segunda-feira, 2 de julho de 2007

A quem possa interessar

Escrevo estas parcas linhas a quem possa interessar a opinião de um cidadão comum, sim, digo a quem possa interessar porque não sei se a minha a opinião ou a de qualquer outro cidadão, seja de interesse dos destinatários originais desta mensagem, os Senadores do Conselho de Ética do Senado.

A quem possa interessar, eu venho dizer que sinto profundamente pelo que um dia deveria ser uma casa, onde valores éticos e morais fossem a bandeira maior a ser defendida, uma casa que ao contrário, esbalda um descaramento, um cinismo doentio, a patologia do escárnio com a cara do eleitor.

A quem possa interessar, venho dizer que não acredito na inocência de nenhum político, a ponto de afirmar que a maioria tem algum tipo de envolvimento em atos ilícitos, fato este que é sabido por todos que têm conhecimento dos bastidores do poder, sendo a total explicitação da verdade. Engana-se quem acredita em corrupção endêmica, já ultrapassou os níveis da pandemia há muito tempo. De nada adianta defesas acaloradas, permeadas de impudência, que visam enganar os ignorantes e analfabetos funcionais, quem tem bom senso e vergonha na cara já perdeu a credibilidade na instituição republicana chamada Poder Legislativo.

A quem possa interessar, manifesto meu desprezo aos Senadores que ignoram princípios básicos de conduta ilibada para defender o indefensável, meu desprezo ainda é maior com aqueles que quando eram oposição, vociferavam aos quatro cantos suas diatribes contra tudo e contra todos, incluindo boa parcela dos atuais aliados.

A quem possa interessar, sinto a mais profunda vergonha de ser obrigado a votar, sob pena de sofrer algumas sanções. A vergonha é ainda maior quando verifico que entre os candidatos existentes, não tem nenhum em quem possa creditar retidão moral, sendo obrigado a escolher o “menos pior” da escória que permeia as casas legislativas de todo o país.

A quem possa interessar, digo ainda que não acredito em punições, que só nos resta lamentar. Temos praticamente todas as instituições podres e que a tendência é piorar, que os atores que fingem arrependimento ou mesmo tentam passar uma imagem de homens probos, por trás riem se esbaldando em nosso dinheiro e nossos sonhos, que o aparelhamento e nível de envolvimento com o ilícito é tamanho, que sempre haverá alguém devendo um favor a outrem, e que acreditar em justiça é tão deprimente como acreditar que um político influente não sabia de nada.

Deprimo-me em pensar que honestidade é a exceção entre as exceções no meio político.

Lamento muito em saber, que em toda minha breve vida, jamais tive tão pouca consideração pelo país que amo, que por causa de uma classe corrupta, nossos ideais se perdem, que nossos sonhos se tornam pesadelos e que, infelizmente, só nos resta “relaxar e gozar”.

* E-mail enviado a todos os Senadores do Conselho de Ética.

* Publicado em O Jornal, Edição 76, pág. 02, de 21 de junho de 2007.

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Subject: A quem possa interessar
Date: Wed, 20 Jun 2007 08:23:16 +0300

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Um comentário:

Anônimo disse...

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