responsáveis pelo gerenciamento das  engrenagens.
Nas grandes empresas o nível de  exigência aumenta cada vez mais, de sorte que temos  dentro de todas as adversidades possíveis, empresas mais competitivas alcançando maiores lucros e com produtos cada  vez melhores; em decorrência disso, os cargos são mais bem remunerados e a  qualidade de trabalho tende a um patamar mais satisfatório.
As empresas  públicas acompanham a tendência globalizada;  vemos seus lucros baterem recordes atrás de  recordes, mas ainda assim ficam atrás da qualidade do setor privado. O que falta  para melhorar estes setores? Vemos exemplos dos mais diversos, até mesmo dentro  de governos estaduais e municipais, onde o sistema de méritos e metas estão  sendo implantados. Os resultados saltam aos olhos, o enxugamento da máquina  pública tem proporcionado a obtenção de resultados maiores em um curto espaço de  tempo.
Nos últimos dias, as Agências  Reguladoras têm sofrido diversos ataques quanto a sua autonomia; não há  problema algum na independência delas; há sim, a falta de qualificação dos  nomeados políticos. Quais os méritos e qualificações que o atual governo se  utilizou para aparelhar os órgãos reguladores? Ao que tudo indica, fisiologismo  e partidarismo doentio, somente.
Temos exemplos bem sucedidos de governos  que contrataram consultorias. Entre as mentes brilhantes temos em destaque  Vicente Falconi Campos - que inclusive foi  sondado para projetos na Previdência Social - que, ao que tudo indica, foi barrado pelo atual Ministro da  Fazenda Guido Mantega. O Ministro da Saúde já anunciou que pretende implantar  métodos gerenciais nos hospitais financiados pelo   SUS.
É nítido que especialistas devem se sair muito melhor em  secretarias e ministérios que políticos profissionais, que normalmente só  entendem de finanças pessoais. Precisamos de uma renovação nas secretarias,  ministérios e qualquer cargo gerencial da administração pública; que se retirem os políticos ineptos e incapazes e se coloquem profissionais qualificados na área. Chega de  pagarmos incompetentes e toupeiras que só sevem para aumentar o patrimônio  particular e malversar os recursos de sua responsabilidade. Isso vale para as  três esferas de poder, municipal, estadual e federal.
Vou citar um  exemplo recente: o Presidente da República possui uma  assessoria de comunicação, sabemos que Lula adora um improviso e se destaca por  proferir gafes. O mínimo que se espera de um representante público é respeito  para com o ouvinte, os discursos ao  menos devem ser preparados ou debatidos os assuntos abordados. Onde  estavam os assessores do presidente quando ele disse  - mais uma vez - que “não sabia de  nada” sobre o apagão aéreo, mesmo tendo assinado um texto com duras críticas ao  setor em 2002? Ressalte-se que este é apenas um dos inúmeros casos. Em qualquer  empresa séria, já teríamos novos auxiliares.
Abaixo ao peleguismo e  fisiologismo partidário; que venham os profissionais, os méritos e as metas!
*Quadro "O Mágico" de Aniano Henrique
**Publicado em O JORNAL, de 06 de agosto de 2007.
 
 
2 comentários:
"Em qualquer empresa séria já teríamos novos auxiliares" - em qquer empresa séria, Afonso. Olhe de que empresa nós estamos falando. De Gaule (ou foi o embaixador?) estava certo, afinal...
E o dito é antigo e certo: "Quem não tem competência não se estabelece".
Precisamos evoluir muito para mudar essa forma de pensar e administrar. Os cargos públicos de confiança são ocupados sempre por pessoas incompetentes que são amiguinhas dos que assumiram o poder. Trabalho em uma empresa assim. Pior: de tecnologia. Imagine a cada mudança de governo ou no governo ver a Diretoria e demais cargos estratégicos serem alterados. Processos são interrompidos; trabalhos importantes são descontinuados; as pessoas ficam perdidas porque estão sempre sendo jogadas de um lugar pro outro, acompanhando a tendência de cada novo cabeça que preside a empresa. E sempre são tendências opostas. Como se um quisesse PROVAR que a administração anterior não sabia de nada. Nem tentam conhecer o que era feito antes, para saber se se aproveita alguma coisa. É uma coisa de louco.
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