domingo, 20 de setembro de 2009

O perigo do radicalismo


Afonso Vieira
Recentemente escrevi um texto refletindo sobre valores, conceitos e definições. Após um período, li que foi publicado em um veículo de nível nacional, onde há a possibilidade dos leitores comentarem as opiniões ali existentes. Alguns comentários feitos e outras posturas que vivenciei no presente, trazem-me a esta reflexão.

Tenho observado muito o comportamento humano, as atitudes, tanto minhas quanto dos demais confrades do cotidiano. Creio que a primeira constatação quando se está diante de um radical, é que ele se torna defensor ferrenho e cego de uma causa, seja qual for – eu mesmo tento me policiar muito por isso.

Quando possuímos dogmas absolutos, preconceitos imutáveis, fé cega ou certeza da verdade, caímos no fanatismo, totalitarismo das idéias e “impositismo”.

No texto que cito no início deste ensaio, fiz algo totalmente desprovido de intenção panfletária política/ideológica – o que não é do meu feitio, diga-se -, eram apenas divagações sobre o meio que nos cerca. Ao ler certas postagens, concluí que há algo muito perverso no quadro atual, alguns enxergam duendes verdes em todos os cantos. Fui chamado, pasmem, de petista – essa patologia nunca me assolou. Algum conservador discordou de mim, o que já provou que o texto tinha sua lógica, pois eu dizia que valores são relativos à ótica individual de cada um.

Estamos diante de uma sociedade que evolui constantemente, com parcos exemplos que vão de encontro com a lógica natural. Há toda uma aura conservadora na sociedade ocidental, mas que gradativamente está mais flexível, caminhando para o consenso. Os fundamentalistas, ainda que sejam minoria, tornam-se muito mais danosos, justamente porque são virulentos e teoricamente suicidas.

Um exemplo que tenho acompanhado muito, é o excesso de teorias conspiratórias sobre o suposto gramcismo do governo atual. Não sei quem é pior, os corruPTos ou os lulofóbicos. Existem cidadãos que resumiram a própria existência em criticar Luis Inácio, parecem que esqueceram o que é uma vida saudável, que há muito mais coisa a se pensar. Políticos devem ser fiscalizados e criticados constantemente, mas o mundo não se restringe a um mandatário. Outro exemplo é a parcela dos norte americanos que enxerga um “comunista” Obama, o que é praticamente impensável em uma mente sã; ainda que eu preferia McCain, Barack jamais será marxista. Será que isso tudo é falta de vida social, de exercício físico, de falta de sexo?

Há muito parei de ler certas revistas e colunistas, talvez porque se tornaram donos de uma tecla única. Até gostava de ler o contraditório ao meu pensamento, mas parece que não conseguem produzir nada de novo. As críticas são as mesmas, os “culpados”, idem; não aprimoram o próprio pensar, é cegueira decorrente do extremismo. Isso deve ser interessante para incautos e “rebeldes sem causa” dos diretórios acadêmicos de nossas universidades, mas se tornou balela intelectual, sem a menor profundidade ou amparo.

A evolução do pensamento, o amadurecimento do intelecto, só se atinge com respeito ao contraditório, com a contestação saudável e constante do que nos é exposto. A busca pelo conhecimento deve ser diária, a cada segundo. Não se evolui possuindo pré-conceitos limitando a própria visão. Como muito bem disse Leonardo da Vinci: aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.

2 comentários:

Marcinha Porto (Mafalda) disse...

Legal quando a gente ler um texto e pensa "será que ele anda lendo meus pensamentos?" tal a sintonia na forma de pensar.

Parabéns!

Somel Serip disse...

Afonso, olá !
Me toquei um pouco e penso que estou sendo um pouco do que escreveu !
Na CNBVN , o Projeto Popular poderá Radicalizar na reforma política e comportamento eleitoral (ideal) que esperamos dos seus elos é o radical Voto SEMPRE Nulo ! Talvez o radicalismo , em certos casos , possa significar estar compromissado com algo importante !
Abraços à todos !
Somel Serip .