segunda-feira, 2 de julho de 2007

Banalizou Geral

É extremamente preocupante a situação em que se encontra o país nos dias atuais, coisas que antes atemorizavam a tudo e a todos, estão caindo na rotina cotidiana do cidadão verde amarelo. Fico estarrecido, leio todos os dias notícias de quadrilhas sendo presas, ataques do PCC, escândalos de corrupção em todas as esferas do poder. Já não bastasse a total destruição dos conceitos de Ética e Moral, antes pregado aos quatro cantos pelo atual governo e agora banalizado ou desvirtuado pelo mesmo, ainda aparecem personalidades de influência a nível nacional dando um empurrãozinho para o precipício, defendendo a corrupção.

Há pouco mais de 15 anos, era comum nas cidades do interior que as pessoas, literalmente dormissem com janelas e portas destrancadas, me recordo que muitas vezes dormia na rede da varanda da casa de meus pais, roubos a residências e assaltos eram praticamente características dos grandes centros. Hoje presenciamos isso em cidades relativamente pequenas, e cada dia em maior quantidade.

A velha máxima do “jeitinho brasileiro” ganha reforço a cada dia que passa. Pessoas honestas, que defendem os bons costumes, que ficam indignadas com os ilícitos na política e que não se conformam com a corrupção pandêmica (isso mesmo, pandêmica, isso de endêmica é “conversa para boi dormir”), são tachadas de “bestas”, hipócritas e outros chavões mais. Segundo a grande massa ignóbil que assola o solo tupiniquim, deveriam se conformar, pois “todo mundo também faz”. A cada dia que passa os valores são diminuídos, os méritos pessoais são pouco ou nada para uma grande maioria que espera se beneficiar por algum favorecimento pessoal.

Certos políticos deveriam ter o mínimo de hombridade, coisa que é rara nessa categoria, e não se candidatar à reeleição. Em alguns estados, membros do judiciário e das forças armadas, antes consideradas como a reserva moral da nação, tombam diante de evidências de participação em transgressões às leis. É comum vermos pessoas ligadas à área de fiscalização e auditorias, vivendo com padrões infinitamente superiores aos seus rendimentos. Em todas as esferas, e em todos os setores do conglomerado público, vemos histórias e fatos sobre enriquecimento ilícito. Declarações de bens e rendas de políticos que apontam crescimento estratosférico do patrimônio. Uma afronta para quem tem o mínimo de inteligência. Será que eles possuem uma fórmula mágica para dobrar, triplicar ou mesmo multiplicar inúmeras vezes o patrimônio em quatro anos? Isso falando no valor declarado, imagine o que não se declara. Quantas pessoas conhecem outras pessoas que trabalham, ou são laranjas de terceiros?

Quantos denunciados pelo Procurador Geral da República estão atrás das grades? Nossas leis são fracas, suas aplicações pífias e as decisões sempre tendem para o lado político. Presos, teoricamente isolados, mandam mais que qualquer autoridade da segurança pública.

Seria hipocrisia acreditar que a corrupção, a bandidagem e outros males da humanidade não existiam antes. Mas, seria muito complacente também, acreditar que era a nível tão elevado. Somando-se anos de impunidade a uma nova corja sedenta pela sua parte, temos a situação atual. O que esperar se nosso maior representante banaliza os crimes todas as vezes que abre a boca para falar alguma de suas gafes? Insinuando que isso é corriqueiro. Pode até ser, mas em momento algum, a pessoa que deveria dar o maior exemplo poderia proferir tamanha afronta ao bom senso. Isso só demonstra seu despreparo para ocupar um cargo que merece uma postura condizente com a sua magnitude.

O que escrevi já está mais do que batido nos meios de comunicação. Escrito por pessoas de bom senso que ainda possuem vergonha na cara. Pessoas que sentem desprezo pela atual situação. Bons tempos quando crime era surrupiar laranjas do pomar do vizinho.

02.09.2006

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