Viva o Brasil rumo ao Hexa. Bonita frase, seria realmente muito bom ver a seleção canarinho retornar com o troféu, mas infelizmente a realidade brasileira é outra. O país passa por uma profunda crise política e financeira, estamos em ano de eleição, o futebol só servirá para desviar o foco das mazelas que assolam a pátria. Movimentos “sociais” invadem e depredam propriedade publica e privada. Bandidos matam policiais e impõe o terror na maior cidade do Brasil. O agronegócio chafurda em uma crise, que tende a refletir nos anos vindouros. Os candidatos ao cargo de mandatário da nação beiram ao ridículo, seja por incompetência, corrupção ou mesmo por serem defensores das idéias mais estapafúrdias que um ser humano possa pensar.
Ver o povo se lembrar das cores da bandeira somente de quatro em quatro anos, é deprimente, para não dizer, ridículo. Em um país que grande parte da população mal sabe cantar o hino nacional, gostar de futebol é praticamente regra, não há nada de errado em apreciar o futebol, desde que seja como entretenimento. Vimos outro dia a aberração cometida pelos fanáticos de uma torcida organizada, que não fossem os poucos policiais ali presentes, poderiam ter cometido uma barbárie em nome da maior paixão nacional. E proliferam-se as coisas mais absurdas, tem até site na Internet onde se veicula a campanha “dia de jogo do Brasil é feriado”. Esperar o que de um país, onde certos órgãos públicos não irão trabalhar nos horários dos jogos da seleção? Se fosse uma empresa privada e seu proprietário assim decidisse, não haveria problema algum, o prejuízo, se existir é somente dele, o problema é que, quem paga os salários do funcionalismo publico somos nós contribuintes. Existem estudos que dizem que quando um país ganha o campeonato mundial de futebol, aumenta a auto estima da população, em se tratando do Brasil isso é preocupante, brasileiro já tem fama de possuir memória curta, vamos a um exemplo, alguém lembrou que nesta semana fez aniversário a primeira denuncia do mensalão? Creio que não, estavam todos preocupados com os craques da seleção que a mídia insistentemente massifica em todos os noticiários, creio que foi muito maior a preocupação com as bolhas nos pés do Ronaldo do que a invasão do congresso nacional por um dito “movimento social”, liderado por um alto dirigente do Partido dos “Trabalhadores”.
Até mesmo as campanhas publicitárias parecem burras, não se vê outra coisa senão o verde amarelo, tornam-se repetitivas, sempre as mesmas camisetas, os mesmos slogans, com a única diferença na quantidade de títulos postulados.
Desafortunado um país que, ao comemorar conquistas, que deveriam glorificar seus ídolos, na realidade dá mais um passo rumo a ignorância, seja ela política ou social. Onde assistir um jogo é mais importante que trabalhar ou mesmo, estudar formas para melhorar a atual situação socioeconômica. Dizem que cada povo tem o governo que merece, pois bem temos um governo que confunde política com futebol, que se utiliza de metáforas futebolísticas para justificar o injustificável, pois é, provavelmente o merecemos.
09.06.2006
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