quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Trânsito, questão de consciência


Afonso Vieira
Na última segunda, quando cumpria meu rito matinal de preparação para o trabalho, assisti, primeiramente em jornal de circulação nacional, e depois em outro, de circulação estadual, duas reportagens sobre o trânsito. Há tempos pensei em me pronunciar sobre este tema, que muito me envolve - nada melhor que na Semana Nacional do Trânsito.

Por todos os estados brasileiros que andei/morei, sempre observei atentamente o comportamento das pessoas ao dirigir pelas ruas e avenidas. É curioso constatar que por mais que haja cultura diferente, nos mais variados aspectos, somos péssimos motoristas e extremamente mal educados, e isso é característica nacional.

Nunca fui muito fã do volante, só o faço por necessidade. É algo que me irrita profundamente, portanto, é melhor evitar. O conjunto: péssima sinalização, ruas esburacadas e intransitáveis, somados aos “ases” da direção, pode ser fatal.

Para exemplificar melhor o que escrevo, vou citar exemplos de quatro estados:

- No MS, o sulmatogrossense parece desconhecer o que é seta e qual sua real função, parar em fila dupla ou para conversar com o vizinho do carro ao lado, é tão comum quanto desrespeitar o pedestre. Há aproximadamente um mês, quase sofri um acidente ao me deslocar para o serviço, com um tremendo agravante, o veículo era oficial, da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Ivinhema. O indivíduo literalmente “roletou” a preferencial. Cheguei a encaminhar e-mail para os endereços disponíveis no site da prefeitura, sem obter nenhuma resposta;

- Na Bahia, o trânsito é tão caótico e estressante, que após meio dia de trabalho já estava exausto. O pedestre parece desconsiderar a real finalidade da calçada. É comum ouvir dizer que temos que dirigir para nós, para o veículo da frente, o de trás e os dos lados;

- No RS, o gaúcho parece desconhecer completamente a preferência do veículo que está na rotatória – chamada de rótula por aqueles rincões;

- No MT, a contra mão é apenas um referencial, nunca entendi como é que as autoridades não multam aquela parcela significativa que adora transgredir as regras. Eu mesmo sofri um pequeno acidente devido a um mau piloto.

Há outras coisas que observamos por todos os cantos. O desconhecimento da legislação é algo que fica claro, para exemplificar, quantos têm ciência de que a preferência não é de quem vira, mas de quem segue em frente nos cruzamentos de mão dupla? É comum vermos veículos estacionados nas vagas de deficientes físicos, e após breve verificação, vemos que se trata unicamente de deficiência moral. Quantos param para o pedestre atravessar a faixa? Em contrapartida, quantos pedestres atravessam somente nas faixas? Quantos costumam se utilizar dos retrovisores para verificar se há algum veículo na retaguarda? E os motoristas profissionais de caminhões e ônibus, a ultima coisa que obedecem são limites de velocidade. Motoboys arriscam as próprias vidas e de outrem, diariamente.

Não nos esqueçamos dos entes públicos, responsáveis pela manutenção das ruas, das sinalizações e respectiva fiscalização. A grosso modo, estamos anos luz de possuirmos vias adequadas. Cito minha cidade, Dourados, MS, onde há muito asfalto nos buracos! Já até decorei alguns devido ao tempo que permanecem abertos, e pasmem, a maioria se encontram na região central do município. Isso gera prejuízo material e, muitas das vezes, ocasionam acidentes.

São parcas constatações que verificamos todos os dias. Somos imperitos, imprudentes e negligentes. Em considerável parte dos casos não é somente desconhecimento da legislação, ou da falta de habilidade do condutor; mas sim, de uma pandemia nacional, da falta de educação moral, de respeito e de bom senso. É um problema de consciência individual.

http://www.campogrande.news.com.br/canais/debates/view.php?id=4793

http://www.edicaoms.com.br/index.php?pag=noticias_det&id=49824

Nenhum comentário: