A esperança move o mundo. A compaixão é pregada em praticamente todos os círculos sociais. A propagação da “alma boa”, do que é fraternal, de que todos têm a bondade dentro de si; de que somos seguidores de uma entidade onipotente e perfeita, na qual nos espelhamos, é o norte da ampla maioria. Desculpem-me, mas na maior parte é pura empulhação!
Ser humano gosta de tragédia, de ver o sangue jorrar. A mentira, falsidade, corrupção, o maniqueísmo, a inveja e outras características mais, são o que mais notamos no meio que nos cerca. Basta ver tudo que mais vende, que faz sucesso, os textos polemistas sempre são o mais comentados. Qual notícia boa que você se recorda do jornal de ontem? Qual foi a última fatalidade ou escândalo nacional? Faça o teste.
Não pensem que estou com raiva quando escrevo este texto, ou que esteja com algum problema, pelo contrário, estou muito bem, obrigado! Em uma paz interior tremenda. Mas às vezes é preciso demonstrar a verdadeira face que possuímos.
Todos têm raiva de algo, têm desejos obscenos. A diferença está exatamente em aceitar o politicamente correto e falsear as reais vontades. Poucos, pouquíssimos assumem e têm coragem de ser sinceros. Digamos assim, muitas das vezes, vivemos num mundo irreal, sobre conceitos distorcidos da própria realidade.
A primeira coisa que devemos aprender é enxergar as pessoas como realmente são. O ceticismo sobre a real natureza do ser é esclarecedor, menos injusto e nos traz menos malefícios. Parafraseando o dito popular; a verdade dói menos.
Pessoas amarguradas - não me confundam com elas -, com problemas de relacionamento, ou com frustrações, tendem a ser negativas e não enxergar seus próprios e imensos defeitos.
Eu, por exemplo, aprendi a ser muito observador. Procuro identificar os defeitos, tanto os meus – sou um chato incorrigível, e tento me policiar - como das pessoas próximas a mim. Estas, quando realmente me são importantes, o entendimento de suas imperfeições fazem do convívio algo muito mais agradável. O que proporciona uma melhora na qualidade da relação. Já os entes que não me agregam nada, tenho evitado!
Esta é uma ótica diferente da parcela mais significativa de nosso meio, mas creio que também é mais adequada. Se pensarmos ceticamente, dificilmente seremos surpreendidos pelos atos vis, que são inevitáveis. Estrategicamente falando, devemos raciocinar com a pior hipótese, sempre!
Creio que todos devemos buscar a excelência em nosso viver, e isto deve partir de dentro. Não gosto de dirigir, de música depressiva, de pessoas falsas, de bandidos, do politicamente correto, falso moralismo, et caterva. O que me irrita eu evito, e isso me tem feito muito bem! Sugiro ao demais.
Enxergar a verdadeira natureza humana, de inicio, é aterrorizante. Ver seus dogmas, seus ídolos e espelhos jogados na lama, não é e dificilmente vai ser algo agradável. A longo prazo, isso só nos fortalece.
Céticos enxergam o mundo de forma ímpar, conseguindo extrair dele a sabedoria necessária para a própria paz interior. Podemos possuir vidas controversas para os padrões normais, mas os padrões de outrem não interferem, via de regra, em nosso bem estar. Greetings!
Um comentário:
Afonso, texto ótimo, como sempre. Acho que talvez a palavra chave para resumir o tema deste texto seja "aceitação". O início de uma reflexão útil, do ajustamento interno para a paz interior sempre vem da aceitação do que se é, das características reais de quem reflete sobre si mesmo. Essa aceitação, a meu ver, vem da humildade de olhar para dentro de si com este ceticismo que você citou, limpo de dogmas e expectativas externas que são depositadas em nós como seres sociais. Disfarçar-se para si mesmo é sempre um caminho doloroso. O incrível é que este é o caminho mais percorrido.
Abraço.
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