Afonso Vieira
Quantos partidos políticos existem no Brasil? Quantos destes possuem um programa realmente aplicável e que mereça respeito? Quantos partidos não possuem entre seus quadros, membros envolvidos com denúncias de corrupção?
Vale a pena manter uma entidade que nada produz de concreto? Será que já não passou da época e já não evoluímos o suficiente para caminharmos com nossas próprias pernas, sem as amarras de um partido?
O que dizer das contribuições? Mesmo que não existam em estatuto, elas serão cobradas como cargos ou favores. Projetos irrelevantes ou mesmo coisas esdrúxulas são impostas por ser filiado a uma organização partidária que pouco ou nada traz de benefício, seja para a sociedade ou para si próprio. O cidadão comum sabe as conseqüências do voto em lista?
A obrigatoriedade de engolir pessoas que nada agregam, ou a vergonha de ver algo que defendeu jogado na vala comum, enlameado pelas mais espúrias atitudes. Vale a pena um cidadão de bem se manter filiado a uma agremiação? Respondendo, da forma que está, não vale a pena.
A maior parte dos setores da sociedade não perfilam com os partidos existentes, procuram somente para facilitar trâmites burocráticos do sistema vigente, o que por si só já é uma incoerência.
Partidos tendem ao fisiologismo de forma doentia e perniciosa. É um campo farto para a corrupção, um verdadeiro culto ao ilícito. É uma generalização, pode até ser injusta com as raras exceções, mas não deixa de ser o espelho da atual situação. Nada que um partido possa oferecer paga o fardo da imoralidade, da antiética.
Ser apartidário não é o mesmo que ser apolítico, nada impede de ter ideais e de defendê-los, mas é no descolamento das amarras doutrinárias que florescem grandes pensamentos, onde aumenta o senso crítico e a visão realista; é exatamente onde se pode cobrar de todos o compromisso com o dever. O sem-partido é livre para criticar qualquer corrupto, é livre para cobrar soluções dos mais variados temas – é este ser que não precisa ser traído para mostrar a falta de caráter incutida na política. É este ser que pode defender a liberdade econômica e a inclusão social ao mesmo tempo, isento de apreciação desfavorável de qualquer radical ideológico. Os partidos podem até pregar que seus integrantes também possam, mas não é o reflexo da prática.
A história recente é lotada de exemplos de polarizações ideológicas e partidárias, divisões estas que causaram malefícios em todo planeta, com radicalização de ambos os lados. Muitas vezes faltou a coerência nos debates, faltou a “visão” que poderia ser o ponto de equilíbrio da situação – pode ter certeza que filiações partidárias e doutrinações ideológicas, são fatores que contribuíram fortemente para a ausência de conformidade.
Ser apartidário é mais um atributo da liberdade, é poder dizer aos quatro cantos do mundo: “eu não concordo e não contribuo para a situação degradante e com a falência moral de meu país”. Têm coisas que não têm preço.
*O Jornal, 02 de julho de 2007.
http://www.portalgrito.com.br/arquivol/arquivol.php?id=45
2 comentários:
Fala, Cachorrão! É o Onildo. Lembra?
Pois é, tô na área! Se derrubar é pênalti.
O teu texto tá ótimo. O indivíduo apartidário consegue ser mais objetivo e cobrar de todos. Ele não precisa se concentrar no seu partido. Se concentra apenas no seu ideal!
É bom te ver na blogosfera!
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