quarta-feira, 25 de julho de 2007

Questão de opinião?

Afonso Vieira

Em recente artigo intitulado “Até quando?”, citei claramente a incompetência governamental em gerir diversos problemas que assolam o país, disse ainda: “Lula e sua equipe vivem de brindar números estatísticos com as melhoras alcançadas, mas se esquecem dos fatores que proporcionaram galgar esses degraus”. Para bom entendedor, sem amarras ideológicas e partidárias, meia palavra basta.

Vangloriar-se de números é fácil, difícil é mostrar as medidas deste governo que foram adotadas para que chegasse a eles. Como disse, o apagão gerencial é tão gritante, que o presidente do Banco Central deste governo é um político do partido de oposição PSDB – falta de gente qualificada para o cargo? Não sei - o fato é que ele continua lá, firme e forte dentro de sua ortodoxia de cumprimento de metas exatamente como seu antecessor. Quais foram as medidas estruturais aprovadas e implementadas por este governo e que resultaram em algum fruto?

O tão alardeado PAC, que pretende investir R$ 15 bilhões neste ano em obras de infra-estrutura, até 30 de abril tinha liberado apenas R$ 1 bilhão e isso utilizando metade de despesas que foram inscritas em restos a pagar.

Lembro que políticas de longo prazo demoram anos para surtirem efeitos, não se cria estabilidade econômica em 4 anos. Qual foi a reforma realizada na já combalida de deficitária previdência, na ultrapassada legislação trabalhista? Lembro que só o fato de existir a Lei de Responsabilidade Fiscal (ressalte-se que o PT votou e fez campanha contra), já temos uma melhoria na gestão administrativa, que influencia diretamente nos números galgados.

Quando se fala em privatizações – esse “monstro” – temos uma melhora em praticamente todos os setores, a lauda não me permite que poste muitos números, mas para breve exemplo cito a telefonia: Telefones fixos e celulares em uso - 1997 = 23 milhões - 2006 = 137 milhões; Preço da linha telefônica fixa (em U$) - 1997 = 4000 - 2006 = Zero; Empregos -1997 = 91000 - 2006 = 316500.

No desenrolar da atual crise aérea, temos o seguinte quadro: o número de passageiros cresceu 40% em relação a 2003 - mesmo após inúmeros alertas das autoridades sobre o risco iminente - o governo reduziu pela metade o investimento; em 2002 foram investidos R$ 823 milhões no sistema de segurança aérea, tendo caído para a média de R$ 458 milhões nos últimos anos.

Em relatório divulgado no início deste ano pela ONU, o Brasil está em penúltimo no ranking do crescimento entre os emergentes, para efeito de comparação temos a previsão de crescimento de nossos vizinhos: Argentina deve apresentar o melhor desempenho, com 6,1% de crescimento, ante 6% da Venezuela. Lembro ainda que a economia mundial vive um dos momentos de maior prosperidade da história, que gera automaticamente elevados investimentos nos países emergentes – entre eles o Brasil. Tem quem goste de basear por baixo, que se contente com esmolas ou se omite ante aos fatos, eu não.

Continuo dizendo, temos uma economia sólida, que cresce a passos de tartaruga e nada é feito com eficiência. Os setores da economia prosperam devido a excelentes administradores, com poucas ou nenhuma medida de incentivo adotada pelo governo. Lembro ainda que temos o terceiro maior custo investimento do mundo e uma das maiores cargas tributária. Utilizar-se de estatísticas, sem conhecer os processos para que se cheguem até os números, é populismo barato, é alardear frutos que não plantou. Gastou-se milhões em campanha publicitária sobre a auto-suficiência do petróleo, depois descobrimos que era mentira. Pois é, vivemos na terra da demagogia, de pouca ação e muita propaganda.

É o espetáculo do crescimento, pena que é de vítimas de acidentes aéreos.

*"Uma mentira muitas vezes repetidas, torna-se verdade" - Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler.

**Publicado em O JORNAL, 27 de julho de 2007.

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