segunda-feira, 2 de julho de 2007

Iniciando o ano

Estamos iniciando o ano, literalmente é o que ocorre, o jargão popular de que o Brasil só funciona e inicia suas atividades após o Carnaval, nada mais é que a triste constatação da realidade.

Outro dia, em mais uma declaração infeliz, se é que ele já proferiu alguma com um fundo de probidade, nosso presidente disse: “Estou com a cabeça no Carnaval, e não no ministério”. Sua reforma ministerial patina, há quatro anos ele a iniciou, e até agora só mexeu efetivamente em seus claros quando seus assessores foram flagrados em algum tipo de esquema de corrupção, e mesmo assim, as substituições foram realizadas “honrosamente” com um “pedido de afastamento do cargo”.

Como iremos crescer 5% ao ano se preferimos parar por 5 dias para comemorar algo que nem motivo de orgulho deveria ser? Em que pese a diversão, o dinheiro que alguns Estados e Municípios arrecadam, o Carnaval não é feriado. O “jeitinho” brasileiro assim o convencionou. Nada contra quem goste da festa, diversão é bom e devemos aproveitar as oportunidades. Mas fica a questão, o que nossos representantes estavam comemorando no Carnaval? A falência das instituições? O crescimento pífio? A pior legislatura da História? A reeleição de corruptos? A morte trágica de inocentes?

O brasileiro tem mania de não aceitar críticas, em seus bairrismos imbecis, não gostam que sejam apontadas suas falhas, se grande parte das pessoas que te conheceram, tiveram uma certa impressão, isso é no mínimo “meia verdade”. Temos vários exemplos de pessoas acomodadas, de “povos” preguiçosos, quando alguém aponta o defeito, rapidamente é censurado e criticado. Somos um gigante adormecido que em 500 anos de História ainda não despertou.

Estamos em um país órfão de pensadores, de pessoas que realmente olhem para nossos defeitos, e tentem corrigi-los. Somos acomodados por natureza, nossa cultura assim nos fez, nosso congresso representa exatamente o que somos, um bando de patetas onde os que possuem qualidades são a exceção à regra.

O que dizer de um país, que quando dizemos a verdade, somos criticados por a proferir? Quando a imprensa aponta os erros dos políticos, é taxada de diversos termos pejorativos. Quando um jornalista diz besteira, não possui a hombridade de se desculpar e assumir sua incapacidade de emitir opinião sobre o que desconhece. No Brasil e na América Latina ainda se utilizam termos como Direita e Esquerda para designar o errado e o certo, respectivamente, só em uma cultura ausente de inteligência é que esses modismos tornam-se verdades absolutas e nossos compatriotas já se definem, sem ao menos entender o real significado. Ouvi na CBN um comentário totalmente infeliz da jornalista Miriam Leitão, onde quis justificar os atos grotescos do novo ídolo “socialista”, o canastrão Hugo Chávez, como atitudes direitistas, pois é, deve ser para não sujar seu passado de militante comunista. Independente de Direita ou Esquerda, seja lá o que isso signifique hoje em dia, um ato errado é um ato a ser combatido, sem paranóias ideológicas.

A ineficácia de nossas instituições fica mais evidente a cada dia que passa, é preciso que um crime bárbaro seja cometido para saltar aos olhos da nação. Diariamente atrocidades são cometidas, nem sempre com assassinatos diretos, mas com o sepultamento dos valores morais. Os que deveriam ser os maiores defensores da moralidade, têm a cara-de-pau de legislar em causa própria para manter seus supersalários, o que é uma afronta para quem paga impostos e depende da prestação de seus serviços, que deixam muito a desejar. Nossa já combalida polícia sofre com péssimos salários e falta de equipamentos, e, no menor deslize, tornam-se os maiores culpados por coisas que muitas vezes lhes fogem ao controle. A incompetência de certos órgãos públicos é gritante, tenho dó de quem necessita os serviços do INSS, a forma como são tratados nossos aposentados é totalmente vergonhosa.

Uma coisa é certa, com os potenciais representantes que possuímos, não vejo grande esperança de melhora para o atual quadro, o máximo que podemos fazer é lutar primeiramente por nós, não esperem (nem devem) grande coisa do Estado. Que bom seria se o ano brasileiro iniciasse em primeiro de janeiro, garanto que já seria um grande passo para melhorar a atual situação, o exemplo deveria partir de nossos líderes, como não é o caso, ao menos devemos fazer a nossa parte. Triste, mas real, mãos à obra.

21.02.2007

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